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Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

Terceira Margem – Parte DCCLII - Jornada Patriótica ‒ 4ª Perna


Flor da Praia - Arambaré - Gente de Opinião
Flor da Praia - Arambaré

12.06.2024

 

 

Fz Flor da Praia – Arambaré (07 a 08.04.2016)

 

A empreiteira Andrade Gutierrez, envolvida no esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato, fez doações ilegais às campanhas da Presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014 com o uso de propina de obras da Petrobras e do sistema elétrico [...]
(Reuters ‒ O Dia, Rio de Janeiro, RJ, 07.04.2016) 

A Presidente Dilma Rousseff ficou no topo da lista dos líderes que mais decepcionaram segundo uma pesquisa on-line feita pela revista “Fortune”.
(G1 ‒ G1 Globo, Brasília, DF, 08.04.2016)

 

Às 06h10, partimos da Fazenda Flor da Praia. A tranquilidade das águas ao amanhecer foi sendo progressivamente alterada e, quando o Sol raiou, as ondas de través de 1,5 m comprometiam perigosamente a navegação. Fiz uma parada, às 07h50, no mesmo local (31°06’10,73”S / 51°30’05,34”O) onde aportara com o Professor Hélio, em 21.09.2011, para constatar o terrível efeito destruidor da cheia de 2015.

 

A hora mais crítica de uma navegação, com ondas superiores a um metro, é o momento de aterrar e de amarar ([1]). O tamanho do caiaque oceânico complica nestas ocasiões, então é necessário “pegar as ondas” antes de elas quebrarem, no ângulo adequado e este varia de acordo com o tamanho e forma das vagas.

 

Às 10h00, contornamos a Ponta D. Maria e acostamos para descansar e fotografar, protegidos do vendaval pela cortina vegetal nativa.

 

Enquanto o Cmt Norberto zarpava rumo a Arambaré, eu tentava, em vão, enviar, pelo celular, os diários de bordo que digitara na Flor da Praia. Colhi um fruto verde do cacto mandacaru (Cereus Jamacaru) que dias depois degustei. O fruto maduro do mandacaru tem casca lisa e avermelhada e para consumi-lo basta que se corte ao meio para ter acesso a uma polpa gelatinosa, adocicada, suculenta e muito saborosa, de cor branca salpicada de minúsculas sementes pretas. Depois do descanso, rumei diretamente para uma falésia (31°01’35,98” S / 51°29’09,89” O) que se avistava ao longe (8 km) para fotografar as centenárias e velhas amigas, lá aportando às 11h30.

 

Parti, às 12h10, com destino ao Clube Náutico Arambaré, a 13 km de distância, onde aportei às 14h00. O Norberto fora recebido pelo futuro Comodoro – SO RR Gilberto Ferreira da Rosa – e pelo Diretor Administrativo – 2° Sgt RR Cândido Alberto dos Santos – que disponibilizaram as instalações do Clube gratuita­mente por 2 dias. Instalei-me na Pousada Gipa, que é lindeira ao Clube, eu precisava recompor minhas forças. Percorrêramos 42,5 km, em 06h50, com três longas paradas.

 

²  1° Perna Total =          349,1 km.

²  2° Perna Total =          322,2 km.

²  3° Perna Total =          299,3 km.

²  4° Perna Parcial =        167,0 km.

²  Total Parcial =           1.137,6 km.

 

De manhã (08.04.2016) fizemos um tour fotográfico pela simpática cidade e por volta das 11h00 o 2° Sgt Cândido levou-nos até as antigas instalações do Hotel e Engenho de Arroz da família Cibils de onde pude fotografar Arambaré de um ângulo privilegiado.

 

O Sonho de Atahualpa Irineu Cibils

 

Na década de 40 (século XX), na atual Arambaré, o uruguaio Atahualpa Irineu Cibils destacava-se à frente de seu tempo. Construiu um edifício de concreto armado às margens da Lagoa dos Patos, cujo projeto incluía uma avenida ornada com palmeiras. Lá funcionou um engenho de arroz, escola para os funcionários, hotel, bar, restaurante, salão de jogos e moradia. Próximo, na estância “La Cornélia”, este visionário construiu ainda uma praça, no meio do campo. (arambare.blogspot.com.br)

 

À tarde tivemos a agradável oportunidade de conversar longamente com nosso caro amigo 1° Sgt PM Juliano Gajo e seu filho e de conhecer o Ten Cel Av Luiz Nogueira Galetto que nos presenteou com um artigo de sua autoria intitulado “Firme ao Leme, Comandante!”, publicado na Revista Náutica Sul, em abril de 2015. Galetto reporta-nos a jornada que empreendeu com o atual Comandante da Força Aérea Brasileira o Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato:

 

Firme ao Leme, Comandante!

Por Luiz Nogueira Galetto

 

Foi durante uma complicada travessia de Porto Alegre a Florianópolis que o recém-empossado novo Comandante-Geral da Aeronáutica, o gaúcho Nivaldo Rossato, mostrou a um experiente velejador do Paraná sua capacidade para comandar até o que ele mal conhecia: um barco. Corria o ano de 1991 e eu, mesmo sendo paranaense, morava em Porto Alegre. Lá, como piloto de caça, voava nos supersônicos F-5E, da FAB, e nas horas vagas, como velejador, ia para o clube Veleiros do Sul, o mesmo frequentado por um colega da Aeronáutica, o Capitão Aviador Nivaldo Luiz Rossato, que mesmo sendo gaúcho e visitante assíduo do lugar, não velejava. O meu barco era o “Jambock III”, um veleiro de 32 pés todo reformado, pelo qual eu sentia um misto de respeito e gratidão pela sobrevivência nos embates com os temporais pirotécnicos típicos do Rio Grande do Sul. (GALETTO)

 

 

Façamos uma breve interrupção para esclarecer o nome de batismo do veleiro do Comandante Galetto:

 

A Origem do Nome “Jambock

 

Por uma ironia dos fatos, o chicote utilizado pelos brancos contra os escravos africanos, indonésios e malaios passou a ser usado contra os arianos puros  de Adolf Hitler, manejados por brasileiros livres que foram à Itália defender a liberdade e a democracia.
(Maj.Brig. Rui Barbosa Moreira Lima)

 

Tão logo instalou sua base na Itália, o 1° GAvCa (1° Grupo de Aviação de Caça) passou a atuar sob o comando do 350th FG [Fighter Group], 12th AF [Air Force] e, a exemplo dos demais esquadrões deste, recebeu o nome código com o qual iria operar até o final da guerra e que seria mantido depois da volta ao Brasil, até os dias atuais: “Jambock”. [...]

 

À época, os aviadores brasileiros questionaram o significado de tal nome, sendo informados pelo comando americano que “jambock” significava “chicote”.

 

Apesar de ter sido dado pelos americanos, tal nome não consta nos principais dicionários da língua inglesa e foi somente em 1969 que os veteranos do 1° GAvCa descobriram que o significado de “jambock” não era simplesmente “chicote”, mas um chicote especial, normalmente feito com couro de rinoceronte e que o nome “jambock” era uma grafia americanizada da palavra sjambok, onde o “S” inicial caiu e um “C” foi colocado antes do “K”. [...]

 

A palavra tem sua origem na Indonésia, onde havia o “Sambok”, uma vara de madeira utilizada para casti­gar escravos. Posteriormente o “Sambok” foi levado para a Malásia e de lá seguiu junto com os escravos malaios que foram levados para a África do Sul. Lá, o “Sambok” de madeira foi substituído por um outro feito de couro animal [normalmente rinoceronte] e a palavra “sambok” foi introduzida na língua afrikaan, sendo que os ingleses passaram a adotá-la, grafando-a como “Sjambok”. Também é conhecido como “im­vubu” na língua Zulu, “kiboko” em Swahili e “mnigolo” na língua malinké. No Congo Belga era conhecido como “fimbo”. Ainda hoje uma versão do “Sjambok” feita de plástico é utilizada pela polícia Sul-Africana.

 

Mais de cinquenta anos após o fim da guerra, “Jambock” permanece como o “callsign” dos caçadores do atual 1° Esquadrão do 1° Grupo de Aviação de Caça, baseado em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, preservando assim a tradição dos veteranos da Itália. (www.jambock.com.br)

 

Bibliografia

 

GALETTO, Luiz Nogueira. Firme ao Leme, Comandante! ‒ Brasil ‒ São Paulo, SP ‒ Náutica Sul ‒ Edição n° 531, abril, 2015.

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)

E-mail: [email protected].



[1]   Amarar: fazer-se ao mar. (Hiram Reis)

Galeria de Imagens

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