Quarta-feira, 20 de junho de 2012 - 19h55
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Idoso recebe atendimento numa sala de aula: facilidade para eliminar a doença /MARCOS DIAS |
MONTEZUMA CRUZ
De Senador Guiomard (AC)
A 22 quilômetros de Rio Branco, Capital acreana, o Programa Saúde Itinerante Cuidando dos Seus Olhos faz mais um mutirão na cidade de Senador Guiomard, para detectar casos de catarata (escurecimento do cristalino ocular) em homens, mulheres e crianças. Mutirões organizados por servidores da Fundação Hospitalar Estadual do Estado do Acre (Fundahacre) cobrem a extensão territorial entre a fronteira Brasil-Bolívia à fronteira Brasil-Peru, no Vale do Juruá.
Uma grande sala de aula da Escola Padre Carlos Casavechi, no Km 32 da rodovia BR-364, transforma-se em consultório. Desde cedo chegam crianças e adultos. Antes, quem necessitava desse tipo de atendimento era obrigado a viajar para Cobija, no Departamento de Pando, Bolívia, onde médicos cubanos atendem diariamente os acreanos, nas dependências do Hospital Japonês-Boliviano.
Nessa escola estudam 197 alunos em três turnos, do 6º ao 9º ano, e outros 17 do Ensino de Jovens e Adultos.
No ano passado, 84 alunos foram levados à Fundhacre com problemas de má alimentação, conta o diretor da escola, Francisco Rodrigues, 42 anos. “Eu fretei um ônibus por R$ 800, levei todos para Rio Branco e eles voltaram com óculos e receituário”, conta. Esse esforço de Rodrigues levou a Secretaria Estadual de Saúde a organizar mutirões no interior.
O dia de mutirão começa às 8h e vai até 17h, mobilizando uma equipe de seis funcionários do programa, cinco clínicos gerais e alguns voluntários. Eles fazem lanche e almoçam no próprio local de atendimento. Às 9h a cantina começa a preparar refeições e não falta cafezinho durante o expediente. Atenciosos, eles caminham pelo corredor do prédio de madeira, anotam nomes, procedências, e conversam à vontade com cada paciente. Cada um relata a situação e após o atendimento, sorriem felizes com a oportunidade de se submeterem depois a cirurgias que eliminarão a doença.
“Eu mesmo fui a Brasileia (vizinha a Cobija) com o meu filho, mas não tive mais recurso para fazer outra viagem; esse pessoal veio do céu pra me ajudar”, alegra-se Jovenildo Santana, 64 anos, morador numa colônia do Km 37 da BR-364.
A diretora do Programa Saúde dos Olhos no Hospital Dr. Ary Rodrigues, Dinha Carvalho anima-se com os resultados positivos: “Aqui do Quinari (outro nome de Senador Guiomard), 420 pessoas já foram atendidas no hospital este ano”, ela informou em 14 de abril, quando o repórter visitou a escola.
Encerrado o mutirão, o carro leva a equipe de volta para casa. “Começamos atendendo a terceira idade e agora a consulta é geral”, ela conta.
Este mês, a equipe médica do programa anunciou um total de 70 mil consultas e fez a primeira cirurgia de retina no Acre. O médico Fábio Vieira, responsável pelo programa, lembrou que a possibilidade enxergar dá mais autonomia às pessoas em suas atividades diárias, desde as tarefas mais simples às mais complexas. O governador Tião Viana disse que o estado alcançou a meta de dez mil cirurgias de catarata e cinco mil cirurgias oftalmológicas de outros tipos.
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À espera da consulta, moradores da zona rural do Quinari ouvem explicações técnicas e conversam /MARCOS DIAS |
Cegueira
As três maiores causas de cegueira no mundo e no Brasil são doenças que acometem, sobretudo, idosos: catarata, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade. Até 1997 existiam cerca de 600 mil cegos por catarata no Brasil. Mas ela é uma doença curável. Estima-se que a cada ano surjam 552 mil novos casos.
Desde o final da década passada, com o funcionamento dos mutirões da saúde da visão aumentou o número de cirurgias de 50 mil para 200 mil por ano. Um resumo da situação amazônica: em 2005 o pico de cirurgias alcançou 331,4 mil. O Pará fez 108,8 mil; o Amazonas, 33 mil; Rondônia, 6 mil; Roraima, 3,7 mil. e Acre, 2,1 mil.
Para o glaucoma há necessidade de se aumentar a oferta de consultas e tratamento, incluindo colírios hipotensores e cirurgias nos centros de especialidade do SUS.
MEMÓRIA
Médicos cubanos atendem acreanos na fronteira
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O repórter (d) conheceu o trabalho da equipe que percorre o interior do Acre, alcançando o expressivo número de 70 mil consultas/MARCOS DIAS |
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