Segunda-feira, 9 de setembro de 2019 - 18h53
O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu elogios por colocar os incêndios florestais na Amazônia no topo da agenda global, mas em casa os defensores do meio ambiente gostariam de ver menos conversa e mais ação.
Há dois anos, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se retirou do acordo climático de Paris, ele se comprometeu a "tornar nosso planeta grande novamente". Mas internamente Macron não cumpriu sua promessa. Uma tentativa de aumentar os impostos sobre os combustíveis fósseis desmoronou diante dos protestos dos "coletes amarelos", a expansão das energias renováveis ainda é prejudicada pela burocracia e as usinas nucleares herdadas ainda não foram fechadas.
"Por um lado, Emmanuel Macron merece crédito por quase todos os seus discursos" sobre o meio ambiente, disse Arnaud Gossement, advogado de Paris que trabalha para desenvolvedores de energia limpa. "Por outro lado, a maioria de suas ações fica aquém".
Assim como outros líderes europeus, Macron está dividido entre uma crescente preocupação pública quanto às mudanças climáticas e o custo imediato para fazer a transição para a energia de baixo carbono. O presidente é puxado em uma direção por aqueles que buscam preservar empregos na indústria nuclear, nos negócios de petróleo e gás e na agricultura, e na outra direção por defensores da energia eólica e solar, veículos mais limpos e proteção do solo.
Os protestos contra os aumentos de impostos sobre a gasolina, dos chamados "coletes amarelos" ressalta o risco de se errar a dose.
Na cúpula do Grupo dos Sete (G7), no mês passado, Macron decidiu interromper a agenda formal e concentrar a pauta nos incêndios florestais que assolam a Amazônia. Ele acusou o presidente Jair Bolsonaro de mentir sobre os esforços para proteger as florestas e ameaçou boicotar o acordo comercial da União Europeia com o Mercosul, proposta que vários outros líderes do bloco rejeitaram.
Mesmo essa abordagem vigorosa sobre uma questão ambiental crucial atraiu críticas mistas na França. O ex-ministro da Ecologia, Nicolas Hulot, que renunciou há um ano pelo que descreveu como falta de ação em diversas questões ambientais, disse em um tuíte que Macron deve seguir suas duras palavras e proibir a importações de produtos agrícolas brasileiros.
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