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EDUCAÇÃO BRASILEIRA: ENTRE A NECESSIDADE E A QUALIDADE


 
• Leudo Buriti

Segundo dados publicados pela UNESCO, uma grande parcela dos alunos de diferentes níveis educacionais apresenta deficiências críticas no Brasil. É evidente o avanço no âmbito da educação ao longo dos tempos em nosso país. Entretanto, ainda conforme dados do referido órgão e publicados no relatório “Educação para Todos”, o Brasil está entre os 53 países que ainda não atingiram e nem estão perto de atingir os objetivos de “Educação para Todos até 2015”. Nosso país amarga a 88ª posição no ranking de desenvolvimento educacional, atrás dos países mais pobres da América Latina, como o Paraguai, o Equador e a Bolívia. Tais dados soam absurdos numa época em que se fala tanto dos avanços e “credibilidade” do país. 

Mesmo sem pretender fazer uma análise profunda sobre o tema (complexo e, ao mesmo tempo, contraditório), alguns pontos merecem ser destacados. Sem ir muito longe, a imprensa do nosso Estado têm noticiado a greve de professores da rede estadual de ensino. De um lado, professores indignados com a proposta de reajuste salarial feita pelo governo, do outro lado, agentes públicos fechados ao diálogo, e no meio disso tudo está quem mais sofre – os alunos das escolas em greve. Constantemente é negado o direito à educação. Mal começa o ano letivo e as aulas são paralisadas. Porém, não queremos uma educação de qualquer modo. Educação é assunto para ser levado a sério. Precisamos dos nossos jovens e crianças em salas de aulas dignas. O mínimo de conforto é necessário para que se crie um ambiente propício à aprendizagem. Salas confortáveis, recursos técnicos e didáticos disponíveis, acervo bibliográfico atualizado para professores e alunos, acesso a internet, merenda escolar (sim, nem todos saem de casa devidamente alimentados), tudo isso faz parte ou, pelo menos, deveria fazer parte da nossa educação ou da preocupação daqueles que a conduzem. 

Não se trata de utopia. Trata-se de necessidade urgente. Levar em consideração tais questões deveria fazer parte de todo e qualquer governo que se preocupa com a educação de seu povo. A “educação para todos” anseia, antes de qualquer coisa, por qualidade. É muito bom saber que pesquisas revelam que o acesso ao ensino fundamental está quase universalizado no Brasil, com 94,4% da população de 7 a 14 anos incluídos nesse nível de ensino. Pergunta-se: qual a real porcentagem dos alunos brasileiros que saem do ensino médio competentes em língua portuguesa e matemática (para ficar apenas nessas duas disciplinas?). Não é raro vermos professores espantados com o não domínio de regras gramaticais básicas por parte de seus alunos. As lacunas deixadas por uma educação de má qualidade no ensino fundamental refletirá durante toda a vida estudantil. Os problemas de interpretação textual, do ensino básico à universidade, são gritantes. Aprende-se ler apenas o que está explícito, aquilo que é óbvio. O que está apenas sugerido nas entrelinhas torna-se um imenso vácuo entre leitor e produtor do texto. Nem sempre quantidade é o suficiente. 

E como falar de qualidade na educação sem falar em professores mal renumerados e desestimulados profissionalmente? Paga-se muito pouco àqueles que formam os nossos futuros médicos, advogados e dentistas. É vergonhosa a realidade salarial dos profissionais em educação no Brasil. Entre todas as profissões, esta deveria ser uma das mais bem renumeradas. Negar seus direitos e garantias é contribuir para uma educação fragilizada. Infelizmente não temos outro caminho se não a greve. A luta por uma educação de qualidade e com salário digno não é somente dos profissionais em educação, ela envolve toda a sociedade. O reflexo de uma má ou boa educação incide diretamente sobre todos nós. Não dá para fechar os olhos, assim como não dá para viver apenas de números. E como diz na canção, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte, a gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte...”

*Leudo Buriti – é advogado pós-graduado em direito público e constitucional.

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