Porto Velho (RO) domingo, 6 de julho de 2025
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Opinião

Opinião: Do direito às riquezas naturais


 
Depois das comemorações do 21 de abril, somos tomados por um espírito nacionalista pré-datado, por uma vontade de ser um grande país, de construirmos uma grande nação. Passados os folguedos, o silêncio volta a imperar Brasil afora, como se estivéssemos sob uma eterna e silenciosa vigilância, sob o domínio de um governo oculto, paralelo, estrangeiro.

Tiradentes e os inconfidentes imaginavam um novo país, soberano, dono de suas riquezas, senhor de seus atos. Uma nação livre, próspera, com uma mentalidade altruísta e nada servil. Por esse sonho, foram perseguidos, presos, julgados e condenados. Venceu o colonizador, perdemos todos nós, até hoje.

Se sua luta inicial era pelo direito do povo da colônia às suas riquezas, ou seja, ao ouro e seus minerais, constatamos hoje, 200 anos depois, que a situação continua a mesma, se colocarmos no centro da questão, como foi propagado nos últimos dias, pelas maiores autoridades nacionais em Ouro Preto, diante da estátua do alferes, a política mineral. O ouro de outrora se converteu no minério de ferro de agora, quando somos, diariamente, dilapidados pela sua extração e exportação, fazendo a riqueza de outros países, nos deixando apenas a poeira da história.

O lastro da arrecadação pelo minério de ferro tem como base a revisão dos royalties, corrigindo erros em anos e anos de equívocos e submissão. Mas a compensação pela revisão dos royalties é apenas o primeiro passo nesse processo, em que se deve privilegiar a riqueza natural financiando o desenvolvimento nacional, como sonharam, um dia, os inconfidentes.

Estudo recente, elaborado pelo Congresso Nacional, revela que na cadeia produtiva do ferro, a mineração gera apenas 100 empregos por mil toneladas de minério extraído e exportado. Se essas toneladas fossem beneficiadas aqui, elas gerariam, diretamente, 4 mil empregos. No ano de 2008 foram exportadas 282 mil toneladas de minério de ferro, que foram beneficiadas mundo afora e transformadas em 170 mil toneladas de aço. Só neste ano, com todo minério exportado, deixamos de gerar 680 mil empregos diretos no Brasil.

O beneficiamento do minério de ferro pela indústria nacional deve guiar essa proposta de criação de uma política minerária para o Brasil. Pois isso não gera apenas emprego e renda para o trabalhador, mas, sobretudo, um sentimento de nação, de estado, de cidadania. É com o emprego que o trabalhador da mineração poderá dar uma vida digna a sua família, que poderá dar educação com qualidade e qualificação a seus filhos, tendo seus direitos básicos preservados. Esse era o desejo inconfidente, essa deveria ser a nossa realidade. É preciso completar o sonho de Tiradentes, é preciso acabar com a espoliação em Minas e no Brasil.

Aprofundando ainda mais na questão minerária, nos deparamos com a preservação do meio ambiente. Não podemos adotar a mentalidade de que se pagar mais royalties se poderá explorar mais, à vontade. Não! Porque o imposto é uma compensação, ou seja, um reparo pelo impacto que foi gerado no meio ambiente, aos danos e prejuízos inerentes à atividade minerária, a sua extração.

Ora, a ordem natural então é gerar menos prejuízo, menos impacto, menos dano à natureza. É aumentar a produção pela produtividade. Isso deve orientar a criação do marco regulatório da mineração, sob a cobrança justa dos royalties, exigindo critérios de menos impacto para qualquer exploração futura, com estudos detalhados sobre as várias fases de extração de minério e exploração das jazidas, visando sempre o menor impacto para cada região a ser explorada. Sobretudo, a preservação dos mananciais existentes na área de mineração.

Isso tem em sua base a água, pois onde tem minério tem água, e a água é a fonte da vida na terra. Não é exagero dizer que uma possível terceira guerra mundial será pelo uso da água. Mundo afora, acompanhamos no presente o futuro impasse.

Água e minério são bens naturais, são duas riquezas, duas dádivas da natureza. Temos que preservá-las e respeitá-las, saber tirar delas benefícios para nosso desenvolvimento, pois o nosso futuro, inicia-se com elas.

Fonte:Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritorwww.petroniogoncalves.blogspot.com

Gente de OpiniãoDomingo, 6 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

 Hospital Municipal: quando teremos?

Hospital Municipal: quando teremos?

Faz tempo que essa promessa de novos hospitais públicos para Porto Velho está na fila de espera. Na condição de um dependente do Sus, desde que isso

Mais deputados para quê?

Mais deputados para quê?

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou o número de vagas no parlamento, passando de 513 para 531. Num país efetivamente sério mais representan

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Quarta-feira (25), o Congresso impôs mais uma derrota ao governo do presidente Lula derrubando o Decreto que aumentava o IOF. O governo perdeu mais

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

O esquema que desviou bilhões de reais de contas de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi apenas mais um

Gente de Opinião Domingo, 6 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)