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Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

Terceira Margem – Parte DCCLIV - Jornada Patriótica ‒ 4ª Perna


Arambaré - Biru - Gente de Opinião
Arambaré - Biru

Bagé, 17.06.2024

 

 

Arambaré ‒ Pta de Santo Antônio (09.04.2016)

 

José Afonso Pinheiro foi uma das testemunhas ouvidas pelo Ministério Público de São Paulo na investigação que apura se o ex-Presidente Lula é o dono do apartamento na praia. [...] No depoimento, o zelador contou que viu, várias vezes, o ex-Presidente e a mulher dele, dona Marisa, no prédio. E que os seguranças do casal bloqueavam o elevador quando eles estavam lá. José Afonso disse que a demissão foi por causa do depoimento. “Eu fui demitido por retaliação ao depoimento prestado à promotoria” [...]
(G1 ‒ G1 Globo, Rio de Janeiro, RJ, 09.04.2016)

 

Partimos às 06h48, não tínhamos pressa seria um tiro curto até o Pontal de Santo Antônio, extremo Sul da enseada de Tapes, numa região conhecida como Alagados de Santo Antônio a Sudeste da Praia do Biru. O Biru (Steindachnerina brevipinna) é um peixe da família Curimatidae que atinge até 15 cm de compri­mento e se alimenta de resíduos orgânicos.

 

Às 09h20, fizemos uma ligeira parada na Ponta D. Helena (30°52’43,6” S / 51°23’21,8” O) onde consta­tamos que a vegetação e o terreno no entorno do Acampamento Nossa Senhora Aparecida estavam total­mente derruídos. Aproamos, às 09h40, para o “Biru”, no Pontal de Santo Antônio, onde aportamos às 10h30. O Biru (30°48’51,5” S / 51°17’59,5” O) é uma região insular e de muitas enseadas pouco profundas. Percor­rêramos apenas 23,3 km.

 

²  1° Perna Total =          349,1 km.

²  2° Perna Total =          322,2 km.

²  3° Perna Total =          299,3 km.

²  4° Perna Parcial =        190,3 km.

²  Total Parcial =           1.160,9 km.

 

Amanhã temos duas alternativas a cumprir, dependendo das condições meteorológicas, a primeira ‒ pernoitar no acampamento dos pescadores da Ponta da Formiga e a segunda ‒ na Ponta Escura.

 

P. de Santo Antônio ‒ Ponta Escura (10.04.2016)

 

[...] Janaina Paschoal fez um discurso durante evento na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), [...] que se tornou viral na internet. Mesmo mostrando virulência na defesa do impedimento de Dilma, ela entende que a petista foi “engendrada pelas cobras que estavam ao redor dela”. “De alguma forma, acho que estou fazendo um bem para ela” (Redação ‒ Revista Fórum, Porto Alegre, RS, 10.04.2016)

 

Partimos dos Alagados de S. Antônio, às 06h15. Depois de contornar o Pontal, as ondas de través, vindas do quadrante Este, começaram a fustigar impetuosa­mente o casco do “Argo II”. Aportei, às 09h10, depois de percorrer 22,5 km, no rústico, mas impecavelmente lim­po e higiênico, acampamento do amigo Vanderlei Pereira (30°38’56,0”S / 51°18’04,3”O) de onde parti às 09h40. Até as 10h30, o Mar estava calmo com grandes e pachor­rentas ondas de 1,5 a 2,0 m que em nada prejudicavam o deslocamento do valoroso do meu caiaque oceânico. A partir das 10h30, o Mar ficou mais grosso, com “Três Marias” de até 3,0 m de altura, comprometendo a estabilidade do “Argo II” ao quebrar perigosamente sobre o convés.

 

Nuvens escuras vindas de Este, prenunciando chuva e ventos mais fortes, forçaram-me a picar a voga e abandonar a pretensão de aportar nas Maiores Falésias dos Mares de Dentro, na Baía da Formiga, e aproar direto para o acampamento dos pescadores da Ponta da Formiga, onde aportei, totalmente extenuado, às 14h15.

 

Tinha remado vigorosamente, durante 04h35, e percorrido 31,6 km desde o acampamento do Vanderlei, totalizando, até agora 54,1 km sendo que a maior parte da jornada sob condições bastante desfavoráveis.

 

Fomos obsequiados pelos gentis pescadores com um almoço e convidados a pernoitar no seu confortável acampamento, perfeitamente abrigados das intem­péries, mas o Norberto insistiu em continuar nossa viagem.

 

Não era uma boa alternativa tendo em vista as condições do tempo e o pequeno trajeto, de apenas uns 13 quilômetros, que nos separavam da Ilhota da Ponta Escura, que não fariam a mínima diferença no final desta longa expedição, já que tínhamos pela frente dois tiros bastante curtos nos dois próximos dias.

 

Aportamos na Ilhota da Ponta Escura (30°22’36,9” S / 51°05’52,1” O), Rio Guaíba, às 16h25, depois remar 67,2 km, por mais de 10 horas.

 

²  1° Perna Total =          349,1 km.

²  2° Perna Total =          322,2 km.

²  3° Perna Total =          299,3 km.

²  4° Perna Parcial =        257,5 km.

²  Total Parcial =           1.228,1 km.

 

Ponta Escura ‒ Ilha do Chico Manoel (11.04.2016)

 

Apesar da ação do Planalto, que nas últimas semanas parou de governar para se transformar em um explícito e indecoroso balcão de negócios, a Comissão Especial do Impeachment aprovou nesta segunda-feira o parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável à abertura do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo crime de responsabilidade fiscal. [...] A derrota já era esperada pelo Planalto, mas os números foram ainda piores do que o previsto para Dilma: pela manhã, quando os trabalhos foram abertos, o governo esperava ter entre 28 e 30 votos contrários ao relatório, enquanto a oposição falava em 35 votos pelo prosseguimento do processo.
(Marcela Mattos e Felipe Frazão ‒ Revista Veja, Brasília, DF, 11.04.2016)

 

A noite foi chuvosa e de ventos muito fortes como tinham anunciado os canais do tempo. Partimos da Ponta Escura, às 06h40. Depois de enfrentar Mar Grosso e chuva fina durante todo o trajeto aportamos na ilha do Chico Manoel às 09h40.

 

Logo depois da chegada, o tempo amainou. Poderíamos ter saído, tranquilamente, do acampamento dos pescadores por volta das dez horas e chegado, às 14h00, na Ilha do Chico Manoel sem ter enfrentado condições tão adversas.

 

Percorrêramos apenas 17,3 km.

 

²  1° Perna Total =          349,1 km.

²  2° Perna Total =          322,2 km.

²  3° Perna Total =          299,3 km.

²  4° Perna Parcial =        274,8 km.

²  Total Parcial =           1.245,4 km.

 

Ilha do Chico Manoel ‒ Ipanema (12.04.2016)

 

Sob a batuta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo mobiliza os ministérios para desengavetar todas as medidas que possam criar um cenário positivo às vésperas da votação do afastamento da Presidente Dilma Rousseff. Na área econômica, essa movimentação ganhou o apelido de “Pacotão do Impeachment”. A estratégia traçada pelo Palácio do Planalto é o atendimento de pleitos de setores que, até agora, não encontravam eco no governo para suas demandas. Agora, estão sendo analisadas, a toque de caixa, mesmo com um rombo nas contas públicas que pode chegar a R$ 100 bilhões este ano. O plano seria pôr em prática várias medidas esta semana. Nem todas, porém, serão divulgadas. [...]

O jornal “O Estado de S. Paulo” apurou que servidores do Tesouro Nacional manifestam desconforto com a iniciativa. Eles querem evitar o que ocorreu com as “pedaladas fiscais”, manobras feitas para maquiar o resultado das contas públicas que foram condenadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Servidores do órgão sofreram processo de responsabilização pelo tribunal e poderão ser punidos em julgamento que ainda não terminou.
(Estadão ‒ UOL Notícias, Brasília, DF, 12.04.2016)

 

Meu Neto Arthur faz seis meses hoje e, por isso, dedico a ele a maior navegação (mais de 1.260 km) do vovô em terras gaúchas e a quarta no território nacional. Na maior e mais desafiadora de todas, percorri 3.950 km, descendo os Rios Juruá e Solimões, desde a Foz do Breu, AC, fronteira peruana, até Manaus, AM; na segunda, desci 2.000 km, acom­panhado de meu filho João Paulo, pelos Rios Madeira e Amazonas, de Porto Velho, RO, até Santarém, PA, e, na terceira, naveguei 1.700 km, pelo Rio Solimões, de Tabatinga, AM até Manaus, AM.

 

Partimos da Ilha do Chico Manoel, às 06h40, com destino à Marina do Lessa onde ajudaria o Norberto a desmontar o mastro do veleiro e carregá-lo no reboque. Após o aprestamento do veleiro, parti do Lessa, às 08h00, com ventos de popa de 20 km/h (quadrante Sul). Na altura da Ilha das Pedras (Belém Novo), agora os ventos ultrapassavam os 45 km/h, o suporte do leme do caiaque quebrou. Sem leme eu precisava acostar para substituir o suporte avariado pelo reserva. Com muito esforço e dificuldade, manobrei para aportar na extre­midade Norte da Ponta da Cuíca, Belém Novo.

 

O leme solto, impulsionado pelas ondas de través, chocava-se violentamente contra a popa do Argo II forçando-me a afrouxar os cabos baixando-o. Como as ondas golpeavam a alheta de Boreste desviando-me da rota, empunhei o remo de maneira a compensar a falta do leme forçando muito o braço direito. Ao me aproximar da Ponta, avistei uma boia de rede e deduzindo que a outra estaria mais afastada da costa, orientei, com muita dificuldade, a proa do caiaque para passar entre ela e a Ponta.

 

Ao me aproximar da boia avistei a outra à Boreste próxima das rochas, tive de manobrar rapidamente para passar pela esquerda da boia. Foram momentos de muita adrenalina, mas finalmente, consegui tangenciá-la evitando um naufrágio. Com o leme em perfeitas condições eu teria passado por sobre a rede e o leme rebateria automaticamente, mas com o suporte quebrado ele engancharia na rede provocando um desastre. O cabo do leme tem um núcleo de aço e para trocar o suporte era necessário conseguir um alicate, infelizmente o Norberto tinha ficado com o meu.

 

Aportei e tentei conseguir um, sem sucesso, com algum morador da Av. Beira Rio e até mesmo com o motorista de um caminhão do DMLU, que ali passava. Retirei o leme e parti para a Ponta Grossa.

 

Abandonei a tranquilidade da praia onde aportara (30°12’33,5” S / 51°11’57,8” O), na extremidade Norte da Ponta da Cuica, que barrava os fortes ventos do quadrante Sul, e remei com muita dificuldade até uma pequena praia (30°11’23,9” S/ 51°12’50,5” O) ao Sul da Ponta Grossa. Como na Ponta da Cuíca, não obtive sucesso tocando diversas campainhas das residências da Rua Hygino Russi Lima, até que parei um carro.

 

O motorista, genro da Sr.ª Rejane, que conduzia a esposa e o filho, disse que eu fosse até o seu condomínio, que estava com o portão aberto, que sua sogra certamente me conseguiria o tal alicate e foi o que aconteceu. Consertei rapidamente o leme, devolvi o alicate à gentil senhora e voltei a enfrentar o Mar Grosso em que tinha se transformado o Rio Guaíba com ventos de 55 km/h e ondas que ultrapassavam os 2,5 m. Afastei-me da costa para evitar a rebentação e uma possível capotagem, as ondas golpeavam o Argo II com muita violência e varriam constantemente o convés.

 

 Enfrentei quase quatro quilômetros de canoagem radical até contornar a Ponta Grossa. A partir daí, graças à calmaria, proporcionada pela Ponta que barrava os ventos fortes, naveguei calmamente até o objetivo final.

 

Aportei, em Ipanema, às 11h34, um atraso de apenas 4 minutos, onde estavam me esperando os caros amigos Coronel Araújo, grande incentivador de nossas jornadas, Coronel Angonese, parceiro nas Expedições Roosevelt-Rondon, representando o Colégio Militar de Porto Alegre, e a equipe da 5ª Seção do Comando Militar do Sul. Meu trajeto de hoje foi alongado significativamente em virtude dos imprevistos ‒ percorri 22,1 km.

 

²  1° Perna Total =          349,1 km.

²  2° Perna Total =          322,2 km.

²  3° Perna Total =          299,3 km.

²  4° Perna Total =          296,9 km.

²  Total =                     1.267,5 km.

 

Missão Cumprida, SEEEEEEELVA !!!!!


 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)

E-mail: [email protected].

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