Quarta-feira, 23 de outubro de 2013 - 16h37
Fechamento de rodovia no Amazonas: força indígena em defesa de direitos postergados/A Crítica
MONTEZUMA CRUZ
De Brasília
Com discurso afinado, dispostos a exigir rigorosamente compensações por danos ambientais e o direito de serem consultados em projetos hidrelétricos, minerais, rodoviários, de saúde e de educação, líderes indígenas dos estados do Amazonas, Acre Rondônia, prometeram hoje (23/10) “as maiores manifestações do País” antes da Copa do Mundo de 2014. Isso significa, conforme o líder Aurélio Piarin, a interdição de todas as rodovias estaduais.
Ao fecharem pacificamente nesta quarta-feira a Rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho) em Humaitá, a duzentos quilômetros da Capital rondoniense e a 675 km de Manaus, no dia em que o Supremo Tribunal Federal decide as 19 condicionantes da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, eles desafiaram o governo federal e os poderes legislativo e judiciário a reconhecê-los como agentes da sua própria história: “Cuidamos de graça das águas, da floresta, das riquezas minerais e de outros bens naturais, temos vontade de contribuir da melhor forma possível com o País, porém, sentimos falta de respaldo para a produção agrícola e até mesmo no garimpo”, dizem.
Vivendo sobre jazidas de minérios, alguns estratégicos, indígenas amazonenses e rondonienses queixam-se da ausência de política para o setor. O estatuto proposto em 1992, já obteve apoio em consultas feitas em dez capitais, entre as quais, Rio Branco (AC), onde recebeu substitutivos. Eles passam a considerar “retrocesso” qualquer legislação que surja sem constar no estatuto.
Documento aprovado no encerramento do Encontro de Lideranças do Movimento Morogita/Kagwashiva, que durou três dias será enviado ao Congresso Nacional, Presidência da República e Supremo Tribunal Federal. Representantes do governo estadual amazonense, da Universidade Federal do Amazonas, organizações não governamentais, vereadores, Prefeitura de Humaitá e 54º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército Brasileiro ouviram o repúdio contra a (suspensa) portaria nº 303 da Advocacia Geral da União, a qual lhes nega o direito de ter as terras demarcadas pela União.
Ao mesmo tempo, os indígenas condenaram as PECs 038 e 215, que retiram do poder executivo as demarcações de terras indígenas, e o PLP 227, do ex-deputado Homero Pereira (PSD-MT), que, ao considerar “bens de relevante interesse público da União”, incluiu terras ocupadas por indígenas desde cinco de outubro de 1988.
À moda antiga
“Os problemas não mais se limitam a demarcações de terras, mas à ação de alguns madeireiros que invadem unidades de conservação e, ao mesmo tempo, terras indígenas”, assinalou o deputado federal Padre Ton (PT-RO), que acompanhou o primeiro dia do encontro. “No Distrito 150, entre Humaitá e Apuí, há necessidade de financiamento agrícola e acredito que até mesmo na área mineral, o que implica atenção tão urgente quanto aquela exigida pela Terra Cinta-larga, na região do Roosevelt, em Rondônia”, explicou.
Fazendo uma retrospectiva histórica, desde a Independência Nacional, o deputado lembrou que todas as constituições foram escritas sem a participação dos povos indígenas, algo corrigido em 1988, quando a política integracionista deu lugar ao reconhecimento indígena como povo originário.
“Eu falei no encontro, lamentando o uso de ações conservadoras no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pelo Poder Executivo, algo bem semelhante ao estilo autoritário do regime militar. O legado de destruição das hidrelétricas de Balbina (AM) e de Samuel (RO) são exemplo disso”, disse Padre Ton. “O Brasil é signatário da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, porém, deve mudar a maneira de tratar a construção de empreendimentos em terras indígenas, paras as quais é imprescindível a consulta a respeito dos impactos causados”, acrescentou.
A mobilização unindo representantes indígenas de três estados amazônicos demonstrou o que eles poderão fazer antes da Copa do Mundo, algo que não lhes sai da cabeça, “caso persistirem os reveses até então sofridos”. Ela obteve, por exemplo, o apoio do deputado estadual Sidney Melo (ex-DEM), ex-prefeito de Maués (Baixo Amazonas), ex-presidente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas, representante do Baixo Amazonas membro da comissão de educação e de assuntos indígenas.
.
De Periquitos ao Cine Embaúba, Nilsinho exibiu Bruce Lee e Zé do Caixão para alegria dos garimpeiros
Em Periquitos, o primeiro garimpo onde trabalhou, Nilsinho viu muito ouro em movimento. Falo de Eunilson Ribeiro, um dos personagens do meu livro "Ter
Do resgate de línguas indígenas, tupi faz aniversário de 20 anos em Rondônia
Faz 20 anos que o linguista Nilson Gabas Júnior, do Museu Paraense Emílio Goeldi, iniciava em Rondônia seu projeto de resgate da língua tupi. Ele visi
Tem morcego no curral? Chame o Governo
Quero hoje falar de morcegos. O governo estadual tem profissionais competentes que tratam do assunto. Em minha fase de repórter na comunicação social,
Fest CineAmazônia faz falta em tempos de violência e do fim dos pajés na região amazônica ocidental
Como faz falta o Fest CineAmazônia! No atual período de envenenamento agropecuário e ataques latifundiários madeireiros a acampamentos camponeses na r