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Viviane Paes

Covid-19 - Hospitais de Campanha: tratamento para o corpo e a alma


Covid-19 - Hospitais de Campanha: tratamento para o corpo e a alma - Gente de Opinião

“Entrei na UPA da zona sul na manhã de 5 de abril com falta de ar e uma tosse que me fazia perder o fôlego, sintomas da Covid-19 que foi diagnosticada uma semana antes. Sou diabético  e minha glicemia também estava alterada, por conta do estresse, o que complicou muito meu estado. Fui atendimento imediatamente e os médicos diagnosticaram meu caso como urgente que necessitava de transferência para um hospital de campanha de tratamento da Covid.

Eu tentei controlar minha ansiedade, mas minha esposa também contaminada com o coronavírus ficou desesperada quando soube que a lista de espera para conseguir uma vaga em qualquer um dos três hospitais daqui de Porto Velho estava em 55 pacientes.

Orei e pedi que meu Senhor confortasse minha família e houvesse a liberação de outros pacientes com vida da UTI para que eu e outros da fila de espera conseguíssemos também a cura.

No dia 6 de abril, depois do almoço, a equipe da Upa me avisou que eu seria transferido para o hospital de campanha que funcionava no anexo do Cemetron. Meu coração foi batendo acelerado quando entrei na ambulância do Samu e ouvi o som da sirene ecoa dentro do carro. Sê a gente se assusta ouvindo esse som da rua imagina como é quando você é o paciente...

Eu só imaginava o pior quando me desceram da ambulância de maca e me conduziram por um prédio novo que só tinha ouvido falar como uma doação da JBS.

 Não recordo como foram meus primeiro minutos nesse local. Estava muito ruim. Acordei horas depois em um apartamento limpo e confortável que cheirava a casa nova. Pensei por uns segundos que estava em um hospital particular, mas isso não seria possível para minha família. Estou desempregado há mais de um ano, sem plano de saúde...

Fiquei 10 dias internado. Foram momentos difíceis por estar longe de tudo que amo, minha família e amigos, no entanto o tratamento que recebi lá não foi apenas de remédios, exames e fisioterapia. Recebi carinho de todos que estavam nos plantões. Não lembrarei todos os nomes e rostos escondidos sob máscaras de proteção, jamais esquecerei o amor ao próximo que emanavam.

Era a moça dos serviços gerais que entrava no quarto para limpar e trocar a roupa de cama e não saia sem perguntar como eu e meu companheiro de quarto, um senhor de 78 anos estava naquele dia. Na saída desejava melhoras e prometia que faria orações para nossa recuperação.

A fisioterapeuta que acompanhava os exercícios de respiração que evitaram que eu precisasse de respirador mecânico, apesar das crises frequentes de tosse e falta de ar brincava quando percebia que estávamos desanimados.

As enfermeiras e técnicos sempre olhava nos meus olhos quando perguntavam como eu estava me sentindo após a medicação e isso fez com que eu me sentisse acolhido. Eram olhares de verdadeira preocupação e aos 58 anos de idade eu já tinha esquecido o que é receber algo assim de um desconhecido.

Nutrição com amor

Covid-19 - Hospitais de Campanha: tratamento para o corpo e a alma - Gente de Opinião

Quando recebi o jantar no primeiro dia de internação fui surpreendido por um bilhete junto da minha dieta. Em um post it colorido estava escrito: Antes de tudo tenha fé, depois de tudo gratidão.

Eu gostaria de compartilhar minha gratidão a todos os trabalhadores que atuam no hospital de campanha do Cemetron”, afirmou José Hilde Tacaña, numa longa mensagem para essa autora. Ele é um dos mais de 181.920 recuperados da Covid em Rondônia, registrado no boletim nº 390 emitido diariamente pelo governo estadual.

Depois de ler emocionada ao relato acima que me deu base para o artigo da semana, a valorização das equipes que atuam nos hospitais de campanha de enfrentamento da Covid-19 em Porto Velho, e demais cidade do Estado fui buscar informações desse atendimento especial criado pela equipe de nutrição do hospital.

Consultando as redes sociais descobri que o Cemetron tem um perfil com registros fotográficos e vídeos dos profissionais que lá atuam e principalmente dos pacientes recuperados. Finalmente achei a fotos que ilustram este artigo, das três nutricionistas que criaram a metodologia de escrever bilhetes de encorajamento aos pacientes...

Uma amiga, cujo esposo recentemente teve alta do hospital de campanha do antigo Regina Pacis - não sei se é essa a denominação, comentou que o tratamento diferenciado ajuda demais o paciente. Seu esposo foi internado receando o pior tratamento possível e recebeu o melhor de cada um que trabalha ali.

Realmente nos últimos anos informações sobre a tal “humanização” no atendimento médico e em muitas outras áreas tem um efeito positivo imediato na vida de quem recebe e de quem faz com certeza!

Há alguns dias escrevi um artigo dizendo que a Covid ataca o corpo e a alma, porque pais têm sido separados de seus filhos por dias sem conseguir ao menos visita-los em leito de UTI; dezenas têm sido transferidas para outros estados e muitas famílias contraindo dívidas inimagináveis com tratamento médico em instituições de renome em São Paulo e Rio de Janeiro; mortos estão sendo enterrados sem que seus entes possam ao menos se despedir no tradicional velório, que foi transformado em meia hora de despedida para em seguida um enterro onde não é permitida a participação de todos que o falecido conviveu... Enfim é de despedaçar a alma do mais religioso ao ateu convicto.

Nosso reconhecimento

Por isso a ideia simples das nutricionistas do hospital de campanha do anexo do Cemetron faz o paciente isolado se sentir acolhido e amado. Esses tempos pandêmicos trouxe o pior de alguns – políticos desviando recursos públicos, profissionais roubando vacinas, o superfaturamento de itens essenciais à vida como os balões de oxigênio... Mas vamos focar no bem que é feito e contribui para a recuperação de centenas, proporcionando a morte digna para os que perdem a batalha para o coronavírus.

Para o porteiro, os profissionais dos serviços gerais, os da lavanderia, a equipe da cozinha, os profissionais da segurança patrimonial, os técnicos em enfermagem, os enfermeiros, os fonoaudiólogos, os fisioterapeutas, os médicos intensivistas e os clínicos gerais; os administradores e todos que não consigo nomear o reconhecimento da equipe do portal de notícias Gente de Opinião.

Vocês são anjos e heróis nessa guerra que vivemos!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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