Sexta-feira, 10 de janeiro de 2014 - 10h42
A Estrada de Ferro Madeira Mamoré cantada e decantada em verso e prosa, continua sendo uma inesgotável fonte de inquirições, pesquisas e questionamentos, e deverá permanecer assim por anos a fio, alimentando o imaginário de defensores e detratores. De tudo o que já foi dito sobre a lendária “Ferrovia do Diabo”, assim denominada para melhor demonstrar os desafios de sua construção em meio a uma geografia impiedosa, repleta de pântanos, índios e doenças tropicais, nada é mais penoso e execrável do que a percepção de que ela está literalmente indo para a merda.
Na região de Nova Mamoré e possivelmente em toda a sua extensão, seus centenários trilhos agora cumprem outras funções. É possível encontrar em fazendas e propriedades rurais que margeiam a ferrovia, inúmeros passadiços, os famosos mata-burros, confeccionados com peças da ferrovia. Há até um “comércio”, se é que se pode chamar isso de comércio, em que proprietários contratam serviços de pessoas especialistas em serrar trilhos.
Munidos de uma pequena serra e um pote de água os “cortadores de trilhos”, vão molhando a serra à medida que os trilhos vão sendo cortados. Nas proximidades de Vila Murtinho, restam apenas os velhos dormentes e pequenos trechos da ferrovia onde não é possível realizar esse serviços. A situação mais aguda fica nas proximidades da ponte do igarapé Lages, também na região de Vila Murtinho, onde um fazendeiro de Guajará-Mirim que tem uma propriedade na divisa de Nova Mamoré com a Pérola do Mamoré, dispõe em sua fazenda de dezenas de pequenas “ferrovias” (mata-burros) impedindo que seu rebanho passem de um pasto para outro.
São inúmeros os destinos destas peças, em alguns açougues de Nova Mamoré, pedaços de trilhos servem de suporte para amparar os cortes bovinos. Também foram usadas amplamente pelos donos de dragas nos garimpos do Rio Madeira e serviram até de adorno na única praça pública da cidade.
Mas nada é mais penoso e execrável, como havia dito no início deste texto, do que observar que a Estrada de Ferro Madeira Mamoré está indo literalmente para a merda. Inúmeras são as residências em que suas fossas sépticas têm em suas coberturas pedaços de trilhos amparando as lajes. Quando se pensa em construir uma fossa em Nova Mamoré, tira-se do orçamento os vergalhões e adquire-se no “câmbio negro”, os trilhos necessários para a obra. E assim, a legendária ferrovia “vai de ralo”, como diz um amigo meu, e cai de vez na merda do esquecimento.
Autor: Simon O. dos Santos – Jornalista Profissional – DRT 1082/SRTE/RO.
Mestre em Ciências da Linguagem e membro da Academia Guajaramirense de Letras – AGL. “Sou um Amazônida, filho da Ferrovia”.
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