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Gente de Opinião

Silvio Santos

Domingos Siqueira Costa, O tesoureiro do DNER e da Ceron



Que costuma freqüentar os eventos culturais e esportivos em Porto Velho, com certeza está costumado a ver um casal alegre e feliz nos locais onde os eventos são realizados. É o casal formado pelo seu Domingos e sua esposa dona Raimundo Queiroz. Foi justamente durante um evento cultural e esportivos que estava acontecendo no Sesc Esplanada que encontramos os dois. Primeiro na sexta feira prestigiando o show do Paulinho Rodrigues “Tambores de Tracoá” no Teatro ! e no outro dia antes de iniciar a V Mostra de Música prestigiando seu nato numa partida de futebol, que estava acontecendo também no Sesc Esplanada. Foi justamente ali, entre uma jogada e outra, entre um grito e outro de vai! Que conseguimos fazer com que seu Domingos soltasse o “verbo” nos contando sobre sua vida. Ao seu lado dona Raimundo quando viu que sua presença poderia inibir seu marido, juntamente com uma de suas filhas, se afastou. “Sai de perto para que ele pudesse falar a vontade”. Quem conhece seu Domingos sabe da sua timidez, principalmente quando sDomingos Siqueira Costa, O tesoureiro do DNER e da Ceron - Gente de Opiniãoe trata de uma gravação, como no nosso caso, mesmo assim com muito jeito, conseguimos tirar um pouco da história desse cidadão amazonense de Humaitá que veio pela primeira a Porto Velho em 1943 justamente no ano da criação do Território Federal do Guaporé e foi estudar como interno no colégio Dom Bosco. “Como meus irmão que moravam aqui era solteiros, os padres não me liberavam para passar o final de semana com eles”. Nas férias de junho e dezembro, Domingos embarcava no navio Fortaleza e ia curtir os igarapés e o banho no Rio madeira em cidade natal Humaitá. “Naquele tempo, nem se falava em abrir estrada, era tudo de barco/motor ou então de navio grande como era o Fortaleza.

Numa segunda vinda para Porto Velho e dessa vez pra ficar, foi trabalhar no DNER no tempo da abertura da BR-29 hoje BR-364, passou pelo 5º BEC e terminou por ser convidado a trabalhar na Ceron como tesoureiro. Fiquei 25 anos como tesoureiro da Ceron”. É essa história cheia de passagens marcantes que vamos conhecer a partir de agora. Com vocês Domingos Siqueira Costa o Tesoureiro.


Zk – O senhor nasceu aonde e quando?
Domingos - Nasci no dia 22 de junho de 1930. Vim para Porto Velho com 13 anos de idade.

Zk – Em Humaitá o senhor estudou em qual colégio?
Domingos – Fiz o primário no Grupo Escolar Oswaldo Cruz.

Zk – O senhor falou que veio para Porto Velho quando tinha 13 anos. A vinda para cá foi por mudança da família de Humaitá para cá?
Domingos – Não! Acontece que meus irmãos, Zeca e Marciano e a Tia Mariquinha vieram pra cá no tempo da borracha, então aproveitei o ensejo e também vim. Na época, estavam chamando crianças do baixo madeira que quisessem estudar no colégio Dom Bosco. Fiquei interno durante cinco anos. Naquele tempo o colégio Dom Bosco funcionava naquele prédio ao lado da Catedral na Rua Gonçalves Dias onde hoje funciona a Faculdade Católica e o Seminário.

Zk – Ao deixar o Dom Bosco voltou para a terra natal?
Domingos – Não! Quando saí do internato, fui direto servir o exército na 3ª Cia. de Fronteira hoje 17ª Brigada de Selva. Naquele tempo a frente do quartel dava para a Rua José Bonifácio.

Zk – O senhor lembra o nome dos colegas da sua turma no colégio Dom Bosco?
Domingos - Fizeram o ginásio comigo o Cláudio Feitosa, Frederico Álvares Afonso, Guilherme. Ano retrasado nos reunimos e festejamos os 50 anos da nossa formatura no ginásio.

Zk – Quantos ainda estão vivos?
Domingos - De 13 formandos apenas 5 estão vivos: Eu, Cláudio Feitosa, Lídio, Guilherme Teixeira e o Frederico.

Zk – Fale sobre como funcionava o sistema de internato no colégio Dom Bosco?
Domingos – Como falei! Na época os padres abriram inscrições para as crianças que moravam no baixo Rio Madeira estudar em regime de internato no colégio Dom Bosco e eu aproveitei a vinda dos meus irmãos pra cá e consegui uma vaga. Nosso negócio era estudar, não tinha pra onde ir, até porque no meu caso, por meus irmãos serem solteiros o diretor do colégio não deixava eu passar o final de semana com eles, como acontecia com os alunos que tinham família morando aqui. O que a gente fazia, era passear pela cidade, todo mundo em fila visitando alguns pontos da cidade. Um dos pontos que recordo que a gente ia muito era no Parque dos Tanques que hoje é conhecido como Parque Circuito.

Zk – Por falar em Parque dos Tanques o senhor sabe quem foi que criou aquilo ali?
Domingos – Quem plantou aquelas seringueiras que existem lá até hoje, foi o Dr. Edgar Monteiro, lembro que ali era uma espécie de Colônia Agrícola mantida pelo governo do Território Federal do Guaporé e que por muito tempo foi administrada pelo seu Alfredo Barradas, não lembro em que ano a Colônia dos Tanques foi criada.

Zk – E as férias?
Domingos – As férias eu passava em Humaitá, pegava um navio, naquele tempo tinha o Fortaleza um navio grande que fazia a linha até Belém e eu sempre viajava nela rumo a Humaitá.

Zk – Depois que deu baixa do exército foi trabalhar aonde?
Domingos
– Quando dei baixa do exército acho que trabalhei por uns seis a oito meses na Madeira Mamoré.

Zk – Fazendo o que?
Domingos
– Fui para a burocracia. Apesar dos meus irmãos serem carpinteiros e marceneiro nunca me interessei em aprender o oficio, até porque tinha me formado no colégio Dom Bosco e naquele tempo que se formava no colégio Dom Bosco mesmo sendo apenas no primário, era considerado, então consegui emprego na Madeira Mamoré como burocrata.

Zk – E por que não ficou na Estrada de Ferro?
Domingos - Acontece que uns colegas meus foram pra Manaus e se deram bem, então resolvi ir pra lá também. Fiquei na capital do Amazonas por uns quatro anos e só vim embora porque adoeci e como não tinha parente e nem aderente lá resolvi voltar para Humaitá onde estava minha mãe, nessas alturas meu pai já havia morrido.

Zk – Nessa nova fase em Humaitá o que aconteceu?
Domingos
– Em Humaitá voltei a estudar e fiz até o seguindo ano científico. Naquele tempo só existiam os cursos cientifico e clássico. Nesse meu retorno a Humaitá fui convidado a ser secretário do preito Raimundo Cavalcante.

Zk – Secretário de qual pasta?
Domingos
– Eu era o secretário particular do prefeito um cargo comissionado. Antes de assumir como secretário do prefeito fui Escrivão de Polícia, fui Delegado Regional de Terra, me casei.

Zk – Casou com quantos anos?
Domingos – Casei com 29 anos de idade com a Raimundo Queiroz Costa minha esposa até os dias de hoje, são 47 anos de felicidade. Temos cinco filhos, três homens e duas mulheres todos formados.

Zk – Qual foi o motivo que o fez vir novamente para Porto Velho?
Domingos
– Era 1961, o DNER abriu inscrição para os interessados em fazer parte dos seus quadros para trabalhar na construção da BR-29. Vim fiz o teste. Passei e fiquei lá até 1972.

Zk – O senhor chegou a viajar pela BR-29 quando do inicio da construção. Enfrentou os atoleiros?
Domingos
– No inicio não. Só passei a viajar quando a BR estava praticamente pronta. Acontece que passei a trabalhar na tesouraria do DNER e sempre ia fazer o pagamento do pessoal no trecho.
 
Zk – Por que só até 1972?

Domingos - Por que o Rui Cidade que também trabalhava no DNER foi nomeado como Diretor Administrativo das Centrais Elétrica de Rondônia –n Ceron quando o seu Floriano Riva era o presidente e o Rui por conhecer o meu serviço na tesouraria do DNER me convidou para assumir a tesouraria da Ceron.

Zk – Quem era o tesoureiro da Ceron até então?
Domingos
- Era o Chiquinho do Nilo Pontes, mas, como ele convocado para retornar aos quadros de funcionários do Território Federal de Rondônia fui convidado para assumir a vaga deixada por ele.

Zk – Vamos falar um pouco sobre a história da Ceron?
Domingos
- A Centrais Elétricas de Rondônia S.A – CERON, sucessora do antigo SAALFT- Serviço de Abastecimento de Água, Luz e Força do Território Federal de Rondônia, é uma empresa de economia mista, constituída sob a forma de Sociedade Anônima, criada pela Lei n.º 5.523, de 04 de novembro de 1968, sob o controle acionário do então Governo do Território Federal de Rondônia. A Empresa tem por objetivo explorar a concessão dos serviços públicos de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, bem como praticar todos os atos de comércio necessários a consecução destes objetivos. Instalada em 1º de dezembro de 1969, atendendo apenas dois municípios de Rondônia, Porto Velho, a Capital e Guajará-Mirim, através de núcleos isolados de geração termoelétrica, a óleo Diesel, com potência instalada de 2.893 kW, fornecendo 24 horas diárias de energia para os dois municípios.

Zk – Quanto tempo o senhor ficou na Ceron?
Domingos – Fiquei como tesoureiro da Ceron por 25 anos.

Zk – O senhor disse que da primeira vez que veio morar em Porto Velho estava com 13 anos, isso quer dizer que foi justamente em 1943 ano da criação do Território Federal do Guaporé. Como era a cidade naquele tempo?
Domingos – A cidade era muito pequena, mal chegava no KM-1 que era ali na Joaquim Nabuco com a Sete de Setembro acho que não era nem chamado de KM-1 porque não existia nenhuma BR naquele tempo. Depois era o Alto do Bode, Baixa da União, Triângulo e algumas casas no Bairro Caiari, o comercio do centro da cidade e pronto, pro outro lado é que não tinha nada mesmo, a Duque de Caxias era praticamente a última rua, a Pinheiro Machado nem se falava. Na realidade pra gente passar da Carlos Gomes para a Duque de Caxias era um sacrifício. Os meios de transporte eram os de tração animal as famosas carroças, depois chegaram os Jeeps, Rural e o negócio já foi melhorando.

Zk – E a Fila da Carne?
Domingos – Meus irmãos levavam as cestas para a fila do mercado municipal por volta da meia noite, Eu nunca fiz isso não, só ia de manhã cedo se desse pra pegar carne tudo bem se não comia outra coisa como peixe, conserva etc.

Zk – O Domingos jovem foi freqüentador de festas, qual era a sua diversão?
Domingos – Minha diversão preferida era jogar futebol, Joguei no Ferroviário juntamente com o Contra Deus, Lulu, Spik e mais uma turma danada.

Zk – Qual era a sua posição?
Domingos
– Naquele tempo a gente jogava na linha. A gente brincou pelo Ferroviário, Ypiranga. Joguei mesmo foi na 3ª Cia. pelo time do Nacional.

Zk – E os clubes sociais como o Ypiranga, Bancrévea?
Domingos – Não freqüentava não. Acontece que naquele tempo existia certa nata da sociedade e eu não pertencia a essa nata que era chamada de “Catega”, principalmente os que freqüentavam o Bancrévea Clube. Depois que meus filhos foram crescendo me associei ao Ypiranga, Ferroviário.

Zk – E carnaval?
Domingos – Carnaval eu gosto muito, quando ainda existiam os bailes de carnaval, eu brincava sempre no Ferroviário e no Ypiranga. Só nunca desfilei na avenida em bloco. Gostava mesmo do carnaval de salão, até hoje ainda gosto de apreciar um carnavalzinho acompanhado de uma geladainha.

Zk – Por falar em carnaval, vamos voltar à Ceron. É verdade que a empresa chegou a colocar bloco carnavalesco na rua?
Domingos
– Dentre os presidentes da Ceron tivemos o Comandante Júlio Nascimento que foi quem incentivou a criação da AEC e também incentivou a criação do Bloco da Energia que desfilou durante alguns anos no carnaval de Rua de Porto Velho. Os compositores das marchinhas eram, Babá e o Silvio Santos ambos empregados na Ceron com atividade no Almoxarifado.

Zk – Como eras o trabalho na tesouraria da Ceron?
Domingos
– Naquele tempo a gente fazia o pagamento em dinheiro vivo. Era o seguinte, a gente envelopava o dinheiro e fazia o pagamento através de um guichê que existia na sede da empresa da Sete de Setembro, com o tempo passamos a levar o pagamento nos devidos setores como Usina, Garagem, Manutenção de Rede, Almoxarifado etc. Nunca tivemos problemas com assalto, graças a Deus.

Zk – Pela sua formação podemos deduzir que o senhor é católico. Mas católico praticante?
Domingos
– Sou! Sou católico apostólico romano. Todo domingo vou à missa.

Zk – O senhor tem uma casa na Campos Sales sub-esquina com a Sete. Desde quando?
Domingos
– Quando chegamos aqui, fomos morar na hoje Rua Almirante Barroso bem em frente onde hoje é a Sede da Justiça do Trabalho ali tinha umas casinhas e fomos morar lá. Depois fomos morar onde hoje mora o Cardoso da Pensão na Afonso Pena e com o tempo conseguimos aquele terreno que hoje fica perto das lojas Mariza. Com a mudança tive que vender uma casa e comprei uma no Jardim América onde vivo hoje.

Zk – Quem morava onde é a Mariza?
Domingos – Era do seu Arruda que por muito tempo foi Juiz de Paz. No outro canto, ou seja, na Gonçalves Dias era do Célio. O Célio que era famoso por ser dono de um caminhão que servia pra tudo, até pra desfilar no carnaval no tempo que a brincadeira era mais de carro.

Zk – Aposentado não quis trabalhar mais?
Domingos – Não, não quis mais trabalhar, já estou com 78 anos e tenho mais é que curtir a aposentadoria, passeando como minha querida mulher.

Zk – Para encerrar. A que o senhor atribui tanta violência e uso de droga por parte da juventude?
Domingos – Veja você, meus filhos apesar de todos serem formados, estão aqui. Todos os dias eles vão a nossa casa e me tomam a bênção. Veja você, estou aqui no Sesc prestigiando meu neto jogar e aqui estão todos os meus filhos e filhas. Os filhos de hoje em sua maioria, até por falta de uma educação um pouco mais rígida aplicada pelos pais, partem para praticas não recomendáveis como usar drogas, essas coisas. É preciso que os filhos respeitem mais os pais e que os pais também respeitem os seus filhos, mas, para isso, é preciso lhes ensinar as boas maneiras de viver, não ser conivente com os erros de seus filhos. Ser pai é ser carinhoso, mas, também ser rígido quando uma situação assim exigir. Filho é pra respeitar os pais. Precisamos dar amor aos nossos filhos e cria-los com carinho. Acho que assim procedendo, os pais darão um grande passo para a educação moral de seus filhos.

Fonte: Sílvio Santos

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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