Porto Velho (RO) quarta-feira, 2 de julho de 2025
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Opinião

DESERÇÃO ESCOLAR


   
Bruno Peron Loureiro

Os brasileiros temos mania de sofrer antes de o problema chegar, especular sem que a situação se concretize e ir na onda dos outros só porque fulano de tal escolheu de um jeito e se deu bem. A crise econômica mundial mal chegou no Brasil e tudo é culpa dela: empresas demitem funcionários, alguns produtos encarecem, chove muito, e o motor do automóvel não pega. É a crise. 

É aquela velha história de aceitar ou pegar dos outros o que não é nosso nem era para ser. O vizinho tosse e nós é que ficamos gripados; o baderneiro bebe e nós é que ficamos de fogo; os gringos se atrapalham com suas falcatruas financeiras e nós é que somos ameaçados de demissão e queda no consumo. Falta distinguir o que é nosso e o que é deles. Quando o Brasil situar-se mais autonomamente nos intercâmbios internacionais e com isso não quero dizer isolar-se, melhorará seus índices de desenvolvimento e estabilidade. 

Um dos indicadores é a deserção escolar, que significa abandono da escola ou da universidade antes do término dos estudos. Não se constrói um país de destaque mundial sem a boa formação de seus integrantes, a conscientização do papel que exercemos no Brasil e no mundo e a preparação para uma carreira profissional que não se molde apenas ao setor produtivo existente. Concentro-me em duas questões: a causa da deserção escolar e a do desinteresse nas instituições de ensino como lugares de aprendizagem, interação e prazer. 

Das várias etapas do ensino no Brasil (Infantil, Fundamental, Médio e Superior), é uma minoria que chega ao Superior e muitos sequer terminam o Médio. Os principais fatores que interferem na continuidade dos estudos são a renda familiar, a idade, a necessidade de trabalhar e a má qualidade da escola. Quanto maior a idade, menor a propensão a estudar devido à pressão de ter um trabalho. É baixo também o interesse numa escola onde os professores vão desmotivados, a didática não é boa, a infra-estrutura é precária e o descrédito na instituição aumenta. 

Ainda, os estudantes de escolas públicas recebem o incentivo à ignorância através do sistema de aprovação automática, que é uma política de Estado elaborada para reduzir os números da deserção escolar e deixar a impressão de que melhorou o nível de escolaridade dos brasileiros. Muitos atravessam, assim, vários anos sem saber escrever. É calamitosa a saída dada pelo governo à deterioração do ensino público no Brasil, como se a solução fosse driblar a péssima qualidade da educação pública ou, na melhor das hipóteses, aumentar o orçamento. 

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) prognosticou que a crise econômica mundial tende a aumentar a deserção escolar, a desnutrição infantil e a mortalidade materna na América Latina. No entanto, estas previsões devem servir de pretexto para que o Brasil ressitue-se no mundo de maneira mais autônoma, projete um modelo de desenvolvimento mais responsável em relação aos que brincam com o setor financeiro, e resolva problemas internos que travam a evolução do país. Por isso é importante retomar o tema da educação. 

A escola e a universidade são espaços de intercâmbio de conhecimento, conquista de novas amizades, inserção no país e no mundo. Estas instituições demandam um outro olhar da população e uma atenção mais concentrada do governo. Que não se desertem os sonhos de um país onde se valorize a boa formação.

Fonte: Bruno Peron Loureiro é bacharel em Relações Internacionais.

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 2 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Quarta-feira (25), o Congresso impôs mais uma derrota ao governo do presidente Lula derrubando o Decreto que aumentava o IOF. O governo perdeu mais

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

O esquema que desviou bilhões de reais de contas de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi apenas mais um

O Congresso é culpa do eleitor

O Congresso é culpa do eleitor

          O Congresso Nacional do Brasil é, óbvio, o Poder Legislativo e é composto por 513 deputados federais e pelos 81 senadores da República. Es

O Eros e a Busca da Integridade: Entre o Mito e o Sagrado

O Eros e a Busca da Integridade: Entre o Mito e o Sagrado

Em Diálogo com Platão, Jung e a Trindade num Contexto do Sexo como Ritual sagrado A humanidade é um rio que corre entre duas margens: a espiritualid

Gente de Opinião Quarta-feira, 2 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)