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Dom Moacyr

A Padroeira do Brasil



Celebramos hoje a solenidade da Mãe de Deus, Nossa Senhora Aparecida. Sua devoção começou com o gesto dos pescadores, recebendo a milagrosa imagem na sua casa, em 1917, após tê-la encontrado nas águas do Rio Paraíba do Sul. De uma pequena capela, em 1846 foi iniciada a construção de templo maior, que ainda hoje subsiste. Em 1894, o santo padre Leão XIII, incluiu a Virgem Aparecida no Calendário litúrgico da Diocese de São Paulo. O Papa Pio X, em 1904, assinou o Decreto da coroação da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida e de sua proclamação como Rainha do Brasil.
  
Em 1930, Pio XI distinguiu nossa Pátria, reconhecendo, por Decreto, de forma oficial, a Virgem Aparecida Rainha e Padroeira do Brasil; nosso país foi solenemente consagrado a Nossa Senhora Aparecida pelo Cardeal Dom Sebastião Leme na presença do Presidente da República e de numerosas autoridades religiosas, civis e militares.  Em julho de 1980, o Papa João Paulo II consagrou o Santuário Nacional e concedendo-lhe o título de Basílica Menor; local de devoção e peregrinações numerosas durante o ano inteiro.
  
Maria é nossa Mãe. Sua maior alegria é que todos conheçam a seu Filho, Jesus. Através de Maria, chegamos a Cristo. Ela, gloriosa no céu, atua na terra. Participando do domínio do Cristo ressuscitado, “cuida com amor materno dos irmãos” de seu filho, que ainda peregrinam’ (LG 62); seu grande cuidado é este: que os cristãos ‘tenham vida abundante e cheguem à maturidade da plenitude de Cristo’ (Jo 10,10; Ef. 4,130).” (P.288).
  
Ela “é a discípula mais perfeita do Senhor. Interlocutora do Pai em seu projeto de enviar seu Verbo ao mundo para a salvação humana, com sua fé, Maria chega ser o primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo, e também se faz colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos (Jo 19, 25-30). Sua figura de mulher livre e forte emerge do Evangelho conscientemente orientado para o verdadeiro seguimento de Cristo (DA 266). Perseverando junto aos Apóstolos à espera do Espírito (At.1,13-14), ela cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo mariano que a identifica profundamente. Como mãe de tantos, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a se experimentarem como família, a família de Deus. Em Maria encontramo-nos com Cristo, com o Pai e o Espírito Santo, e da mesma forma com os irmãos” (DA 267).
 
Maria é uma “mulher livre e forte”. Como se pode constatar (Lc.1,26-38), toda estrutura da Anunciação é dialogal, como observava João Paulo II no documento “A dignidade da mulher”(n. 5). Maria aparece aí como autêntica parceira de Deus. A Virgem reflete em silêncio, pergunta e enfim dá, sem titubeios, sua adesão a Deus. E isso é tanto mais significativo quando se põe a Virgem em contraste com Zacarias (Lc.1,5-20). Este se perturba, mas não reflete; pergunta duvidando e merecendo, por isso, a censura do Anjo: “Não acreditaste” (1,20); por fim não há registro de um fiat (sim) qualquer. A mulher da época não era um sujeito verdadeiramente autônomo. Dependia o mais das vezes de um homem. Maria, não: Ela está só diante do Anjo e se decide em plena responsabilidade uma gravidez – e que gravidez! – “sem consultar a carne ou o sangue (Gl.1, 16). Assume em primeira pessoa esta responsabilidade diante de Deus e diante do mundo. Maria, mulher livre sim, mas como faz e ensina seu Filho, livre para servir (Mt 20,28; Lc 1,38,48,56; Jo 2,1-12).
 
Maria “livre e forte” diz o Documento de Aparecida. Forte e libertadora ensina a Igreja, especialmente na América Latina e Caribe. “Uma teologia da liberdade e da libertação exigida pelo nosso tempo” deve ser um “eco fiel do Magnificat” (Lc 1,46-55) (Doc. LN n.98). “Maria é a autêntica teologia da libertação em pessoa” (H.Urs von Balthasar) e o Magnificat, no dizer de Puebla n. 207, é “espelho da alma de Maria”. Chiara Lubich afirma: “A magna carta da Doutrina Social da Igreja começa lá onde Maria canta: “Depõe os poderosos de seus tronos e eleva os humildes. Enche de bens os famintos e despede os ricos de mãos vazias”. No Evangelho se encontra a mais alta e irresistível revolução”.
 
Maria ao pé da Cruz é vencida e vencedora. É o ícone dos perdedores da história. Ela abre à “espiritualidade do fracasso”. Derrotas podem acontecer a todos, especialmente aos que lutam para mudar a sociedade na justiça. A mãe de Jesus, de pé junto da Cruz, mostra que a derrota das causas justas é o reverso moral de sua vitória futura, bem como fase e condição espirituais de seu triunfo definitivo. Maria de pé junto das infinitas cruzes que se levantam ao longo dos tempos. Essa resistência interior é semente de ressurreição, tanto dentro como depois da história.
 
“Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários”. “Permaneçam, diz Bento XVI, na escola de Maria. Inspirem-se em seus ensinamentos. Procurem acolher e guardar dentro do coração as luzes que ela, por mandato divino, envia a vocês a partir do alto” (DA 269 e 270). Discípulos-missionários, livres para servir, fortes, libertadores, seguidores de Cristo, testemunhas que atraem por sua vida individual e comunitária inspirada nas “Bem-aventuranças”. 
  
“O laço afetivo com Maria deve ter, no trabalho com o povo, a “prioridade pedagógica”. Isso vale também para as Comunidades Eclesiais de Base: Maria é a marca da “identidade católica”, graças à identificação afetiva do povo com Ela, inclusive do “povo das CEBs”. (J.Marins)
  
O Magnificat reflete a alma de Maria (P.297). No seu Canto, ela define de maneira radical a opção de Deus pelos fracos e pela prática da justiça e da misericórdia. Ela soube prenunciar o Evangelho do sermão da montanha, onde Jesus recupera todo o projeto de Reino. Como profetiza dos pobres de Javé, ela tornou-se o grande sinal do rosto materno e misericordioso do Pai. Ela nos convida a entrar em comunhão com Deus (P. 282).

Como modelo de libertação, é sua postura de mulher corajosa e ativa, qualidade indispensável para quem luta por mudanças. Livremente ela se envolveu com a causa do Reino, colocando-se sempre disposta a acompanhar seu Filho em todas as suas incursões de pregador da mensagem que liberta.

Maria viveu momentos de rejeição, condenação, paixão e morte. Tudo por causa do Reino. No Magnificat, manifesta-se como modelo “para os que não aceitam passivamente as circunstâncias adversas da vida pessoal e social, nem são vítimas de alienação, como se diz hoje, mas que proclamam, com ela, que Deus “exalta os humildes” e se for o caso “derruba os poderosos de seus tronos” (João Paulo II, Homilia em Zapopán). A coragem e a fé de Maria são para os pobres da América Latina, modelo de força e luta por dias melhores.

Em Maria o Evangelho se tornou carne. Este é o novo paradigma de todo processo evangelizador. “Esta é a hora de Maria, isto é, o tempo do Novo Pentecostes a que ela preside com sua oração, quando sob o influxo do Espírito Santo, a Igreja inicia um novo caminho em sua peregrinar.” (Puebla, 303). Ela caminha com a Igreja e com a humanidade em suas aflições e alegrias. Intercede por todos os povos, diante do Senhor da história. Seu coração abraça o mundo.

À proteção maternal de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, consagramos o 12º. Intereclesial das CEBs,nossas comunidades ribeirinhas, rurais e urbanas. Invocamos suas copiosas bênçãos para todos os governantes de nossas cidades e Estados. Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida guarde sob sua proteção maternal nossas crianças, protegendo-as de todo mal.

Fonte: Pastoral da Comunicação

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