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Gente de Opinião

Dom Moacyr

Solidários na tragédia e na dor



Haiti clama por solidariedade. O mundo se mobiliza para ajudar o país devastado pelo terremoto de terça-feira, 12, para consolar e se solidarizar com as pessoas, vitimas dessa enorme catástrofe. É grande o sofrimento de nossos irmãos haitianos que clamam por ajuda e pela sobrevivência. A leitura dos cantos do Servo Sofredor (Is 42-53) nos ajuda a entender porque não há beleza agora em Porto Príncipe, somente dores e gemidos de um povo que sofre. 

O Haiti é o país mais pobre do hemisfério ocidental: 80% da população vive abaixo do limiar da pobreza, com acesso a menos de dois dólares por dia. Segundo a Caritas Internacional, a capital alberga entre dois a três milhões de pessoas, agrupadas em bairros de lata; outros seis milhões estão dispersos pelo resto do país, totalmente desmatado, sobrevivendo sobretudo da agricultura de subsistência. 

Iniciamos o ano enterrando nossos mortos pelas inundações, queda de encostas e morros, e agora, pelos tremores de terra. Diante de tamanho sofrimento, abrimo-nos ao mistério da vida. “Em meio à tragédia, sempre aparece a força da vida, da esperança, do amor. E nestas ocasiões a solidariedade toma forma” (D.Angélico durante as enchentes de S.Catarina). 

Façamos nossos os sentimentos do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns ao receber a noticia da morte de sua irmã, a Dra.Zilda Arns Neumann, médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora Internacional da Pastoral da Criança e Pastoral da Pessoa Idosa, que se encontrava em missão humanitária de paz no Haiti: “Não é hora de perder a esperança”. 

Em sua visita a Rondônia, por ocasião da 1ª Romaria da Pastoral da Criança que ocorreu dia 21 de outubro de 2007 em Ji-Paraná, a doutora Zilda esteve conosco no Centro de Pastoral, incentivando o trabalho da Pastoral da Criança e da Pessoa Idosa em nossa Arquidiocese. 

A trajetória da Pastoral da Criança é repleta de histórias de esperança, conquistas, superação das dificuldades e transformação social. O acompanhamento das famílias e crianças em cada comunidade é um exemplo do que a sociedade organizada é capaz de fazer na busca de soluções para os seus problemas. Os voluntários da Pastoral da Criança desenvolvem ações de saúde, nutrição, educação, cidadania e espiritualidade de forma ecumênica nas comunidades pobres. As atividades visam promover o desenvolvimento integral das crianças, desde a concepção aos seis anos de idade, e a melhoria da qualidade de vida das famílias. 

“Se a vida está vazia, que procurem preenchê-la com o mandamento do amor. Quanto mais a gente ama, mais o coração da gente sente-se feliz. Nosso princípio na Pastoral é: amar significa realmente ser feliz. Amando a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo, somos instrumentos objetivos de transformação”. Este é o legado de uma mulher solidária que entregou a sua vida em prol do combate à mortalidade infantil, à desnutrição e à violência, preservando o ambiente em que a criança está. “Nós trabalhamos em qualquer ambiente porque a gente quer salvar as crianças”, dizia sempre às mães e agentes comunitários. 

O momento exige dos cidadãos a virtude da solidariedade. “O novo rosto do amor hoje passa a ser a solidariedade” (Pedrinho Guareschi). 

A solidariedade que coloca as mãos na massa, enterra seus pés no barro, prova-se nas ações concretas. Exige ação, organização, articulação. Implica que tenhamos a coragem de sair de nós mesmos, olharmos para fora, fazermos alianças, “solidarizarmo-nos” com os que já estão na luta, atuarmos com gestos concretos, deixar nosso “purismo” teórico de onde é fácil julgar e condenar. Pelo fato mesmo de chegarmos à prática, enfrentamos contradições, entramos no reino do provisório, do precário. Mas é ali que se constrói a nova sociedade, sempre imperfeita, mas podendo ser sempre mais aperfeiçoada. “Enquanto a ecologia e o capitalismo se negam frontalmente a vida pede cuidado e cooperação”(L.Boff). 

A Campanha da Fraternidade deste ano é ecumênica. É a terceira vez que a Campanha se realiza em conjunto com outras Igrejas; a primeira foi em 2000 e a segunda em 2005. A cada ano a Igreja propõe aos cristãos e a toda a sociedade um aspecto específico e prático da vivência da solidariedade. E este ano o tema da CF é: "Economia e Vida" e o lema: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” 

Nestes dias, as Comunidades cristãs se preparam para a Campanha da Fraternidade; o lançamento da CF 2010 foi realizado no mês de setembro de 2009 e a abertura oficial será no dia 17 de fevereiro de 2010, Quarta-Feira de Cinzas. 

No Carnaval, festa que nasce e morre em três dias, preparemo-nos para edificar um mundo mais humano, e vivenciar o grande mistério cristão durante a quaresma, período de quarenta dias que antecede a Páscoa da Ressurreição de Jesus Cristo. 

Sob a responsabilidade do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil, a Campanha da Fraternidade 2010 está aberta à participação de todas as denominações cristãs e pessoas de boa vontade que querem nela comprometer-se, no espírito do ecumenismo. Segundo o pastor luterano Carlos Möller, presidente do Conic, a CF visa fortalecer os laços de fraternidade e de cooperação do povo cristão a serviço da transformação da sociedade brasileira para que seja mais justa e solidária. 

O intuito é mostrar para a sociedade que as igrejas, mesmo com denominações diferentes, estão unidas no mesmo ideal de fraternidade e solidariedade. A proposta é trabalhar no conceito de inclusão social em favor de uma economia que gere a vida e não a morte. “O Conic não quer criticar os sistemas econômicos, mas espera que a Campanha da Fraternidade mobilize as Igrejas e a sociedade para dar respostas concretas às necessidades básicas da pessoa humana e à salvaguarda da natureza”, disse o secretário geral do Conic, reverendo Luiz Alberto Barbosa, um dos coordenadores da Campanha. “É preciso educar a sociedade afirmando que um novo modelo econômico é possível e denunciar as distorções da realidade econômica existente para que a economia esteja a serviço da vida”, completou o reverendo. Ele também enfatiza a importância de que todas as pessoas, independente de seu credo religioso, reflitam sobre a questão da economia, já que ela faz parte da vida mesmo antes do nascimento. "O dinheiro deve ser usado para servir ao bem comum das pessoas, na partilha e na solidariedade", expressa o texto base da CF. 

“Eu sonhava com a Campanha da Fraternidade sobre economia e vida. Este sonho está se realizando neste momento”, disse o economista Paul Singer. Ele criticou a economia capitalista “que não gera vida” e “que não realiza justiça”. “Antes eu queria que o capitalismo fosse destruído. Agora penso que ele precisa ser superado”, disse o economista. “O amor deve entrar na discussão da economia. Além de água e alimento, carecemos de ser amados”, acentuou. 

Para 2011, a Campanha da Fraternidade terá como tema: “Fraternidade e a vida no planeta”, e o lema: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22). 

Fonte: Pascom

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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