Sexta-feira, 7 de março de 2014 - 19h04
Felipe Azzi
A Igreja estava fechada. O Coral Vozes do Carmo fazia o ensaio “apronto” para o Recital que logo seria apresentado. Na Secretaria Paroquial, o velho paroquiano ultimava providências rotineiras da paróquia. Eis que surge uma garotinha de cerca de sete anos, e puxa conversa com o velho:
– Está se lembrando de mim?
– Claro, como poderia me esquecer deste rostinho?!...
– É que naquela noite eu estava muito mal, vomitei várias vezes, por causa de um lanche comido na minha escola! – Justificou-se a pequenina.
– mas é preciso cuidado com o que você come fora de casa!... – Advertiu o velho, afagando os cabelos da garotinha.
– É mesmo... Não quero que aconteça de novo! Você sabe, eu fui parar no hospital... Tomei soro... Meus pais ficaram aflitos. Concluiu o pequeno anjo.
O velho cristão ficou espantado com a esperteza e a correção no falar da menina. Sempre imaginara que o mundo encantado das crianças tem muito a ver com o Reino de Deus. As crianças vivem a pureza original no que pensam e no que fazem, numa dimensão onde tudo é possível.
Nosso gracioso anjo, então, perguntou ao velho:
– Quantos anos você tem?
– Setenta e seis anos – respondeu-lhe.
– Puxa!... Tudo isso? – revirou a cabecinha, pensativa, e concluiu:
– Meu avô Fernando tem cinquenta e nove anos.
– Você tem pai e mãe? – curiosa, quis saber.
– Não. Nem pai nem mãe... Eu os perdi quando tinha a sua idade!
– É mesmo?... E quem cuidou de você?
O velho, então, explicou que foi criado por parentes, que cuidaram do encaminhamento de sua vida.
– E quando você chorava... Quem pegava você no colo? Às vezes, a gente apanha sem saber por quê! – E completou:
O velho, por segundos, viajou no tempo, voltando á sua infância, que fora de certo modo feliz, mas muito carente de sentimentos afáveis, e contou um segredinho para a sua amiguinha:
– Nossa senhora cuidava de mim... Dizia que eu não devia chorar porque tudo daria certo... Era só saber esperar!
– Mas, ela pegou você no colo? – Quis saber a pimpolha esperta.
– No colo mesmo não pegava... Mas afagava a minha cabeça até o choro passar e um soluço de conformação se apresentar.
O interrogatório familiar prosseguiu:
– Você tem filhos e netos? Como se chamam?
– Minha mulher, Lourdinha, e eu temos uma filha chamada Kátia. Ela é consagrada na vida religiosa secular... Não temos netos!
O velho quis saber um pouco da vida do anjinho, perguntando se tinha irmãos, avós e sua parentela.
– Não tenho irmãos... Sou eu só... Mas tenho o Vô Fernando e a Vó Rose, sabe?... Minha vó parece um pouco com Nossa senhora... Quando eu choro, ela me pega no colo, me beija e diz que tudo está bem e que eu não preciso ter medo...
O velho, querendo impressionar a garotinha, pegou um lápis e uma folha de papel e desenhou o Vô Fernando, de forma grotesca, ignorando os apelos de correção da menina. Riram os dois do que resultou do desenho, como se fossem parceiros de folguedos infantis.
Era hora de verificar a arrumação dos bancos para o recital prestes a começar. Saíram a andar pela nave da igreja e, num átimo, sem qualquer preparação ou fala, a menina pegou a calejada mão do velho e andaram assim por momentos, por todo o interior da igreja.
Já a ponto de começar o Recital, onde os pais do anjinho cantariam, o velho, voltando à Secretaria, encontrou um desenho sobre a mesa. Eram três figuras: Felipe, Lourdinha e Kátia, com a mensagem de um Feliz Natal para os três, desejado por Nina Rosa, o nome de nosso anjo.
A sabedoria das crianças tem tudo a ver com Deus. Com elas, sempre podemos aprender algo novo. Desenhei para Nina Rosa um grotesco Vô Fernando, em forma de gozação, e ela desenhou para mim um carinhoso cartão de Natal, oferecido com a pureza que brota dos corações das crianças.
Dedico este pequeno texto para Nina Rosa que, por alguns momentos, na tarde do terceiro Domingo do Advento de 2013, me adotou como avô e, de mãos dadas, circulou comigo pelo interior da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Campinas, São Paulo.
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