Terça-feira, 12 de maio de 2009 - 18h47
Bil Lara *
Adital - A frase do deputado federal gaúcho, Sérgio Moraes (PTB), nada mais é que a verdadeira expressão do sentimento que os políticos, em todos os níveis, têm para com o cidadão. Ele apenas teve coragem de pronunciá-la.
Se mais não fosse, basta ver as barbaridades que fazem, as atitudes que assumem, os desmandos que cometem e o menosprezo com o dinheiro do contribuinte.
Para o deputado Sérgio Moraes pode não passar de força de expressão, mas nós temos que tomar sua frase como uma verdadeira manifestação de menosprezo por cada um de nós, por cada voto, por cada desejo e por cada sonho não sonhado.
Há muito tempo que as coisas não estão certas nesse país. Durante décadas, essa máquina esteve longe das páginas dos jornais. Sob o manto da censura e dos acordos para a manutenção da democracia relativa, o monstro foi sendo gerado e se transformou no que estamos vendo hoje. Ele está num processo natural de autofagia, passo natural na consolidação da democracia. Mas será um parto demorado e doloroso.
A falta de cidadania por quase duas décadas criou uma distorção com a promulgação da Constituição de 1988. Surgiu o cidadão dos direitos e sem deveres. O brasileiro desconhece que não há cidadania sem civismo e nem civismo sem cidadania.
A imprensa vive o conflito entre o compromisso com a verdade e a gestão empresarial. Sabemos que isso não gera imparcialidade e isso é um dos muitos motivos porque as sujeiras se acumulam sob o tapete.
Tudo o que é notícia hoje, há muito que até as pedras de Brasília sabem. Mas, os interesses! ahhh... os interesses!
Falta à imprensa e à mídia a capacidade de catalisar as necessidades da população, informar e mobilizar a opinião pública. Há uma natural distância entre a sociedade e os meios de comunicação, vistos como parte do problema e não da solução, devido ao seu comprometimento com os acontecimentos do passado recente.
Como exemplo, temos as denúncias e investigações sendo protagonizadas por blogs e jornais eletrônicos, com muito mais capacidade investigativa e independência editorial do que os jornais tradicionais, comprometidos política e economicamente.
O simples denuncismo provoca sentimentos de raiva, frustração e antagonismo, mas nos afasta do pensamento sereno e propositivo.
Falta uma grande pauta popular para que o povo saiba como se manifestar, como se organizar e como cobrar seus direitos. O simples exercício do voto se mostra insuficiente.
Faltam entidades que comecem a fazer um amplo trabalho de consciência cívica, de patriotismo, de interesse verde-amarelo.
Onde estão nossos heróis? Onde estão nossos símbolos? Onde estão nossos ideais? Onde estão nossas instituições?
A globalização econômica e intelectual sufoca o espírito de amor a pátria. É feio falar do Brasil, esse lugar tão distante...
Hoje, o interesse é financeiro ou econômico, porque as ideologias morreram ou também estão atreladas.
Não há regime mais conflituoso do que a democracia e aí reside sua maior virtude. É nela que a sociedade se manifesta, contesta, exige, propõe, decide, constrói e evolui. Ouvir os diferentes, unir os iguais e criar uma consciência nacional única.
Os políticos erram duas vezes. Por fazer o errado e por não fazer o certo.
Nós não podemos errar mais.
A grande mudança nesse país, passa pela mudança de cada um de nós.
O título desse artigo é exatamente como o povo está: passivo, amorfo e atônito.
A triste realidade é que no fundo, todos nós estamos nos lixando para o país.
* Publicitário e consultor político
FONTE: ADITAL
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