Porto Velho (RO) sexta-feira, 4 de julho de 2025
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Opinião

Desafios para uma engenharia florestal amazônida



  * Ecio Rodrigues


Há mais de 20 anos, a ciência florestal praticada na Amazônia se concentra no esforço de gerar conhecimentos e inovações tecnológicas que favoreçam o uso sustentável da imensa diversidade biológica existente na região.

Um desafio sem precedentes que, além de exigir a concepção de uma inovação tecnológica complexa e extensa, encontra resistências variadas de cunho ideológico, religioso e até espiritualista.

Ocorre que ao se concentrar no uso sustentável, o mesmo que conservação da floresta, a ciência florestal precisa desenvolver metodologias para explorar cada recurso florestal, que pode ser, por exemplo, uma árvore milenar, como a castanheira, ou um animal silvestre, como o papagaio.

Tanto no primeiro, como no segundo caso, as resistências serão bem maiores se a árvore ou o papagaio tivessem que ser abatidos, tanto para aproveitamento da madeira quanto para alimentação. Felizmente, nesses dois casos, são aproveitadas as sementes da castanheira e a agradável companhia do papagaio e nada precisa morrer.     

Para vencer essas resistências, ainda na década de 1990, várias instituições de pesquisas como a Embrapa, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), associadas a algumas organizações da sociedade civil como o Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA), também do Acre, conseguiram definir um leque de procedimentos técnicos que permitiriam, uma vez colocados em prática, organizar a produção florestal em nível de colocação de seringueiro.

Seria possível, dessa maneira, a oferta de um leque variado de produtos e serviços oriundos do ecossistema florestal amazônico. Denominaram essa tecnologia de Manejo Florestal de Uso Múltiplo.

Após 15 anos de sua concepção inicial, essa inovação tecnológica ganhou destaque nas políticas estaduais e nacionais. A recente Lei de Gestão de Florestas Públicas, que instituiu o mecanismo das Concessões Florestais e criou o Serviço Florestal Brasileiro, tem o Manejo Florestal de Uso Múltiplo como princípio norteador.

Em nível estadual não foi diferente, atualmente em estados como Acre, Amapá e Amazonas existem um arcabouço normativo composto por Lei de Política Florestal e de Gestão Ambiental, que corrobora essa tecnologia como referência principal para o uso múltiplo da floresta na região.

No entanto, apesar dos avanços e do engajamento entusiasta que desperta nas pessoas, sobretudo aquelas preocupadas com a proteção da floresta, a propalada biodiversidade ainda irá requerer muito esforço técnico e financeiro para ser alçada à condição de solução para os problemas que afligem a região.

Com uma Engenharia Florestal aliada aos ideais do conservacionismo, que acredita na possibilidade técnica e política da exploração sustentável dessa biodiversidade, a Amazônia deverá investir na promoção e desenvolvimento de procedimentos tecnológicos que orientem o uso dos múltiplos produtos e serviços que o ecossistema florestal amazônico pode ofertar.

É hora de se superar as resistências e assumir que a saída possível é o MANEJO FLORESTAL DE USO MÚLTIPLO, uma tecnologia que, quando reconhecida pelos governos estaduais e municipais, já comprovou seu potencial para promover na Amazônia o Desenvolvimento Sustentável que o mundo espera.

* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).

Gente de OpiniãoSexta-feira, 4 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

 Hospital Municipal: quando teremos?

Hospital Municipal: quando teremos?

Faz tempo que essa promessa de novos hospitais públicos para Porto Velho está na fila de espera. Na condição de um dependente do Sus, desde que isso

Mais deputados para quê?

Mais deputados para quê?

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou o número de vagas no parlamento, passando de 513 para 531. Num país efetivamente sério mais representan

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Quarta-feira (25), o Congresso impôs mais uma derrota ao governo do presidente Lula derrubando o Decreto que aumentava o IOF. O governo perdeu mais

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

O esquema que desviou bilhões de reais de contas de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi apenas mais um

Gente de Opinião Sexta-feira, 4 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)