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Entrevista

Porto Velho faz 97 anos sem cumprir seu destino


Porto Velho faz 97 anos sem cumprir seu destino - Gente de Opinião

O deputado José Hermínio concordou em ser entrevistado por jornalistas da Assembléia Legislativa para falar de Porto Velho – a aniversariante que completa hoje (24) o nonagésimo sétimo aniversário de fundação – a cidade que, confessou, “se transformou no grande amor” de sua vida. E exatamente por esta identificação de Porto Velho é que Hermínio, mais do que cantar o “Parabéns para Você” aproveita a data para cobrar das lideranças públicas mais respeito com essa capital “tão mal amada” pelos seus últimos prefeitos.

 

Hermínio, como político que foi várias vezes vereador de Porto Velho, qual a reflexão que você faz da cidade nesses 97 anos de existência da Capital?

HERMÍNIO– Devemos manifestar nossa alegria pela vitalidade de Porto Velho. Eu, como grande parte dos moradores de nossa capital, vim de longe, de São Paulo, mas nasce em Pernambuco. E a nossa aniversariante me acolheu como seu filho. Aqui – como tantos outros migrantes – surgiram as oportunidades de trabalho e de condições de uma vida melhor e mais participativa. Porto Velho me propiciou o exercício da cidadania, da participação na vida pública. Ora, eu digo com toda certeza que esta cidade é o meu grande amor. Aqui finquei raízes, constitui família. Assim, vou dedicar todos os meus esforços, inclusive na representação política, para combater as mazelas sociais e os malefícios decorrentes das políticas ruins decorrentes das ações e inações de seus gestores. Isto significa dizer que nesse aniversário o nosso desejo maior é que Porto Velho consiga, a partir deste ano, uma administração verdadeiramente comprometida com o seu futuro para atenuar de verdade o sofrimento do nosso povo...
 

Hermínio, não se pode negar que você atuou politicamente ao lado do prefeito Roberto Sobrinho que, claro, contou com seu apoio para se tornar prefeito, no 1º e 2º mandato. Você se arrepende disto?

HERMÍNIO– Iniciei minha militância política no sindicalismo e, partidariamente, no PT. E isto foi num momento em que o partido e seus militantes tinham uma clara postura ideológica. Tínhamos a esperança de chegar ao poder em Rondônia dispostos a lutar pelos direitos dos mais humildes, pelo chamado Estado de Direito, pela consolidação da cidadania. Cheguei a acreditar – e não vou negar hoje – no Roberto Sobrinho como um quadro partidário que, chegando à prefeitura, poderia fazer uma administração lastreada em compromissos éticos e sociais, pondo fim ao fisiologismo que tanto condenamos. Infelizmente não foi o que aconteceu.
 

Então neste momento em que se comemora mais um aniversário da Capital você não vê muitos motivos para alegria?

HERMÍNIO– Com tristeza reconheço que os petistas do meu tempo que chegaram ao comando da administração municipal de Porto Velho, tendo Roberto Sobrinho como chefe, foram tragados pelo vendaval do fisiologismo e não diferem em nada dos políticos de maior expressão no uso e na promoção da corrupção política. Para mim é doloroso ter visto o PT chegar ao poder em Porto Velho, depois de ter encarnado durante anos os interesses históricos das classes mais humildes, e se transformar nisto que ai está. Fora o aniversário em si, certamente a população tem pouca coisa a comemorar. A cidade poderia estar muito melhor. Recursos não faltaram. Faltou trabalho, competência, comprometimento com as causas populares. Mas, claro, que há motivos para estarmos alegres porque sabemos que nossa cidade é cheia de vida, de gente honesta e trabalhadora que sempre superou as dificuldades que lhe foram impostas por seus maus gestores, apesar de tudo, Porto Velho cresce e há de cumprir seu destino de ser uma grande cidade em todos os sentidos. E nós que vivemos aqui, que temos compromisso com esta cidade, haveremos de lutar para alcançar uma qualidade de vida melhor.
 

O que determinou sua saída do PT, onde praticamente você construiu sua carreira política, até chegar ao 1º mandato de deputado estadual?

HERMINIO – Eu não tinha mais como ficar na sigla. O prefeito, chegando agora ao fim de seu segundo mandato, colocou os interesses privados, de grupos e até de sua família, em primeiro lugar. Os interesses coletivos foram esquecidos. Sua administração, conspurcada pela corrupção, por sua íntima ligação aos grupos poderosos que atuam em setores como o da limpeza pública, o dos transportes e tantos outros, que acabaram sepultando ou pelo menos calando políticos e lideranças sérias do PT que não aderiram aos seus interesses fisiológicos.

Meu compromisso político nunca mudou. Eu não podia fechar os olhos para a descaracterização política em curso na prefeitura e não denunciá-la, e não cobrar respeito ao povo por parte do prefeito seria renunciar aos meus ideiais. Os dirigentes desejavam que eu ficasse calado, que não usasse a tribuna da Assembléia para desmascarar os verdadeiros delinqüentes no trato com o dinheiro público, sempre prontos a se beneficiar das benesses do poder. Fui muito pressionado e não tive outra alternativa senão buscar outra sigla, onde posso atuar com independência.
 

Qual a mensagem que você deixa para a população de Porto Velho neste aniversário de 97 anos?

HERMINIO– Eu tenho esperanças de que este ano a cidade vá se livrar de boa parte dos políticos que se movem por interesses escusos e mesquinhos. O nosso povo tem direito a ter acesso à assistência médica e social de qualidade. Os moradores de Porto Velho têm o direito a um transporte público decente. Se isto não aconteceu até hoje é porque o “monopólio” tem financiado os mandantes da cidade com a garantia de sinal verde para continuar dominando este setor sem serem incomodados.

Porto Velho tem tudo para ser uma das melhores cidades do Brasil, na medida em que melhorar sua governança e se livrar dos maus políticos incapazes de amá-la. Ela, a cidade, não pode continuar sendo seqüestrada pela especulação imobiliária, com a absurda quantidade de prédios sendo incessantemente levantados aos quatro cantos, sem relação alguma com a correção de nosso estrondoso déficit habitacional para os mais pobres. A dura verdade é que vivemos hoje mais uma tragédia na gestão da cidade. Não podemos ter mais gestores atrelados até a medula aos interesses de grupos econômicos premiados com concessões e permissões públicas para setores vitais na prestação de serviços de obrigação da prefeitura. Tomara que o novo prefeito seja alguém capaz de cumprir um programa de humanização nas relações sociais de nossa Porto Velho que chega ao 97 anos tão carente de saúde, paz, harmonia, esperança e outros estados de espírito que sempre fazem parte de nossos votos em cada aniversário dessa nossa terra. Porém, sou um otimista. Entendo que, certas coisas, acontecem na hora certa e, de uma forma ou de outra, estamos avançando. Nem sempre da maneira que gostaríamos, mas, estamos avançando e, quem sabe, no próximo ano teremos eleito um dirigente melhor que faça de Porto Velho a cidade que nós desejamos que ela seja: um cidade bonita, um cartão postal de nossa Amazônia.

Fonte: Jornal Alto Madeira

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