Quarta-feira, 26 de agosto de 2009 - 14h37
Eu me lembro dos tempos da Ditadura, quando tudo que nós fazíamos era acompanhado de muito perto pela repressão, eles eram inteligentes, conseguiam decifrar nossa insatisfação, feitas através de frases, textos músicas e poemas.
Afasta de mim esse cálice, hoje você é quem manda, caminhando e cantando, e por aí afora, tudo muito bem detalhado e pesquisado por eles, arranhavam LPS, ainda na fase de prensagem, apagavam textos já prontos para ir ao ar, cortavam falas de espetáculos teatrais, e formavam corredor polonês nas coxias dos teatros.
Por incrível que pareça, era uma repressão inteligente, liam tudo, iam a todos os eventos, marcavam presença, para detectar a inteligência, os recados mandados a população sobre o regime, através das artes.
Hoje o poder adormeça em berço esplêndido, o que se busca é o poder de mando, as benesses que a pátria oferece, para que ir a um espetáculo, onde o artista vai reclamar da minha administração, o fulano eu já conheço fala mal da gente, sicrano vai dizer que nós não fazemos nada.
Não tenho saudades da ditadura e da repressão, pois também sofri com ela, mas que saudades da inteligência.
Carlinhos Maracanã
Agitador cultural.
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