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Dom Moacyr

Páscoa: este é o dia que o Senhor fez para nós!



Iniciamos este dia desejando a todos os nossos leitores as melhores alegrias da Páscoa. A Ressurreição é o ponto alto da Semana Santa. O centro da nossa fé. Ela é que deu sentido ao mundo, que perdera o sentido envolto nas trevas do pecado e da falta de esperança. A noite da Vigília Pascal tem imenso significado: a renovação das promessas do batismo e a aspersão da água recém - santificada, sobre o povo, recordando o batismo recebido um dia. Pelo batismo nos associamos ao Cristo ressuscitado. É a nova vida que nasce em nós e que crescerá até a plenitude, quando passarmos do tempo para a eternidade. 

Neste Domingo da Ressurreição, nossas comunidades cantam: "Ressuscitei, Senhor, contigo estou, teu grande amor de mim se recordou, tua mão se levantou, me libertou!". E com o Salmo 117 proclamamos: "Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!". Na "Seqüência pascal" reafirmamos nossa fé em tão grande mistério: "Ó cristãos, vinde, ofertai os louvores pascais. Já remiu as ovelhas o inocente por elas, reconciliando céus e terra". 

A alegria da ressurreição vai iluminar todo o tempo da Páscoa e se prolongará por sete semanas, "como se fosse um só e longo Domingo", até a Festa de Pentecostes, que já está sendo preparada com muito esmero e de forma participativa, pelas nossas comunidades eclesiais. 

Na liturgia deste Domingo da Páscoa somos novamente convocados para o "dia que fez o Senhor" na missa do dia. A magnífica liturgia pascal põe em relevo uma nota escatológica que indica a meta para onde nos dirigimos seguindo Cristo e que São Paulo apresenta na carta aos Coríntios: "Sempre que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos a tua morte, Senhor, até que venhas" (1Cor. 11, 26). 

Na Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, João Paulo II propõe a meditação dos Mistérios gloriosos a partir da contemplação do rosto de Cristo que não pode deter-se na imagem do crucificado. Ele é o Ressuscitado! O Rosário sempre expressou esta certeza da fé, convidando o crente a ultrapassar as trevas da Paixão, para fixar o olhar na glória de Cristo com a Ressurreição e a Ascensão. Contemplando o Ressuscitado, o cristão descobre novamente as razões da própria fé (1 Cor 15, 14), e revive não só a alegria daqueles a quem Cristo Se manifestou: os Apóstolos, a Madalena, os discípulos de Emaús, mas também a alegria de Maria, que deverá ter tido uma experiência não menos intensa da nova existência do Filho glorificado. A esta glória, onde com a Ascensão Cristo Se senta à direita do Pai, Ela mesma será elevada com a Assunção, chegando, por especialíssimo privilégio, a antecipar o destino reservado a todos os justos com a ressurreição da carne. Enfim, coroada de glória, como aparece no último mistério glorioso, Ela resplandece como Rainha dos Anjos e dos Santos, antecipação e ponto culminante da condição escatológica da Igreja. (n.23) 

É Páscoa em nossas cidades, também em Aquila, onde a tragédia do terremoto dá lugar a solidariedade de irmãos. É a Páscoa do mundo e para todos os povos. E esta Páscoa só pode acontecer se nós discípulos assumimos nossa ressurreição. Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, em seu mistério pascal, recriou o homem fazendo-o filho e dando a ele a garantia de novos céus e de uma nova terra (Ap 21,1). Levamos a imagem do primeiro Adão, mas somos chamados também, desde o princípio, a produzir a imagem de Jesus Cristo, novo Adão (1 Cor 15,45). A criação leva a marca do Criador e deseja ser libertada e "participar na gloriosa liberdade dos filhos de Deus" (Rm 8,21).(DA 28) 

É o Senhor quem nos diz: "não tenham medo" (Mt 28,5). Como às mulheres na manhã da Ressurreição nos é repetido: "Por que buscam entre os mortos aquele que está vivo?" (Lc 24,5). Os sinais da vitória de Cristo ressuscitado nos estimulam enquanto suplicamos a graça da conversão e mantemos viva a esperança que não defrauda. O que nos define não são as circunstâncias dramáticas da vida, nem os desafios da sociedade ou as tarefas que devemos empreender, mas todo o amor recebido do Pai, graças a Jesus Cristo pela unção do Espírito Santo. Esta prioridade fundamental é a que tem presidido todos os nossos trabalhos que oferecemos a Deus, à nossa Igreja, a nosso povo, a cada um dos latino-americanos, enquanto elevamos ao Espírito Santo nossa súplica para que redescubramos a beleza e a alegria de ser cristãos. Aqui está o desafio fundamental que contrapomos: mostrar a capacidade da Igreja de promover e formar discípulos que respondam à vocação recebida e comuniquem em todas as partes, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo. Não temos outro tesouro a não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade que não seja sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço - seu serviço! - que a Igreja tem que oferecer às pessoas e nações (DA 14) 

Somos seguidores de Jesus Ressuscitado. Nele devemos ver o modelo primeiro do cristão, pois é quem viveu em plenitude e originariamente a fé (Hb 12,2). E ainda invocando-o como o primogênito da ressurreição (Cl 1,18), devemos segui-lo como o primogênito também em sua vida terrena. O seguimento de Jesus passa pela encarnação e cruz e pelo compromisso ativo contra a injustiça. Paulo, em seu debate com os coríntios, afirma a supremacia do amor como a forma de existência histórica do cristão. Um amor crucificado como o de Jesus; nesse amor consistirá o "viver já como ressuscitado" e esse amor expressa a dimensão de triunfo: uma vida em liberdade e em alegria. Alegria das comunidades que, apesar de tudo, reúnem-se para cantar, partilhar, trabalhar juntos, celebrar a Eucaristia, experimentar a solidariedade, ouvir o agradecimento de outros cristãos, de homens e mulheres de boa vontade que fazem o bem. (Teologia da Ressurreição) 

Na ressurreição, revela-se o poder de Deus sobre a morte (Rm 4,24). Esta nova realidade é resposta de amor e fidelidade ao Reino de Deus que Jesus assumiu em sua própria vida. A morte de Jesus foi a elevação do grito de justiça, os pequeninos não gritam sozinhos, como uma voz no deserto; agora é o próprio Jesus que vive e revela a dor das vítimas e fala desde a cruz com seu Pai, intercedendo por eles. A justiça e a misericórdia gritam no Criador e nas criaturas. "Do ventre da terra o grito da Amazônia".E a este amor o Pai corresponde com seu poder e realiza um ato, que jamais realizara depois da Criação, isto é, a "Nova Criação": a ressurreição. O Pai assume o grito e faz uma Nova Criação. "Sem a Ressurreição, o Amor não seria autêntico poder e, sem a cruz, o poder não seria autêntico amor".
 
Contemplemos Cristo ressuscitado! Contemplação que tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do Filho pertence-lhe sob um título especial. Foi no seu ventre que Se plasmou, recebendo d'Ela também uma semelhança humana que evoca uma intimidade espiritual certamente ainda maior. À contemplação do rosto de Cristo, ninguém se dedicou com a mesma assiduidade de Maria. Os olhos do seu coração concentram-se de algum modo sobre Ele já na Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo; nos meses seguintes, começa a sentir sua presença e a pressagiar os contornos. Quando finalmente O dá à luz em Belém, também os seus olhos de carne podem fixar-se com ternura no rosto do Filho, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura (Lc 2, 7). Desde então o seu olhar, cheio sempre de reverente estupor, não se separará mais d'Ele. Algumas vezes será um olhar interrogativo, como no episódio da perda no templo: "Filho, porque nos fizeste isto?" (Lc 2, 48); em todo o caso será um olhar penetrante, capaz de ler no íntimo de Jesus, a ponto de perceber os seus sentimentos escondidos e adivinhar suas decisões, como em Caná (Jo 2, 5); outras vezes, será um olhar doloroso, sobretudo aos pés da cruz, onde haverá ainda, de certa forma, o olhar da parturiente, pois Maria não se limitará a compartilhar a paixão e a morte do Unigênito, mas acolherá o novo filho a Ela entregue na pessoa do discípulo predileto (Jo 19, 26-27); na manhã da Páscoa, será um olhar radioso pela alegria da ressurreição e, enfim, um olhar ardoroso pela efusão do Espírito no dia de Pentecostes (At 1,14). (RVM 10).

Fonte: Pascom

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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