Terça-feira, 8 de agosto de 2006 - 23h19
Passei a vida toda pensando de forma reta, plana, pensando sempre na mesa direção, sem admitir que houvesse variações. Na verdade, fui ensinado a arredondar meus pensamentos, assim como aprendemos arredondar resultados de cálculos matemáticos. Lembram? 30 dividido por 7 é igual 4,28. Porém se multiplicarmos 4,28 por 7, na realidade, o resultado é 29,96, que arredondando, é igual a 30. Porém o resultado real não é 4,28 e sim 4,285714286. Admito que seria complicado pensar dessa forma, ou pelo menos, ensinar a pensar dessa forma. Mas os grandes pensadores, ou qualquer pensador acima da média, pensam assim, considerando, senão todos, pelo menos grande parte dos dígitos. Esclarecendo, um pensador acima da média não aceita 4,28 como resultado simples de uma operação matemática 30 dividido por 7. Para ter mais precisão, certamente utilizaria mais dígitos.
E assim, nascemos, crescemos e morremos sob a égide dos ditados populares. Retos, óbvios, lógicos, sem margem de dúvidas, sem espaços para contra-argumentações. Com esse comportamento passamos à vida inteira fazendo parte do "senso comum", da "sabedoria popular", da "a voz do povo é a voz de Deus", do "a sabedoria vem do povo", e assim por diante. O resultado, arredondado disso são declarações que regem a vida inteira de uma pessoa comum, como por exemplo: "gosto não se discute", e passa a vida toda sem criticar, sem reclamar, "engolindo sapos". "Pau que nasce torto, morre torto", e passa a vida sem tentar, sem acreditar que transformações são possíveis, que as pessoas são modeláveis, podem ser treinadas, adestradas. Pessoas, como eu, passaram grande parte da vida arredondando pensamentos. Não admitindo que o que os nossos ensinaram, pudessem ter variações. Particularmente, acreditava no "falou ta falado". Foi exatamente no momento que enxerguei que entre zero e um, há uma infinidade de outros valores, a vida começou a ter mais sentido, porém, ficou, pelo menos no início, muito mais complicada. Foi essa infinidade de valores entre os números inteiros, atribuídos a conceitos, definições, que me fizeram ver um mundo muito mais complexo, porém, muito mais "controlável" do que antes. E a tendência é que quanto mais variações conseguirmos ver de um conceito, definição, mais complexo fica o mundo, e mais simples se torna a convivência, pois passamos a entender melhor as pessoas, o ambiente, e, consequentemente, teremos menos surpresas, porém, passaremos a conviver com a procura de equilíbrio. Teremos mais opções de escolha, o que, de certa forma, torna as tomadas de decisões mais difíceis, mas com maiores probabilidades de acertos, o que tornará vida mais fácil.
Vamos aos fatos. Analisaremos a palavra ladrão, que está na moda. De repente, todo mundo é ladrão, uma vez que ninguém acredita em ninguém. Não adianta termos uma "Carteira Profissional" devidamente assinada, que alguém solicitará uma declaração do empregador confirmando o que está escrito na CTPS - Carteira de Trabalho e Previdência Social. Já tentou se aposentar? Prepare-se, pois, de uma hora para outra, seus documentos terão que ser testemunhados por alguém, ou precisará de outros documentos para comprovar seus originais, ou seja, não valerão, absolutamente, nada.
Tudo isso por que não se admite que existam pessoas honestas. Até o Silvio de Abreu, escritor de novelas se surpreendeu com o resultado de pesquisas sobre personagens que não medem esforços para conseguirem o que querem. Declarou em entrevista a Veja, edição 1961, de 21/06/06, quando declarou ter ficado chocado com o resultado de uma pesquisa de rotina sobre novelas, "uma parcela das expectadoras já não valoriza tanto a retidão de caráter. Para elas, fazer o que for necessário para se realizar na vida é o certo. Esse encontro com o público me fez pensar que a moral está em frangalhos." Até as mulheres, muito mais sensíveis, mostra uma tendência de se "masculinizar", na forma de pensar. Confira outras declarações surpreendentes do Sílvio de Abreu: "As pessoas se mostraram mais interessadas nos personagens negativos que nos moralmente corretos." "Os personagens bons eram os mais queridos. Nessa última pesquisa, eles foram considerados enfadonhos por boa parte das expectadoras." Na novela Belíssima, a personagem Júlia serviu de exemplo para algumas expectadoras quando declararam, "quero ser a Júlia porque aí eu pago mensalão para todo mundo e ninguém me passa a perna", ou seja, "a esperteza desonesta foi vista como um valor", desabafou Sílvio de Abreu.
O que a educação tem a ver com isso? O Sílvio de Abreu falou da dificuldade de aumentar o nível das tramas pela dificuldade de acompanhamento dos expectadores, "se as novelas ficaram mais elaboradas, foi pela evolução dos autores. O nível intelectual do brasileiro está a baixo do que era nos anos 60 e 70, porque as escolas estão piores e o estudo não é valorizado. O valor não é mais fazer algo dignificante. As pessoas querem subir na vida, e dane-se o resto."
Veja em que ponto nos chegamos. A grande maioria do povo brasileiro, segundo o Sílvio de Abreu, não entende novelas com temas mais complexos, em função da baixa escolaridade. O fato de pouca leitura e do pouco entendimento dessa leitura, do povo brasileiro, já foi comprovado em pesquisa. O Brasil continua acreditando que alfabetizar é ler "p a - r a - b é n s" e assinar o nome. E o que são temas de novelas complexos? São apenas mais variações de um mesmo assunto.
Isso tudo leva a pensamentos retos, como escrevemos no início. Isso leva a não entender que nem sempre quem nós chamamos de ladrão é realmente um ladrão. Vamos às perguntas: você se considera um ladrão ou ladra? Quem é ladrão para você? Vamos a definição de ladrão, segundo o Aurélio: Que furta; ladro. Que resulta de roubo, de furto. Aquele que furta ou rouba; gatuno, ladro, larápio, rato, amigo do alheio. Homem sem consciência; biltre. Brejeiro, maganão. Bom essa é a versão reta, ou seja, sem os detalhes. Segundo o Aurélio, a palavra ladrão tem vários aspectos, por exemplo pode ser adjetivo, substantivo (figura, familiar, botânica) e outros. Como podemos ver, a palavra ladrão não se trata apenas de quem rouba algo. Em botânica trata-se do broto que surge da base do tronco ou de raízes, na planta com cavalo; gomeleira, ladroeiro, chupão.
Se você pesquisar o significado de cada palavra atribuída a ladrão, perceberá que há muitas variações. Assim como entre zero e um tem uma infinidade de números, a palavra ladrão tem uma infinidade de entendimentos, entre os extremos, como por exemplo, roubar um beijo da própria mãe e roubar algum objetivo de alto valor para alguém. Mais isso não garante que um beijo não seja algo de alto valor para essa mãe, e que poderia ter até uma repercussão maior do que um carro roubado de alguém, ou vice versa, depende do valor que se dá. É complexo, como podem ver.
Nunca apareceu tanto ladrão na mídia como nos dias atuais. Cada um com a sua característica. Um faminto, de comida, que roubou algo para comer pode morrer na cadeia, e um faminto de dinheiro que roubou muito dinheiro público está solto e roubando mais. Porém, todos são ladrões, porém em níveis (variações) diferentes.
No livro "O poder das afirmações positivas - como usar seus pensamentos, palavras e convicções para atrair o que você deseja para a sua vida, de Louise Hay, Editora Sextante, está escrito o seguinte: "na verdade, ganhar na loteria raramente traz mudanças positivas. A maioria dos ganhadores perde quase todo o dinheiro em dois anos e muitas vezes fica pior financeiramente do que antes. Ganhar dinheiro dessa forma dificilmente resolve qualquer tipo de problema. Por quê? Porque não envolve uma mudança de consciência. É como se você dissesse ao Universo: "Não mereço ter boas coisas, a não ser por um golpe de sorte."
Outro ponto interessante no livro da Hay: "Outro elemento capaz de impedir você prosperar é a desonestidade. Tudo o que sai de você volta para você. Sempre. Se tirar qualquer coisa da Vida, ela também irá tirar de você. É simples assim. Você pode achar que nunca rouba nada, mas já contou quantos clipes e canetas do escritório que levou para casa? Ou o tempo que você rouba dos outros, o desrespeito para com alguém, a mentira, a apropriação de um amigo? Todas são formas de desonestidade. É como se você dissesse ao Universo: "eu não mereço boas coisas. Preciso tomá-las sorrateiramente"". E nem por isso somos condenados, mas no fundo, somos ladrões, em outro nível. E aí? Isso está certo?
Pois é. Tomar aquele tempinho do amigo, pode fazer de nós um ladrão. Colocar dúvidas na cabeça dos outros, e tirar o seu sossego, também pode nos tornar um ladrão. Roubar o coração de uma mulher nos faz um excelente e ovacionado ladrão. Roubar dos ricos e para dar aos pobres... Bem, isso só deu certo com o Robin Hood. O bom ladrão. Existe mesmo um "bom ladrão"? São as tais variações, resultados de julgamentos de valores, do ponto de vista do julgador.
E aí? Qual é a nossa pena quando cometemos esses "pequenos" delitos? Qual é a forma de mensuração? Como pensam os juízes, ou jurados, os advogados, os promotores? Apesar das Leis, o roubado é quem sabe o valor do roubo, pois quem rouba não tem a menor noção, ou tem?
Você já se sentiu roubado? Não estou me referindo ao roubo da forma que estamos acostumados a ver, refiro-me a esses "pequenos" roubos que estão acima dos ditados populares, do senso comum. Às vezes um roubo de um carro zero pode ser menos doloroso do que o roubo de uma fotografia, um livro, algo que represente a sua identidade, que comprove a sua existência. Quem poderá julgar? Certamente, nenhum juiz condenará o ladrão de algo de valor emocional, da mesma forma que julgará o ladrão de um carro, sem valor emocional para o seu dono. Primeiro, porque isso não está nas Leis. As Leis, por mais que se tente, jamais serão tão flexíveis que permita julgamento de um ladrão de coração (em Tutóia/MA, minha cidade natal, o ladrão de mulher era preso até aceitar casar com o produto do roubo. Não sei se ainda acontece dessa forma.), de tempo, por exemplo. A não ser que tenha valor para os julgadores, porém, a justiça não existirá nestes casos, pois não há referências, jurisprudências, haverá apenas bom senso, sempre resultante de julgamentos individuais de acordo com as lentes, dos pontos de vistas do julgador. São as variações de julgamento.
Portanto, resta-nos condenarmos-nos, condenar outros, absolvermos-nos, absolver outros, no plano da consciência. E ter cuidado para não se deixar roubar, e, principalmente, roubar, no plano dos homens, ou seja, no plano, na retidão, da inflexibilidade, da crueza, da frieza, da ambigüidade, dos interesses, da fragilidade, da dureza, do valor monetário, da conveniência, da tendência, da vantagem, da indecência, do decoro, da justiça, da injustiça, da sacanagem, da falta de critérios, da interpretação, da má fé... das Leis Brasileiras.
Reflita: existem realmente raças humanas? Ou existem apenas variação de cores em o branco e o preto?
Uma última pergunta: você é um ladrão?
Se permitir entender que nem todo "ladrão" é um ladrão e que nem todo ladrão é um "ladrão", é MUDAR PARA VIVER MELHOR.
CONVITE: Se vovê está no Orkut, cadastra-se na comunidade MUDAR PARA VIVER MELHOR, e contribua com a disseminação dessa filosofia de vida. O endereço é http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=4897543.
Fonte:Por Sérgio Ramos
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