Segunda-feira, 31 de março de 2014 - 09h12
Felipe Azzi
Alguns amigos, leitores de meus textos, questionam o meu escrever sério com divagações espirituais e o estilo burlesco dos casos relatados, que testemunham o meu transitar nesta vida.
Tenho particular opinião sobre a vida que Deus nos deu. Penso que fomos criados para viver com alegria. Sabemos que viver não é fácil. Exige muita luta, vigilância constante e espírito forte para suportar os reveses, pesados e irrecusáveis, às vezes até dolorosos, que a caminhada terrestre impõe a cada um.
Imagino que ser alegre seja questão vital. Trata-se de absorver o perfeito juízo de nosso Criador. O relato bíblico diz que no processo da criação DEUS VIU QUE TUDO ERA BOM (Cf. Gn 1,24). Ora, se tudo o que Deus cria é bom, então tudo é alegria, pois a alegria é atributo natural do que é bom. É impossível não encontrar alegria no que é bom. Ao contrário, no que é mau só há maldade, dor, rancor, tristeza, inveja e todos os defeitos que pesam na alma e tornam o corpo amargo e decaído.
Além disso, concluída a criação inicial, Deus estipulou o mandamento originário: CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS (Cf. Gn 1,25). Então temos que desenvolver e multiplicar o que é bom, o que é alegre, como antídoto contra as inquietações exageradas e dificuldades que antevemos no dia-a-dia. Mesmo porque, como nos ensina Jesus Cristo: “...A cada dia bastam as suas próprias preocupações... (Cf. Mt 6,34). Quando a tristeza atinge o limite de nossas forças e o chão parece escapar de nossos pés, a superação vem de Deus, através da conformação, pois Deus sempre nos dá o frio conforme o nosso cobertor. Quase todas as tristezas, mesmo as de sofrimento atroz, podem ser superadas pela alegria, dependendo de nosso estado de espírito e disposição de ouvir o que Deus nos fala.
Na minha vida, várias vezes, tive oportunidade de compartilhar alegrias contagiantes. Lembro-me da Missão Capuchinha na cidade de Benjamin Constant (AM). Periodicamente, a Mitra de Dom Adalberto descia as barrancas de São Paulo de Olivença, sede de seu Bispado, para subir as palafitas de Benjamin Constant, em visita pastoral. Em nosso primeiro encontro pessoal, recordo que Dom Adalberto, um religioso de compleição forte e semblante pra lá de amistoso, perguntou-me:
– O que o amigo quer beber?... Temos aluá, cerveja colombiana, vinho do Porto...
Fiz a minha escolha, revestida de certa curiosidade degustativa:
– Gostaria de brindar o nosso encontro com vinho de missa... que na consagração celebrativa se torna o sangue de Cristo... Certamente é o melhor vinho!...
Com sorriso de Pastor que sabe identificar as suas ovelhas, Dom Adalberto, confirmou:
– Você fez a melhor escolha!
Rimos do paralelo imaginário das essências e substâncias, e a coversa fluiu para o futebol e as necessidades da região, tendo em permeio o histórico descaso político-governamental.
A Missão Capuchinha na cidade era coordenada por Frei Miguel Ângelo, um frade extremamente humilde, com semblante de morador do Céu e que exalava santidade no respirar. Seus companheiros missionários eram: Frei Miguel Arcanjo que, fiel a seu onomástico, era determinado e seguro defensor da Fé; Frei Arsênio, cujas homilias tinham a coerência teológica de sua profunda formação; Frei Izidro, imagem histórica e volumosa dos conhecidos monges medievais, e Frei Jeremias que reunia a alegria de todos eles na sua pessoa, muito gente, muito povão.
Esses frades, cumprindo o seu mister evangelizador, faziam pequenas viagens, chamadas “desobrigas”, visitando logradouros ribeirinhos. Dentro da pasta de couro, além da Bíblia, levavam somente a refeição ligeira, que consistia de um ou dois pães e pequena penca de bananas.
Voltando dessas incursões, era comum ver o Frei Jeremias subindo as palafitas do lugarejo, gritando aos quatro ventos: ATENÇÃO PARA A PRIMEIRA PEDRA!... Na verdade era um chiste que ele fazia para o amigo gerente da agência bancária do lugar, seu parceiro de festas e arraiais. É que, nas quermesses promocionais que alegravam a comunidade, a partir do pátio da Igreja e do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, era Frei Jeremias que “cantava” as pedras do bingo. Às vezes, cuidava de reservar para a mesa do amigo gerente, seu ajudante nos sorteios, as melhores prendas: ora, uma galinha Assada; ora, um pudim de leite, para degustação mimosa, com essa marota artimanha:
– Esta é a melhor prenda... foi preparada por mãos de fadas (desta ou daquela dama)... diga em sussurro os números da quina, que eu separo as pedras para bingar na hora certa...
Nessas ocasiões saboreamos assados primorosos e pudins “papo de anjo” preparados com esmero, sob olhares e protestos hilariantes de amigos que bem sabiam da inofensiva trama, mas a tudo assistiam com a alegria tão comum nas festivas noites do povo amazoniense.
Recentemente, voltando de rápida viagem ao Rio de Janeiro, tivemos notícias de Benjamin Constant, através de uma jovem lá nascida. Relembramos amigos e frades Capuchinhos, alguns já falecidos. Foi bom saber, 54 anos depois, que benjaminenses guardam memória amorosa dos pioneiros Capuchinhos evangelizadores da região.
Minha identificação com os Frades Capuchinhos, vem de longe, pois a minha catequese (iniciação à Fé Cristã) foi desenvolvida nos ensinamentos elementares desses franciscanos, que até hoje são responsáveis pela Paróquia de São Sebastião, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Tributo a eles, agradecido, a firmeza da minha Fé, que cresce, ainda hoje sem vacilar, acalentada pela “esperança que não decepciona”.
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