Sábado, 4 de novembro de 2023 - 11h07
Quando
faleceu meu pai, Santos Lessa, escreveu, in: " Comércio de Leixões",
de que era director: " Pinho da Silva há muito que estava doente,
praticamente imobilizado, devido a erra medico. Na sua última missiva
dizia-nos, talvez prevendo o desenlace para breve (que se verificou): "
Estou cada vez mais doente da intoxicação que o médico me arranjou: estou quase
"safo"; mas o coração?! Nem posso subir uma escada! Valha-me
Deus!"-13/11/87
Não
foi erro médico, como disse o jornalista, mas descuido. Eu explico:
Certo
dia foi consultar o clínico. Aconselhou-o a tomar determinado medicamento que,
a seu entender, era indicado para a idade.
Meu
pai era avesso a remédios. Não o queria tomar, mas convenceram-no.
Decorrido
semanas entumeceram-se as pernas. Leu a " literatura", nas
contradições, dizia:" raramente afecta os rins.” (1 a 2 por 1000)
Avisou
o médico, mostrou-lhe as pernas engrossadas; respondeu-lhe: "Não é nada
grave".
Semanas
depois, as pernas ficaram lustrosas e húmidas. O médico disse-lhe: "
Não se preocupe, continue a tomar o medicamento."!
Receoso,
consultou o urologista. Ao Vê-lo afirmou: " O senhor tem grave
intoxicação medicamentosa. Recolha já ao hospital"
Outrora
os médicos também erravam, mas alguns levavam a profissão como sacerdócio.
Quando
entrevistei familiares de clínicos, para a secção: " Figuras
Notáveis", no jornal onde era redactor, fiquei a conhecer que alguns
médicos se erguiam de madrugada para acudirem a doentes. Entre eles recordo:
Ferreira
Leite –
Que após extenuante dia de trabalho, no hospital, chegava a casa com vontade de
desligar o telefone, mas a consciência não lho permitia, Altas horas "
tilintava", para acudir urgentemente a doente.
Pedrosa
Júnior –
Tinha lugar cativo no cinema próximo da residência (nesse tempo não havia telemóvel)
para estar sempre disponível
Salvador
Ribeiro –
Verificando que o enfermo não tinha posses para adquirir o medicamento,
deixava, muitas vezes, sob a receita, a quantia necessária
Rocha
Paris – Que
saia de casa para prestar assistência, gratuita, a miseráveis, que viviam na
escarpa da Serra do Pilar.
Conversando
com jovem médico sobre o assunto, respondeu-me: "Já não há necessidades
de sacrifícios: há hospitais e clínicas..."
Agora
entra-se na Faculdade para ganhar dinheiro. Não há, na maioria, vocação; o que
se pretende é curso com saída e bem remunerado.
Ainda
há, felizmente, quem não pense assim.
E
então:" Fica – como disse Frei Luís de Sousa, – mau letrado o
que fora bom sapateiro e não é bom soldado o que fora bom religioso." -
" Vida do Arcebispo" – Lº1,CapII.
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