Quinta-feira, 15 de outubro de 2020 - 11h13
A vida nas cidades amazônicas e oportunidades de negócios
sustentáveis foram debatidos nesta quarta-feira (14) no terceiro e último
painel dos debates prévios que antecedem o Fórum Mundial Amazônia+21, marcado
para 4,5 e 6 de novembro. O evento vai acontecer de forma virtual, gratuito e
com tradução simultânea para o inglês e espanhol. Para participar, inscreva-se
aqui.
Para aprofundar o tema das
cidades, o painel foi desdobrado em dois diálogos. O primeiro abordando
“Cidades e Desenvolvimento Sustentável”, foi moderado pelo gerente de Relações
Institucionais do Iclei América do Sul, Rodrigo Corradi, e contou com a
participação do diretor regional da ONU-Habitat para América Latina e do
Caribe, Elkin Velásquez, da diretora regional do Programa de Segurança
Energética e Mudanças Climáticas da Fundação Konrad Adenauer, Nicole Stopfer e
prefeitos da região.
A prefeita de Boa Vista,
Teresa Surita apresentou projeto de sustentabilidade de energia através de
investimentos em energia fotovoltaica. “Nossa capital é a única que não é
interligada ao sistema nacional de energia elétrica. E preocupados com
poluição, focamos no investimento em placas solares, pois a região nos
permite”, contou.
O primeiro projeto foi
desenvolvido na comunidade indígena Darora, com aproximadamente 50 famílias.
Como foi uma experiência de sucesso, foram construídas mais cinco usinas
solares, que atendem diversos órgãos públicos, como a prefeitura, secretarias
municipais, mercado municipal e pontos de ônibus climatizados.
“Até o final do ano
entregaremos mais uma usina, que, somada às já concluídas, representará uma
economia de R$ 5 milhões/ano, a preservação de 245.629 árvores, abastecimento
de mais de 9 mil residências e diminuição de 7,5 milhões em emissão de gás
carbono”, disse a prefeita.
O diretor regional da
ONU-Habitat para América Latina e Caribe, Elkin Velásquez, disse que é
necessário avançar na agenda da sustentabilidade e englobar a região no chamado
bloco da panamazônia, e assim chamar a atenção dos governos para a importância
da sustentabilidade e do desenvolvimento, não só das cidades, mas também nas
regiões que ainda estão isoladas.
A coordenadora de projetos do
Programa Regional de Segurança Energética e Mudança Climática (Ekla) da
Fundação Konrad Adenauer, Anuzca Soares, também abordou a situação amazônica
sob um prisma das mudanças climáticas e de que forma isso pode ser trabalhado
para promover o desenvolvimento sustentável, mantendo a floresta de pé e fomentando
a bioeconomia.
Perspectivas
da urbanidade
O segundo bloco, com o tema
“Desenvolvimento Urbano Sustentável”, teve as presenças do pesquisador da
Consultoria Way Carbon, Sérgio Margulis; do secretário executivo da Frente
Nacional de Prefeitos, Gilberto Perre; dos prefeitos de Macapá, Clécio Vieira,
e de Porto Velho, Hildon Chaves.
O prefeito de Macapá, Clécio
Vieira, enalteceu o evento. Segundo ele, o fórum propõe pontos convergentes
para preservação e desenvolvimento. Também disse que dentro da Amazônia existe
várias “amazônias”, cada região com sua particularidade. “O importante é
encontrar alternativas para esta agenda, reunindo o setor público, sociedade
organizada, academia, empresários, e promover a discussão para encontrar as
melhores saídas”, frisou.
Hildon Chaves, prefeito de
Porto Velho, corroborou as palavras de Clécio Vieira. Ele acrescentando que um
dos gargalos para o desenvolvimento da região amazônica é a regularização
fundiária. “Porto Velho tem grandes áreas que não estão regularizadas e isso
inviabiliza principalmente a abertura de crédito para os produtores locais”,
disse.
Sergio Margulis disse que não
existe proteção possível para o bioma que não passe pelo desenvolvimento da
região. No entanto, existem áreas que já são fechadas e protegidas. “Mas esta
não é a receita geral”, disse. Segundo ele, a motivação do Fórum de Cidades
Panamazônicas é a junção dessas perspectivas: a proteção da floresta e a
melhoria da qualidade de vida da população amazônica urbana.
Gilberto Perre ressaltou que
já houve outros eventos em que a sustentabilidade foi o foco de discussões.
“Hoje a Amazônia tem uma voz cada vez mais forte. Deixo uma sugestão, que é a
criação de uma rede entre as cidades, com foco multidisciplinar, reunindo
secretarias de planejamento, meio ambiente e educação para promover uma troca
de experiências e competências, e deixar essa rede fortalecida”.
Victor Ferraz, do Iclei, falou
sobre a importância da preservação da biodiversidade dentro de um contexto
econômico não só para o Brasil, mas para outros países. “O Brasil é país com a
maior biodiversidade do mundo, mas não é só aqui que devemos ter o cuidado da
preservação”, comentou. Também apresentou alguns projetos desenvolvidos pelo
Iclei que traçam estratégias para manter a biodiversidade e o ecossistema.
Ao final, o presidente da
Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), Marcelo Thomé lembrou
que o tema Cidades voltará a ser pauta do fórum, nos próximos dias 4, 5 e 6 de
novembro, e convidou a todos a participarem do grande debate.
Sobre
o Fórum
O Amazônia+21 é um fórum
internacional permanente de diálogos, que busca fortalecer uma identidade
cultural e econômica, com novos modelos de desenvolvimento regional sustentável
para a região amazônica. A ação envolve os governos, o setor produtivo,
academia, sociedade civil organizada e fomento. A ideia é que o fórum seja
realizado a cada dois anos.
É esperada a participação de
cientistas, pesquisadores, especialistas, empresários, empreendedores,
investidores, órgãos de fomento, governantes e chefes de Estado. Mais
informações no site do Amazônia+21.
O evento se dará de forma
virtual e tem como propósito encontrar as melhores soluções para o
desenvolvimento sustentável da região amazônica. É promovido pela Federação das
Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), em conjunto com a Prefeitura de Porto
Velho, através da ADPVH, com correalização da Confederação Nacional das
Indústrias (CNI) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL).
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