Camargo Corrêa doou mais a DEM, PT e PSDB em 2008

 
Yan Boechat - Jornal Valor Econômico


O Democratas, o PT e o PSDB foram os partidos que receberam as maiores doações legais e registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da construtora Camargo Corrêa nas eleições municipais do ano passado. Candidatos a prefeito dos três partidos receberam, juntos, cerca de R$ 4,5 milhões dos R$ 5 milhões que a companhia doou a quase todas as principais siglas do país. O DEM lidera a lista com mais de R$ 3 milhões.

As doações ao Democratas foram concentradas na campanha à reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Seu Comitê Financeiro Municipal Único recebeu um cheque de exatos R$ 3 milhões do grupo que teve três diretores e um consultor presos ontem pela Polícia Federal. A CCDI, companhia do grupo que atua no mercado de empreendimentos imobiliários, tem quase a metade de todo o seu banco de terrenos para futuros empreendimentos na cidade de São Paulo, onde o Plano Diretor atual passa por uma ampla revisão. Em valores de mercado atual e de acordo com as leis vigentes no Plano Diretor da cidade, esses terrenos tem uma capacidade de geração de receita para a companhia de mais de R$ 4 bilhões.

A segunda maior beneficiária das doações da Camargo Corrêa foi a candidata do PT à Prefeitura de Curitiba (PR), Gleisi Helena Hoffman. Mulher do ministro do Planejamento Paulo Bernardo, Gleisi recebeu um total de R$ 500 mil da construtora, em três diferentes ocasiões durante o segundo semestre do ano passado. O candidato do PT à Prefeitura de Porto Velho, o eleito Roberto Sobrinho, recebeu outros R$ 100 mil. Na cidade agora comandada por ele será construída a usina hidrelétrica de Santo Antônio, a cargo de um consórcio no qual a Camargo Corrêa faz parte. Receberam quantias vultosas também o prefeito eleito de Recife, João da Costa, e o prefeito eleito de Diadema (SP), Mário Reali.

O líder de doações da construtora por parte do PSDB foi o prefeito eleito de Curitiba, Beto Richa. Por meio de uma doação direta à sua candidatura a companhia repassou R$ 300 mil ao hoje prefeito da capital paranaense. A construtora também repassou R$ 100 mil ao candidato tucano de Osasco, Celso Giglio, que não conseguiu vencer as eleições.

Apesar de ter concentrado suas doações nos três dos principais partidos do país nas eleições municipais de 2008, a Camargo Corrêa também repassou recursos a quase todas as principais siglas do país. Candidatos do PR receberam R$ 200 mil da companhia, e quatro candidatos do PTB receberam doações da ordem de R$ 145 da companhia. O PMDB, maior partido do país, teve apenas três candidatos a prefeito, dois deles do Amazonas e um do Estado do Rio, escolhidos pela companhia para receber recursos. A Camargo Corrêa doou R$ 20 mil a cada um deles.

A diversidade partidária nas doações não se repetiu na localização geográfica daqueles que receberam recursos da empresa. A companhia optou por fazer doações a candidatos, de diferentes partidos, em várias cidades da região metropolitana de São Paulo. Concorrentes de Diadema, Osasco, São Bernardo do Campo e Guarulhos receberam doações. Na maior parte dos casos os candidatos concorriam contra o PT nessas cidades.

A Camargo Corrêa também demonstrou ter interesses fortes no Centro-Oeste do país. Candidatos de oito municípios do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul também receberam recursos da companhia. Minas Gerais e Amazonas são outros dois Estados que tiveram atenção especial da Camargo Corrêa.