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Gente de Opinião

Dom Moacyr

Cristãos no coração do mundo, no coração da Igreja


 
Jesus confiou a missão evangelizadora aos onze que representam toda a Igreja chamada a edificar o Reino. Porém, são diferentes as maneiras de desenvolver a missão quando consideramos a variedade dos carismas e ministérios suscitados pelo Espírito Santo nas comunidades. Pelo Batismo todos são chamados e convocados à missão. Mas cada vocação específica: sacerdócio, vida consagrada, leigos e leigas têm formas próprias de participar da missão evangelizadora da Igreja.

A pessoa vocacionada ao ministério ordenado é chamada a colocar-se integralmente a serviço da Igreja e de sua causa: a evangelização. Os chamados à vida consagrada sabem que sua vocação é essencialmente missionária uma vez que são testemunhas e anunciadores do Reino no meio das realidades do mundo. De igual maneira os fiéis leigos e leigas são convocados a serem “sal da terra e luz do mundo”. Ou como afirma o documento de Puebla: “Os cristãos leigos são homens e mulheres da Igreja no coração do mundo, homens e mulheres do mundo no coração da Igreja” (786).

A Igreja convoca todos os seguidores de Jesus Cristo a levar adiante a missão evangelizadora, a reconhecer a necessidade de uma “conversão pastoral” para mos aproximarmos mais das pessoas que hoje estão mais abertas ao diálogo e tem um grande anseio da justiça do Reino. Tal realidade abre um novo horizonte para os discípulos missionários e se apresenta como uma desafiadora realidade ao serviço de animação vocacional que encontra em Maria seu melhor modelo (Texto-Base, 74-76).

Nossa Arquidiocese se prepara juntamente com as dioceses, paróquias e comunidades do Brasil, para o 3º Congresso Vocacional do Brasil que vai acontecer em Itaici, de 03 a 07 de setembro próximo, com o tema “discípulos missionários a serviço das vocações”, e o lema “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (cf. Mt 28,19).

Para que seja uma nova primavera vocacional na Igreja vamos intensificar esta preparação durante o mês vocacional de agosto. Todos os grupos vocacionais e pastorais em geral, assim como as comunidades eclesiais e grupos de reflexão são convidados a aprofundar o Texto Base do Congresso, instrumento de estudo e a desenvolver as atividades propostas. Somos convidados a permanecer unidos na oração pelas vocações pedindo ao Senhor da Messe que suscite vocações sacerdotais, religiosas em nossas comunidades, bem como jovens que se preparem dignamente para a vocação matrimonial, fazendo crescer em nossas comunidades a presença frutuosa das famílias cristãs e dos agentes pastorais, cada vez mais comprometidos com a ação missionária e evangelizadora neste chão da Amazônia.

O Congresso é sempre fruto de um processo profundo do serviço de animação vocacional, sua identidade e missão. E o 3º Congresso se propõe que na animação vocacional e no trabalho de seus agentes, se garanta a centralidade do encontro com a pessoa de Jesus Cristo e a conversão pastoral.

De fato, na missão evangelizadora, o serviço de animação vocacional, como um instrumento do Espírito de Deus, terá como tarefa fundamental fazer com que os vocacionados tenham um “encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva”. Neste sentido podemos falar da necessidade de promover a “pedagogia do encontro” com Jesus Cristo, que desperte e forme autênticos discípulos-missionários.

Conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas; e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria.

O Congresso será também um espaço propício para provocar e estimular no serviço de animação vocacional uma conversão pastoral e renovação missionária, que deve “impregnar todos os planos pastorais das dioceses, paróquias, comunidades religiosas, movimentos e de qualquer instituição da Igreja”. A conversão implica em escutar com atenção e discernir “o que o Espírito está dizendo às Igrejas” através dos sinais dos tempos, onde Deus se manifesta. Para tanto, se exigem atitudes de abertura, diálogo e disponibilidade para promover a co-responsabilidade e a participação efetiva de todos. Urgência pastoral na animação vocacional é o testemunho de comunhão eclesial e de santidade de vida.

A comunidade eclesial tem sua vocação. Ela é “chamada a descobrir e integrar os talentos escondidos e silenciosos, com os quais o Espírito presenteia os fiéis”. Na Igreja, povo de Deus, os seus membros, segundo sua vocação específica, são convocados à santidade na comunhão e na missão. A vitalidade missionária da Igreja depende da diversidade de carismas, serviços e ministérios. É esta diversidade ministerial, vivida na comunhão, que manifesta a única igreja de Jesus Cristo. Ao se abrir espaços de participação e confiar ministérios e responsabilidades, vive-se responsavelmente o compromisso cristão. Fonte e alimento é a Palavra de Deus, o que garante uma sólida espiritualidade e favorece uma efetiva participação de todos nos destinos da comunidade. A vocação ao discipulado missionário é convocação à comunhão em sua Igreja e todos os batizados e batizadas através do sacerdócio comum são chamados a viver e a transmitir a comunhão com a Trindade.

O serviço de animação vocacional se fundamenta na compaixão de Jesus pela messe abandonada, como ovelhas sem pastor. Da compaixão brota a oração e se manifesta a urgência da missão. De fato “ ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor”.

Então disse aos discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!”. As vocações são dom de Deus e por isso não devem faltar orações especiais ao Senhor da messe. É Deus Pai quem nos atrai, o ponto de início da espiritualidade cristã é a experiência do batismo fundada na Trindade, e “uma autêntica proposta de encontro com Jesus Cristo deve estabelecer-se sobre o sólido fundamento da Trindade-Amor”.

“Vem e Segue-me”, “Vinde e vede”, “Coragem! Levanta-te, Ele te chama”, “Ide também vós para a minha vinha”, “Ide, pois, fazei discípulos…”. Sob todos os aspectos são apelos eternos, porque em Jesus Cristo há o chamado, a resposta, o seguimento, o discipulado, a missão. A graça do Pai, os dons do Espírito, carismas que se manifestam plenamente para o bem do povo de Deus. Certamente mudaram as modalidades, as dinâmicas, os espaços, o público. Mas sempre haverá o convite que vem, o mandato para ir, através de tantas mediações.

A resposta será sempre de cada um, pessoalmente, que se sente interpelado e convocado. A Igreja, em suas instâncias e serviços, será sempre uma mediadora, necessária, fundamental, no acompanhamento, discernimento e formação. Porque o mais importante é ser discípulo de Jesus e segui-lo, na diversidade de serviços e ministérios que surgem, por graça de Deus e gratuidade do Espírito, na comunidade. Em uma sociedade que se sustenta muito no individualismo, no relativismo, na busca desenfreada da satisfação pessoal, no consumismo, somos chamados a afirmar e testemunhar os valores fundamentais da vida humana e da fé. (TB 81-83)

Fonte: Pascom


 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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