Segunda-feira, 19 de outubro de 2015 - 09h06
Quem conhece o distrito do Iata? Quem não o conhece, recomendo que se apresse e vá até lá, de preferência ao entardecer dos finais de semana e se puder, vá pedalando, assim como costumeiramente faço há vários anos. O local é propício para não sentir-se a passagem do tempo, as coisas lá demoram e quando acontecem é de uma lentidão contemplativa.
Neste final de semana estive lá, fui beber um pouco daquela calmaria relaxante como água de cachoeira. Tenho a impressão que o semblante, os gestos e as falas das pessoas têm uma serenidade que não existe nos demais lugares da região. Tem-se a sensação que as casas, algumas quase centenárias, as mangueiras e a altaneira igreja de Nossa Senhora das Graças estão envoltos em uma aura mística que nos faz querer permanecer no Iata, infinitamente.
Observe entre o povoado e o rio Mamoré, as ruínas da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, impregnadas de sonhos e indelevelmente alheias à passagem do tempo. O rio, com suas águas claras de outubro, desliza suavemente ao encontro das águas turbulentas do Beni, em Vila Murtinho. Em sua passagem pelo Iata, o Mamoré beija demoradamente o aterro da histórica ferrovia e acena furtivamente para os moradores, sentados na singela praça da igreja.
Pedalar pelas linhas da Colônia Agrícola do Iata (1ª e 2ª Linhas) é sentir nas pernas o prolongamento dessa calmaria inebriante que envolve os moradores, árvores, casas e objetos que compõem o cenário perfeito do mosteiro chamado Iata. Pelo caminho, contempla-se as ainda resistentes e outrora produtivas casas de farinha e as ruínas de antigos casarões habitados por lembranças e afetos.
No Iata é assim. Lá o tempo ganha outra dimensão, os frutos, diferentemente dos demais lugares não caem, apodrecem, secam nos galhos e dissipam-se no ar. Lá no Iata, as pessoas e as coisas não envelhecem e nem morrem, transmutam-se, passam do estado sólido para mais sólido ainda. É possível vê velhos, sábios alquimistas caminhando pelas vias do lugar, ostentando a grandeza das pessoas simples de coração.
Conclamo aos moradores de Guajará-Mirim, Nova Mamoré e visitantes para sentirem um pouco do efeito rejuvenescedor que uma simples visita ao povoado do Iata nos provoca. Vá lá e beba água de côco, sente-se demoradamente no gramado em frente à Igreja Nossa Senhora das Graças, feche os olhos e fique ouvindo a Maria Fumaça passar. Converse um pouco com as pessoas e tente captar nas entrelinhas o que as torna imunes à passagem do tempo.
É preciso voltar e enaltecer, sem ser piegas, às nossas origens. O Iata é a matriz fundadora da história dos guajaramirenses e novamamorenses, “os amazônidas, filhos da ferrovia”, que cresceram ouvindo com encanto o som forte e imponente do apito da locomotiva e que ecoa até hoje, vivo, em nossos corações. Lá no Iata o “choro” do apito ainda provoca arrepios e espalha saudades na eterna lentidão das horas. Lá no Iata é assim…..
Autor: Simon O. dos Santos – Mestre em Ciências da Linguagem
e membro da Academia de Letras de Guajará-Mirim. “ Filho da Ferrovia”.
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