Terça-feira, 8 de julho de 2025 - 18h45
Uma pesquisa divulgada
recentemente pela Fundação Getulio Vargas (FGV) estimou que os
Microempreendedores Individuais (MEIs) poderão gerar um prejuízo de R$ 711
bilhões ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nas próximas décadas,
quando seus beneficiários começarem a se aposentar. A estimativa, no entanto, causou
controvérsia entre representantes do setor e especialistas em políticas
públicas. A repercussão tomou ainda mais força após declarações de um político
vinculado ao Sebrae, que classificou o relatório como uma "afronta aos
pequenos negócios" e sugeriu a retórica de “nós contra eles” — colocando
os microempreendedores em oposição às grandes corporações. Segundo ele, a
crítica aos MEIs ignora o fato de que os grandes grupos econômicos recebem
cerca de R$ 800 bilhões em incentivos fiscais, o que evidencia uma possível
disparidade de tratamento entre os dois extremos da cadeia produtiva. Contudo,
vale destacar que tanto a criação do MEI quanto os mecanismos de incentivo às
grandes empresas passaram por processos legislativos regulares, com aprovação
do Congresso Nacional e sanção da Presidência da República — o que retira a
exclusividade de responsabilidade de um grupo ou outro.
Assista: https://youtu.be/EUj6-lfR9-c
FGV II: Análise
parcial?
Especialistas também
apontam que a abordagem da FGV pode ter sido limitada. O estudo considerou o
impacto financeiro apenas pelo lado do passivo previdenciário, ou seja, quanto
o governo deixaria de arrecadar no futuro para cobrir aposentadorias. No entanto,
desconsiderou os ativos já gerados pelos MEIs — que hoje somam mais de 16,3
milhões de CNPJ’s ativos no Brasil. Cada MEI pode faturar até R$ 81 mil por
ano, o que representa um potencial de movimentação econômica de mais de R$ 1,3
trilhão anualmente, com estimativa de arrecadação de cerca de R$ 395 bilhões em
tributos. A projeção, portanto, sugere que, mesmo com os custos previdenciários
futuros, o modelo pode gerar superávit ao longo do tempo, especialmente se
houver atualização do teto de faturamento — promessa discutida no Congresso.
FGV III- Impacto
social invisibilizado
Além do fator
econômico, há também uma dimensão social relevante. A abertura de um posto de
trabalho em grandes empresas, segundo estudos, custa em média US$ 85 mil. Já o
MEI, frequentemente familiar, envolve parcerias entre cônjuges e familiares,
reduzindo custos e aumentando a eficiência. Estima-se que o segmento, de forma
direta ou indireta, gere trabalho para mais de 50 milhões de brasileiros.
Diante dos dados, especialistas defendem que o MEI e as micro e pequenas
empresas seguem sendo uma das maiores forças da economia nacional — tanto na
geração de renda quanto na formalização de trabalhadores. Ainda assim, o setor
segue enfrentando barreiras estruturais e pouca valorização política. “Quem
move a economia deveria ter menos percalços. O Brasil precisa enxergar os MEIs
não como custo, mas como investimento”, conclui um dos representantes do
segmento.
SELIC em alta é a
sinalização do Banco Central
A trajetória da taxa
Selic, principal instrumento de política monetária do país, tem sido
acompanhada com atenção por empresários, investidores e cidadãos em geral.
Afinal, suas variações afetam diretamente o custo do crédito, o consumo, os
investimentos e, em última instância, o crescimento da economia. Recentemente,
o Banco Central surpreendeu ao elevar a taxa em 0,25 ponto percentual,
levando-a de 14,75% para 15% ao ano — uma decisão que, para muitos analistas,
contrariou os sinais emitidos pelos principais indicadores econômicos. Em análise
sobre esse cenário, o economista Roberto Troster questiona a pertinência da
decisão e reflete sobre os desdobramentos para os próximos meses. Troster
ressalta que havia uma expectativa generalizada de manutenção da taxa. Mais do
que isso: os fundamentos macroeconômicos apontavam para um contexto de
arrefecimento das pressões inflacionárias. As projeções de inflação vinham em
queda, revelando que o mercado já esperava uma trajetória de desaceleração dos
preços. Além disso, fatores externos contribuíam para esse cenário: o preço do
petróleo no mercado internacional recuava, o que tende a baratear combustíveis
e outros insumos diretamente ligados ao transporte e à produção de bens. Outro
dado apontado pelo economista diz respeito ao câmbio. A valorização do real
frente ao dólar — com o câmbio atingindo patamares mais baixos a cada dia —
reduz o custo de produtos importados e pressiona para baixo os preços dos bens
exportáveis. Essa dinâmica colabora diretamente para o controle da inflação,
sobretudo em uma economia aberta como a brasileira, que depende de insumos e
tecnologias vindos do exterior. Somado a isso, observa-se também uma retração
no preço das commodities globais, como alimentos e minerais, reforçando o
cenário de descompressão inflacionária. Ainda que o aumento de 0,25 ponto
percentual não seja, por si só, materialmente significativo, a decisão do Banco
Central carrega um peso simbólico importante. A sinalização, segundo a ata da
reunião, é de manutenção da Selic em um nível elevado por um período
prolongado. Para o economista, essa escolha pode parecer descolada do
comportamento dos indicadores, mas precisa ser compreendida também dentro de
uma lógica de comunicação institucional e preservação da credibilidade da
autoridade monetária. Mesmo assim, Troster mantém uma visão otimista sobre o
que vem pela frente. Ele aposta que, com a continuidade da tendência de queda
da inflação, do fortalecimento do real e da estabilidade nos preços
internacionais, o cenário estará maduro para o início de um ciclo de redução da
taxa básica de juros. Esse movimento, segundo suas projeções, pode começar
ainda no fim deste ano — na penúltima ou última reunião do Comitê de Política
Monetária — e representar o início de um novo ciclo virtuoso para a economia
brasileira. Quanto mais cedo e mais acentuada for essa trajetória de queda da
Selic, maiores serão os ganhos para o país. Juros mais baixos significam
crédito mais acessível, estímulo ao consumo, fôlego para os pequenos e médios
negócios e mais espaço para o investimento produtivo. Além disso, com a
inflação sob controle, o crescimento passa a ser mais sustentável e menos
dependente de medidas emergenciais. O desafio, agora, é manter os fundamentos
em ordem e aproveitar o momento para projetar um 2026 com juros mais baixos e
um Brasil mais dinâmico.
Assista: https://youtu.be/RZOGEiJxNLg
Liquidez e estoques:
desafio da sustentabilidade financeira nas pequenas empresas
A sustentabilidade
financeira de uma pequena empresa depende de uma série de fatores que vão além
da qualidade do produto ou serviço ofertado. Ter sucesso no mercado exige,
antes de tudo, controle e planejamento. Um dos aspectos mais negligenciados —
mas, ao mesmo tempo, decisivos — para a saúde financeira dos pequenos negócios
é o equilíbrio entre ativos e passivos, especialmente no curto prazo. O auditor
e perito contador Vitor Stankevicius alerta para a importância de compreender
com profundidade os indicadores financeiros do próprio negócio, com destaque
para a liquidez e o papel estratégico da gestão de estoques. Em sua análise,
Vitor propõe uma pergunta essencial a todo empreendedor: quais são os ativos
reais da sua empresa e o quanto eles sustentam suas obrigações imediatas? O
raciocínio parte do conhecido balanço patrimonial, no qual os ativos
circulantes — como caixa, saldos bancários, aplicações financeiras, duplicatas
a receber e estoques — são confrontados com os passivos circulantes, que incluem
salários, impostos, empréstimos e financiamentos com vencimento no curto prazo.
A leitura correta desses dados revela a capacidade da empresa de honrar suas
dívidas com os recursos que já possui em caixa ou que espera receber em breve.
A partir de um exemplo didático, o especialista demonstra que, ao considerar um
ativo circulante total de R$ 12 mil frente a um passivo circulante de R$ 10
mil, o índice de liquidez corrente da empresa é de 1,20 — o que indica uma
situação confortável, com R$ 1,20 disponíveis para cada R$ 1 de dívida. No
entanto, esse cenário muda completamente quando se observa a composição dos
ativos. Se metade desse valor estiver concentrada em estoques, a realidade
financeira passa a ser outra, com um índice reduzido a 0,6 — ou seja, apenas R$
0,60 disponíveis para cada R$ 1 de dívida de curto prazo. Essa mudança no
indicador evidencia o quanto o estoque pode ser um fator crítico na análise da
liquidez. Ao não se converter rapidamente em caixa, o estoque torna-se um ativo
com menor liquidez, o que impacta diretamente na capacidade da empresa de
operar com autonomia financeira. Quando mal dimensionado ou acumulado além do
necessário, ele representa um risco ao capital de giro e pode forçar o
empreendedor a recorrer a empréstimos para suprir suas necessidades
operacionais — um caminho que, diante das altas taxas de juros do mercado,
compromete a rentabilidade do negócio. Dessa forma, a mensagem é clara: a boa
gestão financeira passa pelo cuidado com os estoques. Monitorar entradas e
saídas, ajustar os volumes ao giro real da empresa e evitar imobilizações
desnecessárias de capital são práticas indispensáveis para manter a liquidez e
evitar crises de caixa. O estoque precisa ser tratado como parte de uma
estratégia inteligente — e não como um acúmulo sem controle — sob pena de
transformar um negócio promissor em uma operação financeiramente frágil. Ao
final, Vitor Stankevicius reforça que o controle das finanças, especialmente em
micro e pequenas empresas, depende de olhar com atenção para os detalhes do dia
a dia. A interpretação correta dos indicadores contábeis, aliada a um
planejamento rigoroso, pode ser o diferencial entre uma empresa que prospera e
outra que luta para se manter de pé. Em um mercado competitivo e de margens
apertadas, saber exatamente onde estão os recursos — e como eles se transformam
em liquidez — é uma vantagem que nenhum empreendedor pode abrir mão.
Assista: https://youtu.be/_9HP0plO61g
Inteligência
artificial generativa: potência tecnológica e a urgência da responsabilidade
digital
O avanço da
Inteligência Artificial vem transformando a maneira como empresas operam,
inovam e tomam decisões. Em especial, a IA Generativa desponta como uma das
tecnologias mais impactantes da atualidade, por sua capacidade de criar textos,
planilhas, imagens, planos de ação e outras soluções de forma autônoma a partir
de comandos simples. Mas, à medida que essas possibilidades se expandem, cresce
também a necessidade de atenção aos riscos envolvidos — especialmente no que
diz respeito à segurança da informação e à proteção da privacidade. Cristina
Sleiman, advogada especialista em Direito Digital, destaca que a IA Generativa
permite que os próprios usuários insiram documentos e informações em
plataformas tecnológicas que nem sempre oferecem garantias robustas de
confidencialidade. Em situações como essas, quando planilhas com dados pessoais
são carregadas em sistemas que não contam com critérios claros de segurança,
existe um risco real de exposição e vazamento de informações sensíveis. Por
isso, segundo ela, o uso consciente dessas ferramentas deve começar por uma
política interna clara sobre o que pode ou não ser feito com recursos de
inteligência artificial. Essa política não precisa seguir um formato único:
pode ser uma norma, um regulamento ou um manual de boas práticas. O essencial é
que ela seja formalizada, acessível e aplicada de forma consistente por todos
os colaboradores da empresa. O objetivo é estabelecer diretrizes seguras para o
uso da IA no ambiente corporativo, prevenindo não apenas falhas operacionais,
mas também eventuais sanções legais relacionadas à Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD), que regula o tratamento de dados pessoais no Brasil. Além da
regulamentação, Cristina chama atenção para a importância da capacitação. A
segurança da informação não depende apenas de sistemas robustos, mas do
comportamento humano. Independentemente do porte da empresa ou da quantidade de
colaboradores, é fundamental promover treinamentos que preparem os
profissionais para lidar com essas novas ferramentas de maneira ética e
técnica. A conscientização reduz erros, fortalece a cultura digital e protege o
negócio como um todo. Outro ponto essencial diz respeito à manipulação de dados
pessoais em tarefas cotidianas. Muitas vezes, funcionários inserem informações
reais em ferramentas de IA para facilitar cálculos, resumos ou outras tarefas
automatizadas. Cristina reforça que essa prática só é segura se os dados
estiverem devidamente anonimizados. Ou seja, em vez de nomes, endereços ou
CPFs, o ideal é utilizar identificadores genéricos ou dados simulados, evitando
qualquer risco à privacidade dos indivíduos envolvidos. Em um ambiente
corporativo cada vez mais digital e interconectado, a Inteligência Artificial
pode ser uma grande aliada — desde que usada com responsabilidade. O equilíbrio
entre inovação e proteção é o que diferencia empresas preparadas daquelas que
correm riscos desnecessários. Ao adotar políticas claras, investir na
capacitação de sua equipe e estabelecer práticas seguras para o uso da IA
Generativa, o empreendedor transforma o potencial tecnológico em vantagem
competitiva — com ética e segurança no centro de sua estratégia.
Assista: https://youtu.be/FueUQ61SxNo
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