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Montezuma Cruz

Acre comemora marca de três bois por hectare/ano


 
Estado exportará carne pela Rodovia do Pacífico e quer oferecer aos produtores uma usina de nitrogênio. Produto vem sendo adquirido em Rondônia, a R$ 13 o litro. 

MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia


RIO BRANCO, AC – Com tecnologias da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre as quais o pastejo rotacionado, pecuaristas em atividade no Estado do Acre estão obtendo até três bois por hectare/ano. Esse resultado, considerado bom pelo secretário estadual de Agropecuária, Mauro Jorge Ribeiro, aumenta as possibilidades de exportação de carne para os mercados europeu, norte-americano e asiático, tão logo for aberta a Rodovia Interoceânica (ou Rodovia do Pacífico), que ligará a fronteira de Assis Brasil-Iñapari (Peru) aos portos de Ilo e Matarani, no vizinho país. 

Animado com o desempenho do setor, Ribeiro encaminhou esta semana ao Ministério da Ciência e Tecnologia um projeto que pleiteia recursos de R$ 600 mil para a instalação de uma usina de produção de nitrogênio líquido. Ela atenderá a demanda dos pequenos produtores de leite do Estado, que vêm utilizando a inseminação artificial e outras biotecnologias da reprodução. 

A pecuária foi introduzida no Acre no início dos anos 1970. O secretário lembrou que, em 2001, a pecuária ocupava 80% das áreas desmatadas no Acre, com cerca de 1,5 milhão de hectares de pastagens. Na ocasião registrava-se uma lotação média de 1, 38 cabeças por hectare. 

Tecnologias desenvolvidas pela Embrapa, por outras instituições públicas de pesquisa e pelo setor privado vêm possibilitando que pequenos médios e grandes produtores adotarem sistemas mais intensivos, com maior rentabilidade e sustentabilidade. “Nessas propriedades, existem pastagens de gramíneas consorciadas com leguminosas com mais de 20 anos. Utilizadas em sistema de pastejo rotacionado, essas pastagens têm mantido até três animais por hectare durante o ano, com os bois resultantes de cruzamentos industriais”, informa o projeto entregue ao ministério. 

Nem todos têm recursos 

Acre comemora marca de três bois por hectare/ano  - Gente de Opinião

Acre usa muito amendoim forrageiro e possui o programa de maior êxito do País nessa área /QUEBARATO

No Acre são abatidos animais com 17 arrobas entre 22 a 24 meses de idade e as novilhas sendo inseminadas entre 14 a 16 meses de idade. Apesar dos esforços de transferência de tecnologias desenvolvidos pelo Estado, em parceria com a Embrapa Acre e diversas organizações não- governamentais (Amazônia Encontrando Soluções, Senar e Programa Proteger), apenas um número restrito de pequenos, médios produtores adotaram tecnologias que aumentam a produtividade e a rentabilidade da pecuária, além de reduzir os impactos ambientais dessa atividade. 

Com novas técnicas de manejo, a secretaria estadual quer obter maior renda, sem agressão ambiental e, ao mesmo tempo, a recuperação de áreas degradadas com leguminosas. “Além de devolver nitrogênio para o solo, elas servem de fonte de proteína ao rebanho, uso de cerca elétrica, que é menos dispendiosa ao produtor e proporciona um melhor aproveitamento de pastagens. Ao mesmo tempo, permitem a criação intensiva ou semi-intensiva, as quais favorecem um maior controle sanitário e zootécnico do rebanho, uso de sistemas agrosilvopastoris”, descreve o documento. 

A utilização de técnicas de melhoramento genético por meio de inseminação artificial e de biotecnologias da reprodução, como transferência de embriões e fertilização in vitro proporcionam em menor espaço de tempo o melhoramento genético do plantel, uma vez que se pode utilizar ao máximo a capacidade reprodutiva de uma fêmea de alta linhagem genética aponta ainda o projeto. 

Acre quer ser auto-suficiente 

RIO BRANCO – O governo estadual já oferece aos produtores de leite um laboratório de melhoramento genético, voltado exclusivamente para atender aos produtores de leite, com embriões e de fertilização in vitro. Daí, pleitear o fim da importação de nitrogênio líquido de outros estados. Além desse drama há outro, tanto quanto pior: o fechamento da rodovia BR-364 nas proximidades de Vila Extrema (RO), o Estado fica sem receber nenhum produto. Ela é a única via de acesso ao Acre. 

O projeto para a usina de nitrogênio foi entregue em audiência com o secretário de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social do ministério, Joe Vale, pelo deputado Fernando Melo (PT-AC) e pelo chefe do Departamento de Agropecuária da Secretaria Estadual de Agropecuária do Acre, Marco Aurélio Ribeiro. Eles estavam acompanhados do secretário executivo da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Renato Nóbile. 

O Acre pretende se tornar auto-suficiente na produção de nitrogênio líquido. Atualmente, um dos maiores entraves para a introdução da inseminação artificial nas práticas de manejo dos rebanhos de pequenos criadores no Acre é a aquisição do nitrogênio líquido. Só que o produto vem sendo adquirido no Estado de Rondônia, a 540 quilômetros de Rio Branco. As empresas vendem o produto ao Acre por R$ 13 o litro. (M.C.) 

Estão salvos 1 milhão 
de hectares de florestas
 

RIO BRANCO – Balanço do último qüinqüênio feito pelo pesquisador Judson Valentim, da Embrapa-AC aponta o Acre como o único Estado que consegue obter ganhos consideráveis, utilizando apenas o pasto sem precisar da suplementação alimentar. “O uso das pastagens mudou muito. Antes os pecuaristas usavam três hectares para criar um animal, agora é possível colocar três; gastávamos de três a quatro anos para engordar um boi, e atualmente, só dois anos no máximo”, ele assinala. 

Há vantagens ambientais, ele reconhece. O Acre possui um rebanho superior a dois milhões de cabeças de gado. Se fosse mantida a relação antiga de três animais por hectare, seriam necessários seis hectares de pasto para mantê-los, mas o rebanho se multiplicou e o Estado alcançou ganhos tecnológicos, evitando a derrubada de mais de 1 milhão de hectares em menos de 15 anos. 

Valentim lembra ainda que o Acre usa muito amendoim nas pastagens e possui o programa de maior êxito do País nessa área. A oleaginosa é cultivada em 30% das pastagens, totalizando 400 mil hectares. O amendoim retira nitrogênio do ar para fixá-lo no solo. Com a adubação, esse cultivo evita um gasto superior a R$ 90 milhões por ano na compra de uréia (nitrogênio). (M.C.) 

Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião

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