Sábado, 25 de julho de 2009 - 11h50
O ginásio do SESI de Porto Velho foi palco, nesta sexta-feira, de um dos eventos mais aguardados do 12º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs): os testemunhos proféticos. Foram escolhidos pela coordenação do Intereclesial para relatar sua experiência de vida o arcebispo emérito da Paraíba, dom José Maria Pires; o bispo emérito de Goiás (GO), dom Tomás Balduíno e a senadora, Marina Silva.
O ginásio estava com a sua capacidade plena alcançada, três mil pessoas. Primeiro a falar, dom José Maria Pires, na verdade não contou somente a sua trajetória de vida, mas a trajetória dos negros no Brasil. O arcebispo relatou as humilhações e o constrangimento que sofreu enquanto jovem.
Apelidado de bispo zumbi, uma referência a Zumbi dos Palmares (famoso escravo criador do primeiro quilombo do Brasil e líder de uma revolução contra a escravidão), dom José Maria ressaltou a importância dos negros na formação social e cultural brasileira. O negro sempre foi subjugado, considerado pessoa de segunda categoria e, muitas vezes, tratado pior do que animais. Essa inferioridade moral em nós foi posta ao longo dos séculos e vem, paulatinamente, sendo desconstruída. Por incrível que pareça, as humilhações nos transformaram em pessoas extremamente perseverantes e determinadas. Hoje, em nossa cultura, há traços afro-descendentes em todos os aspectos imagináveis, da arte à música, sublinhou. O arcebispo foi interrompido diversas vezes pelos aplausos emocionados dos presentes.
A senadora Marina Silva contou, de forma resumida, a sua vida, desde a infância até os dias atuais. A senadora conseguiu emocionar a todos, principalmente a delegação do Acre, seu estado natal. Nasci em um seringal, que fica aproximadamente 11 horas da margem do rio mais próximo e 22 horas de distância de barco até Rio Branco. Sou a terceira filha de 11 irmãos. Desde que nasci sofria com doenças tropicais e vivi boa parte de minha juventude e adolescência em regime de semi-escravidão. Com hepatite, aos 16 anos segui para a capital para tratar de minha saúde e para estudar. Era empregada doméstica quando conheci Chico Mendes em um curso. Entrei para a Comunidade Eclesial de Base, que Chico estava desenvolvendo no interior do Acre. Nesta minha batalha não posso deixar de agradecer também a dom Moacyr Grechi, pois quando jovem ia às missas em Rio Branco que ele celebrava e a figura dele foi muito inspiradora para mim. Quando posso venho cumprimentá-lo e agradecer-lhe por isso, relatou Marina.
Em vídeo gravado especialmente para o Intereclesial, o bispo emérito de São Felix do Araguaia, dom Pedro Casaldáliga, deixou seu testemunho e saudou o povo das CEBs. Deixo meu abraço mais forte e solícito a todos, e que Deus possa sempre iluminar o coração dos que fazem das CEBs o que elas são: uma potência dentro da nossa Igreja.
Subiu ao palco para contar a vida de dom Pedro, seu afilhado. Dom Pedro é um grande homem e tenho orgulho enorme de ser seu padrinho. Uma pessoa reta, digna e de um caráter fora do normal. Nascido na Itália, mas com o coração e o espírito brasileiros, afirmou dom Tomás.
Fonte: Ascom/Intereclesial
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