Quinta-feira, 24 de setembro de 2020 - 10h39
Aumentar a capacidade de saneamento básico na Região Norte,
dar condições de trafegabilidade para escoamento da produção local,
proporcionar uma conectividade mais abrangente e ampliar concessões em
aeroportos e rodovias foram temas apresentados nesta quarta-feira, 23, durante
a terceira rodada de debates prévios que antecedem o Fórum Mundial,
Amazônia+21, marcado para ocorrer de forma virtual, de 4 a 6 de novembro. O
segundo painel do dia destacou a importância da infraestrutura para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Para falar sobre o assunto, participaram desta rodada
Olivier Girard, sócio da Macrologística, Thiago Caldeira, secretário de
Parcerias em Transportes do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI),
Claudio Frischtack, presidente da Inter B Consultoria e do especialista em
infraestrutura do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ernesto
Flores, e teve como moderador, José Carlos Martins, presidente da Câmara
Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC).
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de
Rondônia (FIERO), Marcelo Thomé ressaltou que os debates servem para contribuir
e encontrar oportunidades e novos caminhos para o desenvolvimento sustentável
da Amazônia. “Porém, a região ainda possui enorme precariedade em
infraestrutura básica, logística e conectividade, e os debates podem contribuir
para nortear soluções para essas áreas”, enfatizou.
Olivier Girard comentou que projetos desenvolvidos pela
Macrologística revelaram um Norte competitivo. “Nossos estudos, iniciados há 10
anos, mostram uma Amazônia pujante e produtiva”, afirmou. Uma avaliação dos
modais apontavam alguns gargalos na região, como a BR 163, que liga a região
central a Belém, para escoar produtos através do porto paraense, e a BR-319, de
Porto Velho a Manaus. Falou ainda sobre a importância da hidrovia do Madeira,
que carece de investimentos para ampliar sua capacidade, entre eles, a duplicação
da BR-364 em Rondônia.
Concessões
de aeroportos e rodovias
Thiago Caldeira, da PPI, citou algumas parcerias
público-privadas, entre elas, no terminal pesqueiro de Belém-PA. Também
informou que há previsão de injeção de R$ 2 bilhões em investimentos concessões
em aeroportos, contemplando os terminais aéreos de Porto Velho e Rio Branco-AC.
“Também trabalhamos para viabilizar concessões de trechos das rodovias BR-163 e
da BR-364, principalmente entre o trecho entre Comodoro-MT e Porto Velho”, ressaltou.
Claudio Frischtack, da Inter B Consultoria, abriu sua fala
afirmando que se deve discutir a importância da Amazônia para a projeção
global, com um processo de curadoria sobre a região, dada a importância que ela
representa para o Brasil e para o mundo. “Precisamos levar mais a sério a crise
climática, que ameaça o futuro da humanidade”, disse. “Para isso, temos dois
grandes desafios: o bem-estar da população e o ambiental”.
Ernesto Flores, do BID, apresentou alguns projetos que o
banco vem desenvolvendo para promover desenvolvimento sustentável em toda a
América Latina e do Sul. “Desenvolvemos projetos em diversas áreas de
infraestrutura. E o BID está aberto para receber propostas para promover e
financiar iniciativas na Amazônia”, anunciou.
Para os debatedores, o planejamento e governança são os
motes para atrair mais investimentos sustentáveis para a região. Ao final, o
moderador José Carlos Martins enfatizou que é possível, sim, fazer da Amazônia
uma região desenvolvida, preservando sua biodiversidade.
Incremento
do setor elétrico é essencial para o desenvolvimento da Amazônia
Discutir a matriz energética e garantir energia limpa. Com
esse propósito, foi realizado o terceiro painel do encontro prévio. Nesse
debate, moderado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia
(FIERO), Marcelo Thomé, foram apontadas alternativas para incrementar o
potencial de energia na região amazônica. O incremento do setor elétrico é
essencial para o desenvolvimento da Amazônia, segundo os debatedores.
Debateram sobre o tema, o vice-presidente da Energisa,
Ricardo Botelho, o CEO da Usina de Jirau, Edson Luiz da Silva, do representante
do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE), Marcelo Moraes, do CEO da
Absolar, Marcio Takata, Hélvio Guerra, do Ministério de Minas e Energia e
Fernando Vernalha da VG&F Advogados.
Helvio Guerra disse ministério trabalha em dois planos para
o setor elétrico: o decenal, para investimentos até 2030, e o Plano 2050, com
planejamento de investimentos para 30 anos. Frisou que a matriz energética do
brasil conta com 85% de fontes renováveis. E discorreu ainda sobre a
preocupação da inserção das comunidades amazônicas ligadas às redes de energia.
Mais
luz para a Amazônia
A pedido do moderador Marcelo Thomé, Ricardo Botelho falou
sobre o programa Mais Luz para a Amazônia, com sistema de energia renovável e
mais sustentável, que visa atender localidades remotas e pequenos agrupamentos,
que estão afastados das sedes municipais. “O programa permitirá o desenvolvimento
dessas regiões”, afirmou.
Edson Luiz da Silva enfatizou que Jirau gera energia segura
e de qualidade. Com relação à sustentabilidade, ele citou o exemplo do Distrito
de Mutum Paraná, que foi planejado e construído para abrigar os funcionários
durante a construção da usina. Após a conclusão da obra, a vila ainda se mantém
com 1.600 casas com saneamento, educação, e terminais de internet banda larga.
“Além disso, Jirau apoia a cooperativa da região, que permite a extração do
açaí e produção de farinha”, disse. Segundo informou, hoje vivem no local 6 mil
pessoas, sendo 1500 crianças.
Marcelo Moraes, da FMASE, falou sobre os investimentos no
setor eólico e energia fotovoltaica. Disse que tem grande expectativa para a
exploração do gás natural. Anunciou que há a possibilidade de expandir os
empreendimentos com responsabilidade, “mantendo a floresta em pé e auxiliando
atividades das comunidades envolvidas na região”.
Segurança
jurídica é essencial
A falta de garantias é um dos gargalos para garantir financiamentos,
segundo Fernando Vernalha. Ele afirmou que a insegurança jurídica é outro fator
que trava o incremento de projetos regionais. “É importante que se ofereça uma
perspectiva de segurança e regulação responsável, pois, em muitos casos, as
agências regulatórias inibem empresas de fazer investimentos no país”,
comentou. Por fim, sobre a questão do licenciamento ambiental, Vernalha disse
entender que o órgão liberatório tem uma visão restrita.
Marcio Takata disse que a energia fotovoltaica é um
benefício grande para as comunidades das localidades amazônicas, sobretudo nas
regiões isoladas, que poderão ter condições de inserção social e econômica.
“Somente na região norte, já alcançamos 370 megawatts de cobertura, e queremos
expandir ainda mais”, concluiu.
Cultura
e cidades amazônicas no próximo encontro
Mais um encontro prévio acontecerá no dia 14 de outubro,
com o tema Cultura e Cidades Amazônicas, que faz parte dos quatro eixos
temáticos propostos pelo Fórum Amazônia +21, que ocorrerá nos dias 4, 5 e 6 de
novembro deste ano. O evento tem o intuito de estimular debates sobre os
desafios e as soluções para uma Amazônia sustentável a partir dos eixos:
negócios sustentáveis, cultura, financiamento dos programas e ciência,
tecnologia e inovação.
O evento é promovido pela FIERO, em conjunto com a
Prefeitura de Porto Velho, através da ADPVH, com correalização da Confederação
Nacional das Indústrias (CNI) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Ele acontece de
forma virtual, as inscrições são gratuitas e todas as palestras têm tradução
simultânea para o inglês e espanhol. Saiba mais sobre o Fórum Mundial através
do link: Amazônia+21.
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