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Montezuma Cruz

Amazônia ocidental salva cinco milhões de quelônios


 

Projeto Quelônios da Amazônia já salvou mais de cinco milhões de filhotes de tartarugas e tracajás. Técnicos e voluntários percorrem 15 praias ao longo do rio Guaporé, em Rondônia 

MAYARA ALTEBARMAQUIAN (*)
e MONTEZUMA CRUZ 
Agência Amazônia 


PORTO VELHO, RO – Rondônia vem conseguindo impedir a extinção de tartarugas e tracajás nesta parte da Amazônia Ocidental. Encabeçado pelo governo estadual, o Projeto Quelônios da Amazônia (PQA) obteve o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) para salvar exemplares de quelônios (ordem de répteis que abrange tartarugas, tracajás, cágados ou jabutis aquático e terrestre). 

Estima-se em cinco milhões de tartarugas e tracajás o número de quelônios preservados há 33 anos. O primeiro esforço para salvar essas espécies foi feito em 1976, quando o ex-secretário de Agricultura do extinto território federal, Edgar Cordeiro, instalou pequenos tanques de cimento no município de Costa Marques, no Vale do Guaporé, para criar as espécies Podocnemis expansa e Podocnemis unifilis. 

Na época, o cientista Camilo Viana, da Sociedade Paraense de Preservação dos Recursos Naturais e Culturais da Amazônia (Sopren), visitou Rondônia e incentivou o trabalho da secretaria, que também contou com o apoio do extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). 

Amazônia ocidental salva cinco milhões de quelônios  - Gente de Opinião

Crianças soltam exemplares de tracajás e tartarugas numa praia do ´Pará /URUATAPERA



Apoio de técnicos e ribeirinhos 

O PQA tem uma enorme superfície a cobrir em Rondônia. Com população de 1,4 milhões de habitantes, é o estado que mais cresce no Brasil, além de ser o terceiro mais populoso e de maior densidade demográfica entre os estados da Região Norte. Possui 52 municípios entre os quais se destacam Ji-Paraná, Ariquemes, Cacoal, Vilhena e a capital Porto Velho. Da área total de 237 mil km², 85% tem potencial produtivo, segundo a Embrapa. 

O programa conta com o apoio de comunidades ribeirinhas, de técnicos do Ibama, do governo e de associações de proteção ambiental. "As tartarugas e tracajás são os principais alvos de captura e predação. Por isso, o programa se preocupa em proteger, recuperar e manter essas espécies em equilíbrio", destaca o executor operacional do projeto, Jácomo Antonio Mediote. 

Nas praias 

Amazônia ocidental salva cinco milhões de quelônios  - Gente de Opinião

Técnico do Projeto Quelônio da Amazônia trabalha numa das praias do Vale do Guaporé /AMAZÔNIA À VISTA

Trinta pessoas, integrantes do PQA e voluntários, percorreram 15 praias ao longo do Rio Guaporé, nos municípios de Costa Marques, Alta Floresta do Oeste e Pimenteiras, identificando e marcando os locais onde acontece a desova. De acordo com Mediote, os trabalhos de preservação das espécies acontecem desde a reprodução até o nascimento, período que ocorre entre a primeira quinzena de agosto e a primeira quinzena de dezembro. 

Para a médica veterinária da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária de Rondônia, Maria de Fátima Soares, o projeto conseguiu aumentar de forma considerável a população de quelônios na região, além de repovoar áreas onde as tartarugas já não existiam. "Por isso, a importância de cumprir todas as etapas que visam preservar as tartarugas e tracajás da Amazônia", lembra 


Campanha para o bicho não virar comida
 

BRASÍLIA – Há seis anos, o Fundo de Conservação das Tartarugas e a União Conservacionista Mundial lançaram uma campanha com recursos de US$ 5 milhões para evitar a matança de quelônios. Uma das principais ameaças na época era o consumo da carne de tartaruga como comida. De acordo com o Fundo de Conservação das Tartarugas, 200 das 300 tartarugas de água doce correm risco de extinção e precisam de proteção. 

Não é muito diferente hoje. Segundo ambientalistas de diversos órgãos, dois terços da população de tartarugas e cágados do mundo estão ameaçadas pelo crescimento das aglomerações humanas, de acordo com ambientalistas.

A principal ameaça às tartarugas é seu uso como alimento ou fonte de ingredientes para medicina tradicional no extremo oriente. Cientistas calculam que alguns tipos de tartarugas podem ser extintos num período de 20 anos. 

A campanha obteve o apoio de uma série de entidades conservacionistas. A lista de espécies-alvo excluiu naquela ocasião oito tipos de tartarugas marinhas. No entanto, incluiu algumas de água doce, entre as quais a roti, da Indonésia, a tartaruga-estrela birmanesa e tartaruga-mapa do Mississipi. 

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O Rio Guaporé possui muitas praias e é considerado um dos mais bonitos da Amazônia Ocidental /MONTEZUMA CRUZ



(*) Mayara Altebarquian, da Barcelona Soluções Corporativas. 
 


 Fonte: Montezuma Cruz - A Agência Amazônia  é parceira do Gentedeopinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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