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História

O LEGADO DE TEIXEIRÃO


O governador Jorge Teixeira conquistou obras importante.  É o único mito que o povo de Rondônia tem. Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, o Teixeirão, último governador do Território Federal de Rondônia e primeiro do Estado que ele construiu. Ele encerrou o ciclo dos governadores nomeados por Brasília (seu sucessor, o deputado estadual Ângelo Angelim, foi também nomeado, mas após ser indicado pela Assembléia Legislativa). Nenhum outro político da história de Rondônia foi - e continua sendo - tão popular, e até endeusado, quanto ele. 

Teixeirão poderia ter sido também o primeiro governador eleito do novo Estado de Rondônia, se tivesse se desincompatilizado a tempo de concorrer às eleições diretas de 1986. Sua popularidade - sobretudo no Interior - teria sido capaz de derrotar o grande herói da oposição à Ditadura Militar, Jerônimo Santana, Homem da Bengala, o chefe da resistência democrática então representada pelo MDB, depois PMDB. E a história de Rondônia teria sido outra. 

Sua obsessão pelo Poder
- Teixeirão se considerava uma espécie de “dono” da classse política que ele próprio construiu - impediu-o de ver que esse Poder não era mais garantido pelo moribundo regime militar e sim pelo povo que estava sedento por eleições diretas. Teixeirão, na opinião de um confesso “teixeirófilo”, o historiador Francisco Matias, não sabia que já era um mito popular e que tinha os votos da maioria do eleitorado. 

Talvez por isso tenha sido traído pelos próprios correligionários e por todos os que havia transformado, pelo seu prestígio pessoal junto ao eleitorado, em deputados estaduais, deputados federais e senadores. E, principalmente, pelo presidente nacional de seu próprio partido (PDS), José Sarney, que desonrou um acordo que Teixeirão havia feito com o próprio Tancredo Neves, para continuar governando Rondônia até a primeira eleição direta para governador. 

Após a eleição, a inesperada morte de Tancredo e a conseqüente (mas, politicamente inesperada) assunção do vice-presidente José Sarney ao cargo de Presidente, Teixeirão cobrou sua permanência no cargo de governador até 1986 - como aliás estabelecia a Lei Complementar nº 41, de 22 de dezembro de 1981, que criava o Estado de Rondônia. 

Sarney disse que no acordo não tinha sido feito com ele e entregou Teixeirão nas mãos da classe política de Rondônia que o traiu.. 

Sarney exonerou Teixeirão e nomeou Ângelo Angelin como governador-tampão até as eleições diretas de 1986 - com o apoio da traidora bancada de Rondônia no Congresso Nacional: que Teixeirão havia ajudado a eleger: os senadores Galvão Modesto e Odacir Soares ( embora Odacir tivesse seu próprio cacife eleitoral, ele devia a Teixeirão sua indicação para a vaga de senador) - o terceiro senador de Rondônia, Claudionor Roriz, foi o único leal ao governador); e os deputados federais Chiquilito Erse (que havia ”costurado”com Tancredo Neves o acordo para permanência de Teixeirão como governador até 1986), Francisco Sales, Assis Canuto, Rita Furtado, Orestes Muniz. O deputado federal Múcio Athaíde não é relacionado como traidor de Teixeirão porque se omitia em toda e qualquer questão relativa a Rondônia. Nem para trair ele serviu. 

A maior parte dos deputados da Assembléia Legislativa Constituinte de Rondônia foram eleitos com a ajuda de Teixeirão e eles também apoiaram sua exoneração. E Sarney nomeou Angelin talvez se vingando de uma esnobada que Teixeirão lhe deu quando esteve em Porto Velho, como presidente nacional do PDS (partido do próprio governador), mas não foi recebido por ele no palácio do Governo. O motivo era que o PDS já estava fracionado e Sarney, líder da Frente Liberal, era contrário a ala do presidente João Figueiredo, do qual Teixeirão se mantinha fiel. 

“Teixeirão” foi empossado no cargo de governador do Estado de Rondônia, no dia 29 de dezembro de 1981, em Brasília. Sua principal tarefa era eleger três senadores para o PDS, partido do regime militar, para garantir maioria no Congresso Nacional, e enfrentar o crescimento do PMDB. 

A Era Teixeirão começou em 10 de abril de 1979 e se estendeu até 1985. Os cronistas de Teixeirão lembram que na época, o garimpo estava chegando ao auge nas águas barrentas do Rio Madeira. O território fervilhava com o ingresso de milhares de migrantes ávidos em busca de terra. 

Lembram ainda que "Teixeirão" ganhou a maioria das eleições que participou elegendo deputados estaduais, federais e senadores. E citam, entre as principais obras realizadas durante de seu governo, com apoio federal, a Usina Hidrelétrica de Samuel e a rodovia BR-364. 

A historiadora Yeda Borzacov, outra “teixeirófila”, diz que na Era Teixeirão, de 10 de abril de 1979, quando chegou como governador do ainda Território Federal de Rondônia, até maio de 1985, quando foi exonerado, Rondônia se transformou num “canteiro de obras”. Além da Usina de Samuel,, eram construídos os prédios da Universidade Federal de Rondônia (o campus), era fundado e construído o Banco do Estado de Rondônia, construído e instalado o Tribunal de Contas, era instalada a Assembléia Legislativa, construídos ginásios de esportes, o Hospital de Base, o Centro de Medicina Tropical (Cemetron), era asfaltada a BR 364, reativados 23 quilômetros da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré etc. 

A criação de novos municípios em junho de 1981 – Colorado, Espigão, Presidente Médici, Ouro Preto, Jaru e Costa Marques – foram outras obras de Teixeirão. Teixeirão, enfim, construiu o Estado de Rondônia. 

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