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Meio Ambiente

O que aconteceu com a taioba?


 O que aconteceu com a taioba? - Gente de OpiniãoO Advogado Annibal Duarte F. Filho mostra enormes folhas de taioba tiradas do quintal
de sua casa, em Bicas, na Zona da Mata Mineira. / Foto Ariosto Mesquita

Ariosto Mesquita
([email protected])


Ela é rústica, bonita, saborosa, de boa versatilidade gastronômica, muito bem adaptada ao clima tropical, mas, infelizmente está hoje fora do circuito comercial do País. Essa é a taioba, uma hortaliça com folhas parecidas com a couve, porém bem mais altas e largas e que no passado fez parte da dieta do brasileiro.

Junto com a couve e o quiabo, era item quase diário nas refeições durante o período colonial. Não que ela tenha sumido completamente das receitas. No entanto, são muito raras as hortas que cultivam esta verdura, possivelmente por desconhecimento de suas possibilidades culinárias e de seu poder enquanto alimento.

No Brasil, uma das iniciativas que tenta integrar a taioba - e outras plantas comestíveis consideradas não convencionais - ao cultivo comercial em estímulo à agricultura familiar é desenvolvida pela Embrapa Hortaliças, em Gama, DF. Além de se dedicar ao estudo e disseminação de seu cultivo, o engenheiro agrônomo e pesquisador da unidade, Nuno Rodrigo Madeira, é fã de carteirinha. “Tenho 50 pés na minha casa; preparo e como pelo menos duas vezes por semana no verão”, admite.

De nome científico “Xanthosoma sagittifolium”, a taioba é considerada detentora de alta concentração de nutrientes e alimento adequado para crianças, atletas e idosos. Pesquisas feitas com a hortaliça ao longo das últimas décadas detectaram em suas folhas grande concentração de vitamina A (superior a brócolis, cenoura ou espinafre) além de vitamina C, ferro, potássio e manganês. Uma planta que é um verdadeiro coquetel vitamínico e que cresce facilmente em qualquer quintal.

A hortaliça se desenvolve com facilidade em climas quentes e úmidos, típicos de áreas tropicais, em temperaturas médias entre 25 e 35 graus. O solo deve ser bem drenado e preferencialmente indica-se o plantio em área de boa incidência de luz natural.

Apesar de pouco conhecida no Brasil, a taioba ainda conta com algumas ilhas de consumo no País “Tem certa demanda nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e, sobretudo, em Minas Gerais”, afirma.

Nas pequenas cidades do Sul de Minas e Zona da Mata, são comuns cenas de pequenos agricultores carregando enormes maços de folhas de taioba em garupas de bicicletas para vender em feirinhas ou de porta em porta. Nos quintais de terra com boa drenagem e rica em matéria orgânica, a taioba geralmente se multiplica e é colhida minutos antes das refeições, uma vez que seu preparo mais comum – folhas rasgadas e refogadas – é bem rápido. Um dos pratos mais populares do dia-a-dia da cozinha mineira é a taioba com angu e linguiça.

Por outro lado, a grande maioria dos agricultores familiares brasileiros desconhece essas e outras hortaliças e acabam desprezando o que lhe poderia dar renda ou servir como alimento. “Já estive em regiões e vi horticultores, em dificuldades até para garantir seu próprio alimento, capinando e jogando fora almeirão, serralha, taioba e reclamando que o mato estava invadindo a horta”, conta Madeira.

Enquanto isso, em outros países, o consumo é bem mais sólido. No mês de julho, Nuno Madeira esteve no Haiti e conferiu isso de perto: “eu comi rizoma de taioba que lá eles chamam de malangá e também um bolinho feito com base na hortaliça que eles batizaram de acra”. Além das folhas e dos rizomas, o pecíolo (haste que liga a raiz à folha) também é comestível. “Empanado e frito fica uma delícia”, admite Madeira.

Cuidados

Um dos gargalos que dificulta a abertura de mercado para a taioba está na pós-colheita. “As folhas devem ser constantemente umidificadas, pois a tendência é que murchem rapidamente. Por isso, invariavelmente essa hortaliça tem de ser comercializada no mesmo dia”, explica.

No entanto, nada preocupa mais o consumidor e o horticultor do que identificar corretamente a taioba comestível da taioba selvagem, considerada venenosa. O pesquisador da Embrapa adianta que as variedades impróprias para o consumo se encontram mais concentradas na Amazônia e que as plantas no Sudeste dificilmente são prejudiciais.

No entanto, ele dá algumas dicas para distinguir cada uma delas. “O primeiro passo é ter um histórico de procedência da planta ou da muda. Em seguida devem-se observar as seguintes características: se houver um ponto roxo onde o pecíolo encontra a folha, a tendência é ser selvagem; quando houver uma nervura perimetral, dando volta completa na borda da folha, geralmente é comestível; quando o “v” da forma de coração, que consideramos como a reentrância da folha, atingir o pecíolo, em 90% dos caos é comestível”, orienta.

Para o horticultor que quer cultivar a taioba, Madeira ressalta alguns cuidados necessários: “primeiramente o ideal é comercializá-la no mesmo dia; a colheita deve ser feita sempre à sombra, de preferência bem no início da manhã; até a venda, as folhas devem permanecer umidificadas e em ambiente fresco”.

Para quem não conhece as qualidades gastronômicas da taioba ou qualquer referência a ela, o pesquisador da Embrapa garante: “sou suspeito para falar, mas em comparação com a couve, por exemplo, o sabor é maravilhoso”.

O produtor que se interessar por mais detalhes sobre a taioba pode manter contato com a Embrapa Hortaliças, em Gama, DF, pelo fone (61) 3385-9000 ou conhecer mais da unidade de pesquisa pela internet: www.cnph.embrapa.br.

Quantidade por 100 gramas de taioba

 

Energia (Kcal)

 

34

 
 

Carboidrato

 

5,4 g

 
 

Proteina

 

2,9 g

 
 

Lipídios

 

0,9 g

 
 

Fibras

 

4,5 g

 
 

Cálcio

 

142 mg

 
 

Magnésio

 

38 mg

 
 

Fósforo

 

53 mg

 
 

Ferro

 

1,9 mg

 
 

Sódio

 

1 mg

 
 

Potássio

 

290 mg

 
 

Zinco

 

0,6 mg

 
 

Vitamina B2

 

0,10 mg

 
 

Vitamina B6

 

0,10 mg

 
 

Vitamina C

 

17,9 mg

 
 

Fonte – Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alimentação (NEPA) - Unicamp

 

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