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Montezuma Cruz

Castillo e Bolsonaro conversam em Porto Velho sobre problemas fronteiriços no Acre


Castillo em Cabalococha - Gente de Opinião
Castillo em Cabalococha

O que vem fazer aqui o presidente da República do Peru, Pedro Castillo? No encontro dos dois presidentes em Porto Velho, quinta-feira (3) próxima, a agenda do dirigente vizinho trará, essencialmente, problemas fronteiriços no vizinho Estado do Acre.

Embora essa agenda ainda não tenha sido informada, é possível que Castillo e o presidente Jair Bolsonaro conversem a respeito da polêmica rodovia que passaria pela Serra do Divisor, onde existe uma das maiores biodiversidades do mundo.

El Comercio, de Lima, noticiou hoje (1º de fevereiro) que no domingo (30 de janeiro), ao visitar Caballococha no fim de semana, em meio à renúncia do ministro do Interior, Avelino Guillén, Castillo queixou-se de críticas recebidas pela entrevista à rede norte-americana de TV CNN, quando afirmou que está disposto a “consultar o povo” se o Peru conceder à Bolívia acesso ao mar. “É um grito da Bolívia [...] Agora vamos acordar, vamos consultar o povo, para isso precisamos que o povo se manifeste”, disse.

Governador Gladson Camelli - Foto Diego Gurgel Secom-AC - Gente de Opinião
Governador Gladson Camelli - Foto Diego Gurgel Secom-AC

Castillo confirmou que abordará a questão das “deficiências de Caballococha” na reunião com Bolsonaro, no Palácio Rio Madeira, com a presença do governador de Rondônia, Marcos Rocha. Não se confirmou, ainda, se o governador do Acre, Gladson Camelli, participará ou enviará representante.

Em janeiro do ano passado, Camelli elogiou o acordo entre os presidentes Bolsonaro e Castillo, do Peru, beneficiando a a exportação da carne bovina brasileira para o país vizinho.

 

ONDE FICA

Caballococha é a capital da província de Mariscal Ramón Castilla na região de Loreto (nordeste do Peru), fica na margem direita do Rio Amazonas, próxima a Santa Rosa (Acre), e tem pouco mais de 25 mil habitantes.

Castillo disse na visita a essa cidade: “Há demandas comuns na maior fronteira que nosso país tem e eu vou sentar e conversar, mas para deixar claro, vou sentar e conversar para servir a população e não ser mal interpretado. Alguns dizem, quando nos sentamos para conversar: “ele vai contra a soberania, vai dar o território peruano”. Resta dizer que vou dar o território também para o Brasil”, lamentou no discurso.

 

GABINETE BINACIONAL

 

Castillo chega a Porto Velho com a proposta de gabinete binacional com a participação de líderes e prefeitos das províncias fronteiriças do país. Nesse caso, Santa Rosa depende da autorização dos governos brasileiro e acreano, para participar ativamente desse debate.

Em entrevista à Epicentro TV, de Lima, o ex-ministro do Interior, Avelino Guillén disse ter tido “falta de apoio do presidente à sua gestão em meio a suas discrepâncias com o comandante geral do Partido Nacional Peruano, general Javier Gallardo”.

Serra do Divisor - O Eco - Gente de Opinião
Serra do Divisor - O Eco

DIVISOR, NÓ GÓRDIO


Considerado uma das maiores reservas da biodiversidade mundial, o Parque Nacional da Serra do Divisor fica no Acre, na fronteira brasileira com o Peru.

Pouco tempo atrás, Bolsonaro desengavetou a pedido da bancada federal acreana, uma proposta polêmica no sentido de prolongar a BR-364 a partir de Cruzeiro do Sul  até o limite peruano, o que cortaria esse território ao meio.

Os repórteres Fabiano Maisonnave e Lalo de Almeida, da Folha de S. Paulo, estiveram na região, onde ouviram preocupações de ambientalistas, indígenas e ribeirinhos com o projeto. A mim, o professor de cinema e cineasta peruano Fernando Valdívia, explicava em 2014, que o projeto enfrentaria dura resistência, pelo menos entre os peruanos.

Segundo ele constatava, e a Folha, sete anos depois, temia-se (e teme-se) que o asfaltamento até a região da serra intensifique o desmatamento e invasão de terras indígenas e outras áreas protegidas. Valdívia filmou a região do Parque Nacional.

A retomada do projeto foi liderada pelo senador Márcio Bittar e pela deputada federal Mara Rocha. O maior agravante nisso tudo é que Parque Nacional seria rebaixado para o status de Área de Proteção Ambiental, o nível mais baixo de proteção dentro do sistema nacional de conservação.

Também Alexa Vélez, Vanessa Romo e Ítalo García, da Mongabay, lembram que a região (petrolífera) de Ucayali teve mais um agravante: a nova conexão rodoviária serviria para facilitar o tráfico de drogas na região da fronteira, aumentando o risco de violência armada e de conflitos com indígenas e comunidades.

Mongabay é um site que publica notícias sobre ciência ambiental, energia e design verde, e apresenta informações abrangentes sobre florestas tropicais, incluindo fotos e estatísticas de desmatamento para países do mundo

Da mesma forma que os acreanos, o governo peruano também retomou interesse na proposta, estudando tirar do papel a conexão entre Cruzeiro do Sul (AC) e Pucallpa, Capital do Departamento de Ucayali.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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