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A quixotesca derrota de Lula


 

 

O nosso gabola presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de receber, em Toledo, na Espanha, o I Prêmio Internacional Dom Quixote de La Mancha por difundir o idioma e a cultura espanhóis no Brasil. Levando em consideração o ar burlesco da nomenclatura da honraria, não é de se duvidar que trata-se de mais uma piada espanhola e os motivos da comicidade do ato nem precisam ser escritos, evitando assim uma indelicadeza frontal com o “magnânimo” chefe da nação, apesar da grande vontade de cometê-la. Logo depois, Lula segue viagem para a Índia e estica a jornada até Moçambique.

 

A decisão do presidente de manter-se em viagens internacionais por boa parte do mês de outubro é absolutamente sábia. A proposta premente no Palácio do Planalto é descolar a imagem de Lula das prováveis derrotas que sofrerá no segundo turno das eleições majoritárias das três principais capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em todos os casos, os candidatos apoiados por Lula (que gabava-se de ter popularidade para eleger até poste), vivem momentos difíceis e já estão perdendo o controle (e o nível) de suas campanhas. Como estamos falando dos três maiores colégios eleitorais da nação, a decisão das urnas de 26 de outubro de 2008 pode antecipar o resultado das eleições presidenciais de 2010, além de promover um racha federal no PMDB, principal aliado do PT na base governista.

 

Na capital mineira, a tão questionada aliança entre PT e PSDB para eleger o candidato do PSB, Márcio Lacerda, restou, até agora, não aprovada pelo eleitorado. A verdade é que o governador tucano Aécio Neves e o prefeito petista Fernando Pimentel colocaram no “tubo de ensaio” uma experiência com foco direto no fortalecimento de seus nomes para as eleições de 2010. A aliança “tucapeta” mineira não só está afundando como acabou produzindo um novo ídolo jovem: aos 33 anos de idade, Leonardo Quintão, do PMDB, está prestes a se tornar prefeito de Belo Horizonte. Além de derrotar o candidato de Lula e acabar com o espectro de imbatibilidade hegemônica de Aécio Neves em Minas Gerais, a possível vitória de Quintão fortalece a pré-candidatura peemedebista do ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao governo do Estado. Do outro lado da corda estará o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, ou o atual prefeito Fernando Pimentel, ambos do PT. Teoricamente enfraquecido, Aécio, além de perder a possibilidade de disputar a sonhada Presidência da República, pode terminar humilhado, ou até mesmo aniquilado, dentro do clã tucano nacional.

 

Já o Rio de Janeiro vive um dos momentos mais interessantes de sua História Política. O candidato de Lula, o deputado estadual petista Alessandro Molon, e a candidata do atual prefeito César Maia, a deputada federal democrata Solange Amaral, tiveram um desempenho pífio (e até mesmo vexatório) no último dia 05 de outubro. No segundo turno das eleições, o carioca terá de escolher entre dois candidatos completamente díspares: o experiente e antológico deputado federal Fernando Gabeira, do PV, e o jovem e ambicioso Eduardo Paes, agora do PMDB. Entre as doses de excentricidade do primeiro e de oportunismo do segundo, a Cidade Maravilhosa também antecipa o embate de 2010, já que o vice de Gabeira é do PSDB e Paes capitaneia o apoio do atual governador Sérgio Cabral Filho e, agora no segundo turno, do presidente Lula, a quem chamou de “chefe da quadrilha” durante sua participação nas investigações do escândalo do mensalão. Enquanto Paes, aos 38 anos, representa a falida política tradicional, Gabeira, aos 67 anos, é a sensação do momento em termos de renovação política no “paraíso tropical” brasileiro e mostrou-se um fenômeno absoluto, saindo de míseros 5% nas pesquisas eleitorais do primeiro turno para chegar ao favoritismo nessa etapa, mesmo diante da “central de boatos”, onde “bocas de aluguel”, correligionários de seu adversário, percorrem a cidade acusando Gabeira de ser gay, viciado em drogas e ateu, além de afirmarem que ele irá “reforçar a merenda escolar com drogas”. Diante desses absurdos, Paes está afundando e Gabeira vem exibindo excelente blindagem contra as calúnias e difamações do adversário.

 

No entanto, os olhos do Brasil estão na disputa pela prefeitura de São Paulo, o mais claro prognóstico para 2010. Lula e o PT já festejavam um provável retorno de Marta Suplicy ao comando da maior cidade da América Latina quando foram atropelados pelo atual prefeito democrata, Gilberto Kassab, que, além de ganhar o status de político mais votado do Brasil no primeiro turno, tornou-se, imediatamente, a locomotiva principal da provável candidatura presidencial do governador tucano José Serra, que, por sua vez, é seu fundamental cabo eleitoral. O fato de Kassab já apresentar, segundo as pesquisas, 54% das intenções de votos contra 37% de Marta, assustou a campanha da petista que, ânimos exaltados, partiu para o ataque pedestre ao adversário. A moderna e (pretensa) chique sexóloga paulistana desceu do salto alto e baixou o nível da campanha, chegando a colocar em xeque a orientação sexual de seu adversário. No desespero, onze ministros do governo lulista partiram para São Paulo na tentativa de apoiar Marta. Nada disso está surtindo o efeito esperado. Ao contrário, a derrota de Marta Suplicy é cada dia mais evidente e a ex-ministra do Turismo tem tudo para se tornar o maior “tiro no pé” do presidente Lula.

 

No âmbito geral, divulga-se a vitória do PMDB e do PT nas eleições de 2008. No entanto, são apenas aparências. Os dois partidos ampliaram seus domínios nas pequenas cidades, onde as verbas do Governo Federal são decisivas. A verdade é que, no interior, as políticas partidárias são praticamente inexpressivas e na cartilha dos prefeitos reza a tática de sempre estar do lado de quem está no poder. Assim sendo, caso Serra confirme seu favoritismo e vença as eleições de 2010, a grande maioria desses administradores municipais irá migrar para um dos partidos que venham a compor a base aliada, preferencialmente o partido do presidente da República ou do governador de seu Estado. A regra que vale é a possibilidade de liberação e aumento de recursos federais e estaduais para suas cidades.

 

Assim sendo, confirmadas as vitórias de Gilberto Kassab em São Paulo, Fernando Gabeira no Rio de Janeiro e Leonardo Quintão em Belo Horizonte, Lula sofrerá a maior derrota desde sua ascensão à Presidência da República, em 2003. E que ninguém se espante caso a popularidade do presidente inicie uma trajetória descendente e “notáveis” políticos comecem a caminhar na direção de José Serra e de partidos como o PSDB e o DEM. Marta Suplicy, Eduardo Paes e Márcio Lacerda podem amargar eternamente a responsabilidade por terem empurrado Luiz Inácio Lula da Silva rumo ao primeiro passo de seu degredo. Mas, antes do esquecimento, o quixotesco Lula tentará emplacar um sucessor (ou sucessora, como estão alardeando). Resta apenas saber qual petista irá receber a pitoresca missão de ser o Sancho Pança em 2010 e de escrever as derradeiras palavras da Era Lula.


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