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Montezuma Cruz

Baixo Tocantins está próximo do bioetanol de mandioca


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O pesquisador Castelo Branco Carvalho e a engenheira química Sìlvia Belém acompanham a fabricação de etanol de mandioca numa usina social inteligente /M.CRUZ

 

MONTEZUMA CRUZ
Amazônias

BRASÍLIA – Enfim, o Baixo Tocantins encontrou um padrinho político para levar o governo a instalar na região uma microdestilaria de etanol de mandioca. O deputado Zequinha Marinho (PSC-PA) enxergou a possibilidade de transformação econômica de pequenos agricultores da roça sem fogo e prometeu incluir o investimento numa emenda ao Orçamento Geral da União.

A notícia foi transmitida a este site pelo técnico Flávio Yassushi Ikeda, da Empresa de Assistência e Extensão Rural (Emater) do Estado do Pará em Abaetetuba. Ikeda encaminhou a Marinho o projeto para aquisição da já conhecida usina social inteligente (USI), fabricada no Rio Grande do Sul.

— Acredito que será o começo da mudança no processo de fabricação de farinha de mandioca em nosso Estado, passando de uma atividade degradadora do meio ambiente para outra, totalmente agroecológica — ele disse ao deputado.

Satisfeito, por encontrar um político paraense comprometido com a agricultura familiar e a produção sustentável, Ikeda somou seus esforços aos de outros técnicos da Emater e aos pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, visando “ao menos atenuar os efeitos indesejáveis e supostamente inevitáveis, de agressão ambiental causada por atividades tradicionais da agricultura familiar”.

No ano passado, Ikeda e este repórter viram a USI funcionar a todo vapor na Embrapa Cerrados, em Planaltina (DF). Lá, eles acompanharam 72 horas de testes das dornas dessa microdestilaria, numa experiência comandada pelo pesquisador de mandioca Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho.


Teste com êxito

Sem a necessidade da hidrólise, a massa de mandioca — 250 quilos de variedades colhidas no campo experimental da Embrapa Cerrados — fermentou por um período de aproximadamente dez horas, entrou em destilação e ficou “no ponto”. 

O álcool saiu a 96 GL (sigla de Gay Jussac e Cartier, criadores do densímetro para álcool). Uma das variedades testadas foi a mandioca açucarada do Pará, a mandiocaba.

Carvalho lembrou que o álcool é feito de glicose e não de sacarose e, no uso da mandiocaba, o açúcar já é glicose. Na mandioca não existe nenhum composto que iniba o processo biológico de fermentação alcoólica.

— Dependendo da região, a obtenção do álcool a partir dela poderá ser mais barata inclusive do que pela cana-de-açúcar — ele estimou em 2009.
 

Conceito aprovado

O Pro-Álcool (Etanol no Brasil) introduziu o conceito das microdestilarias para ajudar a reduzir a disparidade de renda no País, beneficiando diretamente o pequeno produtor rural. 

O modelo ideal de desenvolvimento das microdestilarias de etanol é o que envolve pequenas cooperativas ou conjuntos de pequenos produtores. Cada microdestilaria de 600 litros por dia, por exemplo, poderia agregar aproximadamente 15 famílias. 

Carvalho lembra que o processo de produção de etanol a partir dos carboidratos da mandioca foi iniciado na década de 1970, com o programa Pró-Álcool em sua primeira versão.

— Os experimentos foram gradativamente abandonados diante do sucesso do álcool de cana-de-açúcar. Há muito espaço para ser conquistado em termos de produtividade agronômica — assinalou.

Conheça o site da USI Biorrefinarias


 
NÚMEROS DO RENDIMENTO 

5 a 7 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela cana-de-açúcar.
4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela batata-doce.
4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela mandioca.
3,5 a 4,5 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido por sorgo sacarino.  

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