Porto Velho (RO) quinta-feira, 2 de maio de 2024
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Gente de Opinião

Viviane Paes

Gestão, Educação & Respeito ingredientes de um líder



Eu poderia e deveria falar da Operação Lava Jato, da consequente queda das ações da Petrobras; da decrescente popularidade da presidente Dilma – não uso a denominação presidenta de jeito algum; da falta de água em São Paulo, das cheias dos rios no Norte... Enfim, não faltaram bons-ruins temas para o artigo desta semana, mas não consigo deixar de pensar e compartilhar algo que presenciei nos últimos dias: o despreparo profissional de algumas pessoas em cargos de liderança!

Na última semana tive o desprazer de testemunhar duas situações que meu filho de nove anos denomina de vergonha alheia, nem por isso menos lamentável e ouvir  ainda um relato de outra não menos pior.

 A primeira é de uma atendente numa loja fotográfica desrespeitando uma cliente que fazia fotos 3 x 4. Em Altamira (PA), como em outras cidades, existem áreas de periferias alvos de muito preconceito igual aos moradores de favelas no Rio de Janeiro e São Paulo. Tipo: “morou na favela é ladrão ou traficante!”. Pois então, aqui em Altamira a favela tem nome é chama-se baixada do Tufi.  A cliente era uma jovem de no máximo 18 anos, bem simples, vestida de calça jeans, camiseta e sandália de dedo. Quando ela foi  ao caixa pagar o serviço,  bem próximo do balcão de fotos, a atendente disse para outra colega: “esta daí é da baixada do Tufi com certeza!”. A cliente ouviu, porque todos que estavam na loja viraram o rosto em sua direção, entretanto ninguém falou nada. Ela saiu da loja quase chorando, os funcionários continuaram trocando sorrisos e pronto! Dos poucos clientes, uns sorriam e outros balançaram a cabeça desaprovando a atitude.

Eu, cuja alcunha é Vivi de Calcutá, só esperei a vítima da grosseria sair da loja para perguntar para a dita atendente qual era o problema de morar naquele bairro. Ela mais surpresa do que sem graça justificou assim: “a senhora não é daqui por isso não conhece o tipo de gente que mora no Tufi...”. E eu nem a deixei terminar a frase:  “Não, não conheço mesmo, mas sei muito bem que tipo de profissional e pessoa é você que destrata uma cliente e um ser humano que não fez nada. E outra coisa esta loja não tem gerente?! Quero falar com ele.

Nem vale a pena entrar nos detalhes do que aconteceu depois. Esta foi à primeira da semana. No dia seguinte estou acompanhando um evento de uma empresa que sou consultora e assisto um gerente literalmente dando um show, porque uma solenidade simples saiu diferente do que estava combinado. A posição de um tapete não estava do jeito que ele queria, a aparência dos funcionários da empresa de filmagem não o agradou; São Pedro mandou chuva e ele queria sol sê bem que não muito, pois a claridade  iria atrapalhar a apresentação de vídeo e por aí seguiam as reclamações gritadas para mais de 40 pessoas.

Além da falta de educação que vem de berço, esta pessoa demonstrou total despreparo para a função que exerce e a empresa que estava representando. Pouco importa para os convidados de uma solenidade se o tapete não era azul como deveria ser, ou se a chuva estava atrapalhando o registro fotográfico e as filmagens. Na tentativa de desmerecer e rebaixar os membros de sua equipe ele foi como diz a Sandra Annenbergue: deselegante ao extremo. Despreparado para a função por não saber gerir um imprevisto básico que não falta em solenidades. Faltou respeito pelas pessoas que assistiam ao seu “chilique”, aos membros da equipe que antes de profissionais são seres humanos. É faltou lógico conhecimento da atual legislação, de assédio moral, mais que testemunhados por uma dúzia de pessoas.

Eu achava que já estava bom para encerrar a semana e aí vem o terceiro Case de fracasso profissional. Durante uma conversa informal com uma conhecida ela me contou como foi a última entrevista de emprego. Não sabia se sorria ou esbravejava de tão indignada. A entrevistadora foi no mínimo insana ao passar algumas informações do emprego. Não pode ter filhos, porque não temos horário para parar de trabalhar. Não pode adoecer porque ninguém da equipe pode cobrir o outro são muitas atividades... Não pode nem pensar em horário de almoço porque é engolir e trabalhar. Ah tem que ter muita paciência e educação para lidar com pessoa da comunidade que são grosseiras demais... Enfim, sei lá. Coisa de gente sem noção de nada.

Poucos profissionais entendem quando o gestor delega uma missão difícil e diz: conto com você, não podemos perder tempo, temos que ter resultados. O que os não-profissionais entendem desta mensagem é: assediem as pessoas subordinadas,  gritem com elas em público, mostre que só você é bom e os demais da equipe são apenas figurantes no palco principal da empresa  cuja estrela é você mesmo! Entenderam o tamanho do ego: eu, eu, nunca jamais a equipe.

Gestão, Educação e Respeito são essenciais na vida profissional. Gestão para gerir conflitos e crises. Educação e respeito para saber como pedir e o quanto exigir do membro da equipe. Respeito porque é básico da convivência desde casa, do jardim da infância, do ensino médio, da universidade, do trabalho, do supermercado, do barzinho, do trânsito, do trato com as pessoas que nos apoiam em casa, nas portarias, nos aeroportos...

Enfim,  não é nada à toa que existem milhares de publicações corporativas que tratam o tema com alegorias como o Monge que vendeu sua Ferrari, de um bem sucedido advogado americano que sofre um ataque cardíaco e começa a rever sua vida de outra maneira. Delega tudo que tem para seus sócios e parti em peregrinação espiritual para buscar um novo sentido para a vida. O que ele descobre, resumindo! Que o controle emocional é fundamental para cargos de gestão como do início ao fim de nossa existência. Que o respeito ao próximo é básico para conseguir a cooperação e o comprometimento de uma equipe de sucesso e resultados. Que ninguém é melhor que o outro, simplesmente assim.

Fico assustada quando ouço alguém dizer que a equipe não faz nada, todos são incompetentes, sem iniciativa... Quem é o interlocutor de uma frase desta tem dois problemas sempre:  ego demais e competência de menos! Um gestor que vai em um evento ficar fuçando na parte de  comunicação visual no mínimo não tem muito o que fazer das suas atividades e é muito inseguro para ter que mostrar o tempo todo que só ele pode fazer as coisas corretas, mesmo que seja rezar pedindo para São Pedro não trazer chuva no dia de um evento corporativo específico.

Só acho... Quando tiver certeza terei dúvidas se realmente sei!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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