Porto Velho (RO) domingo, 6 de julho de 2025
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Opinião

Opinião: E o crime organizou-se


 Opinião: E o crime organizou-se - Gente de Opinião

  

HELDER CALDEIRA 

 

“É uma situação de desespero. Uma situação de grande desespero... dos marginais”. Essa é a definição encontrada pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, para o estado de guerra urbana instaurado. E é correta a afirmação do governador. O que ele esqueceu de dizer é que os “marginais” não são os bandidos. Há décadas, quem está sendo obrigado a viver à margem são os cidadãos fluminenses, em especial os cariocas, vítimas e cúmplices da incompetência e da ineficiência de gestões estaduais e federais indecentes, desde Moreira Franco (PMDB e que agora é cotado para o ministério das Comunicações da presidente Dilma), passando por Leonel Brizola (PDT), Marcello Alencar (PSDB) e culminando com a intrépida trupe, Anthony e Rosinha Garotinho (ambos à época no PMDB), com um “intermezzo” de Benedita da Silva (PT).

Do outro lado da faca, os bandidos, esses sim dotados de grande inteligência e competência no planejamento estratégico, perceberam a leniência do estado e da legislação e compreenderam a importância de ocupar e dominar o cenário político. Em uma década, elegeram deputados federais e estaduais e vereadores, desde a capital aos mais afastados rincões do Rio de Janeiro. Como o sistema político-eleitoral brasileiro dá primazia ao dinheiro, além de bancar suas próprias campanhas, passaram a financiar fortemente as campanhas de candidatos que lhes fossem interessantes, majoritários ou não. Por consequência, acabaram assumindo importantes secretarias estaduais e municipais. Estava armado o circo de poder.

Com a ascensão de Sérgio Cabral e o advento da falácia das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), implantou-se a doutrina do estado policialesco, cujo único objetivo era melhorar a imagem das polícias civil e militar e passar ao mundo uma imagem de falsa segurança, chancelando o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Mas, como disse Ruy Barbosa na “Oração aos Moços”: “a justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada”. O que acontece quando você invade e domina o território do bandido e não o prende ou mata? Ele simplesmente muda de casa, muda de bairro, muda de cidade. Não à toa, os índices de criminalidade dos municípios circunvizinhos ao Rio de Janeiro explodiu.

Adequados à realidade mundial e aos novos tempos, os bandidos entraram na era globalizada das grandes fusões. Tal qual uma grande empresa ou banco, que se alia a outro grande grupo para amplo domínio do mercado, os criminosos que tinham de abrir mão de seu território para atender às demandas “pacificadoras” do estado, aliaram-se a outras grandes facções, que, por sua vez, com a experiência político-administrativa adquirida nos últimos anos, fatiou o poder entre os agora “companheiros”. Qualquer semelhança com a distribuição de cargos e ministérios, não é mera coincidência.

O resultado é esse que temos hoje: o sempre chamado crime organizado, finalmente organizou-se, de fato. Faça-se de otário para pegar os verdadeiros otários, é uma das leis do poder. Com rapidez, absorveram as palavras do filósofo espanhol do século XVII, Baltasar Gracián, quando afirma: “Não é muito bom ser sábio entre os tolos e lúcido entre os lunáticos. Quem se faz de tolo não é tolo. A melhor maneira de ser bem recebido por todos é fingindo ser um grande idiota”. Com a tática do gambá, que finge-se de morto para enganar seus predadores, os criminosos tiveram tempo e dinheiro para organizar-se de forma terrivelmente irremediável.

A série de atentados que estão provocando pânico e terror aos cidadãos do Rio de Janeiro parece ser apenas o primeiro grande movimento do adversário no tabuleiro de xadrez armado. De um lado está o crime organizado, “à vera”; de outro, o estado desorganizado, sucateado, loteado politicamente pelos bandidos de terno de gravata. No meio desse fogo cruzado, estamos nós, cidadãos, legítimos peões, vítimas e cúmplices dessa barbárie. Que o nosso desterro sirva de exemplo a todos os estados brasileiros.

Fonte: HELDER CALDEIRA

Escritor, Articulista e Colunista Político, Palestrante e Conferencista

www.magnumpalestras.com.br[email protected]

Gente de OpiniãoDomingo, 6 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

 Hospital Municipal: quando teremos?

Hospital Municipal: quando teremos?

Faz tempo que essa promessa de novos hospitais públicos para Porto Velho está na fila de espera. Na condição de um dependente do Sus, desde que isso

Mais deputados para quê?

Mais deputados para quê?

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou o número de vagas no parlamento, passando de 513 para 531. Num país efetivamente sério mais representan

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Quarta-feira (25), o Congresso impôs mais uma derrota ao governo do presidente Lula derrubando o Decreto que aumentava o IOF. O governo perdeu mais

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

O esquema que desviou bilhões de reais de contas de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi apenas mais um

Gente de Opinião Domingo, 6 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)