“É hora de dar um basta à imbecilização da sociedade. Me oponho à cafajestização do homem brasileiro”. (Caetano Veloso, no grande ato dos artistas pró-Haddad nos Arcos da Lapa, no Rio, na noite de terça feira).
RICARDO KOTSCHO
Balaio do Kotscho
No Brasil de Temer, não só é difícil arrumar trabalho, mas também conseguir receber por serviços já prestados.
É assim hoje, mas sei que pode ficar muito pior.
Por isso, me atrasei para atualizar o blog.
Só agora, mais de seis da tarde, consegui um tempinho pra cuidar do Balaio e moderar comentários, o que também não é nada fácil nem agradável.
É inacreditável o que tenho recebido de mensagens com sandices, agressões, mentiras e boçalidades em geral, cada dia mais e pior.
Sem vontade de ficar dando murro em ponta de faca, e de falar para quem não quer ouvir nem consegue entender, pensei em não escrever nada, mas por sorte recebi um texto da minha filha mais velha, a também jornalista Mariana Kotscho.
Em poucas palavras, ela conseguiu resumir o que também sinto e penso sobre o momento que estamos vivendo, tão bem definido por mestre Caetano na epígrafe deste texto.
O acelerado processo de imbecilização e de cafajestização já está atingindo até as crianças, como Mariana retrata no texto que lhe pedi licença para reproduzir abaixo.
***
Tem criança chamando o amiguinho de comunista fdp.
Tem criança dizendo que vai aprender a atirar.
Tem menino de 5 anos dizendo que é macho.
Tem criança ameaçando o colega de morte.
Tem criança xingando professora.
Tem criança estragando a lição de casa da amiga que escreve sobre democracia.
Tem criança empurrando a outra na escada porque estava de blusa vermelha.
Tem criança com medo de ir para a escola.
Tem mãe de criança sendo expulsa do grupo de whatsapp.
Tem criança dizendo que gay tem que morrer.
Tem criança dizendo que homem é mais importante que mulher.
Tem criança dizendo que negro não trabalha.
Tem criança repetindo tudo o que os adultos dizem.
Tem criança chorando.
Tem crianças sofrendo.
São crianças.
É este o Brasil que você quer?
Qual Brasil você escolhe?
O das armas ou o dos livros?
O da bicicleta ou o do tanque de guerra?
O dos afetos ou o da intolerância?
O da transparência ou o do fake news?
O que conversa ou o que grita?
O que quer debater ou o que se esconde?
O do respeito ou o do ataque?
O da democracia ou o da ditadura?
O da sabedoria ou o da ignorância?
O que inclui ou o que exclui?
O da igualdade ou o do preconceito?
O do amor ou o da tortura?
O da luta ou o da guera?
O do diálogo ou o do monólogo?
O de um presidente ou o de um tirano?
Em frente à urna, a decisão é só sua.
***
Pense nas crianças do Brasil.
Faltam apenas quatro dias.
Vida que segue.
Sexta-feira, 19 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)