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Matias Mendes

PEDRAS NEGRAS: Reflexões da Festa do Divino


Por MATIAS MENDES
 

                O Distrito histórico de Pedras Negras, no rio Guaporé, entre os dias 15 e 19 de maio, há quase um mês, engalanou-se para a celebração da centésima décima nona edição da Festa do Divino, sem embargo da tristeza pela ausência do grande benemérito Wálter Bártolo, falecido no dia 22 de novembro de 2012. A histórica celebração religiosa binacional cultivada pelos guaporeanos há 119 anos ininterruptos constitui o mais tradicional evento religioso do Estado, equiparando-se em importância ao Círio de Nossa Senhora de Nazaré em Belém do Pará, sendo já reconhecido como uma das mais importantes Festas do Divino entre outras celebradas no Brasil.

                Tradição religiosa de origem lusitana, a Festa do Divino do Guaporé irradiou-se pelo lado castelhano da fronteira, sendo que atualmente as comunidades bolivianas de Versalles, Remanso e Piso Firme integram as sedes rotativas dos festejos, sem falar que na comunidade de San Borja, no rio Blanco, já existe uma Festa do Divino inteiramente boliviana. Essa expansão pelo território boliviano dá uma ideia muito exata da força da tradição da Festa do Divino nas paragens guaporeanas. Pedras Negras este ano realizou uma Festa fabulosa, acolhendo milhares de guaporeanos procedentes de vários pontos do Brasil e até da Inglaterra.

                O histórico Distrito de Pedras Negras, atualmente muito bem cuidado pela Prefeita Lebrinha, de São Francisco do Guaporé, encontra-se agora bem revitalizado, evidenciando nítidos sinais de que os ribeirinhos ali remanescentes encontraram alternativas de melhora da qualidade de vida, o poder público está bem presente no Distrito e a comunidade está consolidada na atividade do turismo voltado para a pesca esportiva. Pedras Negras atualmente está muito bem servida por um excelente aeródromo com pista de mil metros onde pousam aviões bimotores comodamente, fato que permitiu que o Governador Confúcio Moura comparecesse à Festa do Divino deste ano, sem qualquer aparato de segurança, tendo o governante inclusive participado da tradicional Procissão do Mastro entre milhares de romeiros sem ser importunado por ninguém. Foi uma pena que o meu saudoso companheiro de andanças ribeirinhas Wálter Bártolo não estivesse lá para testemunhar a cena inédita, pois não se tem notícia de nenhum outro Governador de Rondônia que tenha participado diretamente das celebrações da Festa do Divino. E lá também estiveram o Senador Valdir Raupp e a Deputada Marinha Raupp, bem como o célebre tribuno Tomás Guilherme Correa, um dos mais brilhantes parlamentares que já houve em Rondônia, todos eles em perfeita confraternização com o povo do Guaporé, não se registrando qualquer incidente em relação a segurança deles, nem qualquer assédio, nem qualquer manifestação de desagrado, todos foram muito bem recebidos como se guaporeanos fossem. O Deputado estadual Lebrão, primeiro secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, pai da Prefeita Lebrinha, também circulou com desenvoltura entre os milhares de romeiros que estavam em Pedras Negras sem qualquer problema. O fato merece ser ressaltado porque, via de regra e historicamente, os políticos de Rondônia não costumam ter proximidade com as comunidades ribeirinhas e evitam olimpicamente aparecer em eventos como a Festa do Divino, como se temessem a proximidade do povo ou alguma cobrança em relação ao desempenho de suas funções, talvez até pela consciência de que não desempenham seus mandatos a contento. Agora ficou demonstrado em Pedras Negras que um Governador, um Senador, um Deputado ou qualquer outro político com mandato podem circular nas comunidades ribeirinhas sem necessidade de exércitos de segurança, sem necessidade de aparatos que só encarecem os custos de qualquer deslocamento e sem que sejam hostilizados por ninguém. No entanto, em uma área central de Porto Velho, já tivemos um Senador metralhado.

                A Festa do Divino do Guaporé, em seus 119 anos de tradição, sempre foi caracterizada como um evento de paz, de concórdia e de confraternização. Ninguém vai à Festa do Divino para resolver pendências de inimizade, ninguém vai em busca de confusão, ninguém vai para promover desordens. Os raros incidentes só acontecem de forma muito isolada, muitas vezes até em razão de truculências de supostas autoridades. Os nossos políticos de todos os níveis deveriam sempre comparecer às Festas do Divino para aprender um pouco que um povo muito simples pode ser muito mais civilizado e cortês do que muitos cidadãos supostamente bem educados que vivem cometendo as piores violências pelas ruas de nossas cidades.

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