Porto Velho (RO) sábado, 18 de maio de 2024
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Gente de Opinião

Silvio Santos

Chicão Santos - Amazônia Encena na Rua


 

Durante cinco dias na semana passada, Porto Velho transformou-se na capital do teatro de rua da Amazônia, graça a iniciativa e a coragem dos dirigentes do grupo de teatro O Imaginário que tem como presidente, a atriz, Zaine Diniz e principal articulador, o misto de ator, diretor e empresário, Chicão Santos. Chicão Santos - Amazônia Encena na Rua - Gente de Opinião

A praça das Caixas D'água localizada no bairro Caiari centro da capital rondoniense, serviu de palco para as apresentações dos grupos, Vivarte do Acre que apresentou na quarta feira dia 23, a peça "Manuela e o Boto"; grupo Cia do Lavrado de Boa Vista (RR) que encenou no dia 24 quinta feira "A Retrete e a Latrine"; grupo Baião de Dois de Manaus (AM) que apresentou no dia 25, sexta feira, o espetáculo "Tortura de um Coração ou em Boca Fechada não Entra Mosquito" e no dia 26 sábado o público aplaudiu dois espetáculos, o primeiro, às 18hs com o grupo Cia Será o Benedito do Rio de Janeiro, que apresentou o monólogo "O Salto" e às 20hs, o grupo O Imaginário de Porto Velho (RO), apresentou "O Mistério do Fundo do Pote ou de Como Nasceu a Fome".

Os promotores do evento, reprizaram todas as peças na noite de ontem (27). "Para dar oportunidade, àqueles que não puderam assistir os espetáculos durante a semana".

Na realidade, o Festival de Teatro de Rua "Amazônia Encena na Rua", faz parte de uma pesquisa que os dirigentes do O Imaginário estão realizando há algum tempo, sobre a melhor maneira de levar as artes cênicas, aonde o povo se encontra.

De acordo com o idealizador e principal coordenador do Festival Chicão Santos, o evento alcançou o sucesso que todos comentam, graças ao patrocínio da Caixa Econômica Federal e do apoio do governo estadual através da Secel e do Sintero. "Não fosse esses órgãos, não teríamos como colocar em prática nosso projeto. Pelo menos nesse momento".

Para o leitor ter uma idéia, do quanto seria difícil realizar o Festival, caso O Imaginário não fosse contemplado através do Edital da Caixa, basta lembrar, que foram disponibilizadas aos grupos, palestrantes e oficineiros, mais de 30 passagens aéreas ida e volta para os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rio de Janeiro e Minas Gerais além de estadia. alimentação e estrutura para a montagem dos espetáculos. Computando os atores da peça apresentada pelo grupo de Porto Velho e os que atuaram no apoio da coordenação, chegamos a mais de 50 pessoas, envolvidas diretamente com o Festival "Amazônia Encena na Rua".

Quem nos fala sobre o assunto, é o Chicão Santos na entrevista que segue

Chicão Santos - Amazônia Encena na Rua - Gente de Opinião 

E N T R E V I S T A


Zk - Faça uma análise sobre o Festival Amazônia Encena na Rua?

Chicão Santos – Ficamos surpresos com o público, que compareceu em grande número. Nem parecia que era teatro na rua, o público compareceu como se fosse mesmo numa sala de espetáculo ou num teatro fechado. O sucesso também foi grande também nas oficinas e nos ciclos de debates. Engraçado, é que, até na internet o pessoal está fazendo comentário a respeito do trabalho. Essa é a questão da linguagem do teatro de rua, esse fascínio que o teatro de rua trás com esses elementos dos espetáculos que por aqui passaram. Estou muito satisfeito, acho que o projeto atingiu todos os seus objetivos.


Zk – Isso quer dizer que o evento está garantido para 2009?

Chicão Santos – O objetivo é esse, porém, se para o ano, a gente tiver a oportunidade de realizar a segunda edição, vamos melhorar a estrutura, para garanti um número maior de pessoas assistindo o trabalho.


Zk – Como foi que surgiu a idéia de realizar um Festival de Teatro de Rua?

Chicão Santos – Essa idéia surgiu quando fui a Bahia participar do Encontro Nacional de Teatro de Rua e lá, discutimos a criação da Rede de Teatro de Rua. Hoje essa rede nos proporciona fazer troca de conhecimento e do que está rolando nacionalmente a respeito do assunto teatro de rua.


Zk – Em Rondônia quando passou a funcionar essa rede?

Chicão Santos - Aqui na Região, a gente já tinha uma discussão através do nosso fórum permanente de teatro. O certo foi que estávamos com o desejo de realizar um encontro amazônico, onde se pudesse trazer esses espetáculos de rua, para que a gente pudesse fazer uma troca entre os grupos que trabalham com a modalidade na Amazônia e até em outras regiões.


Zk – E como foi que a Caixa entrou nessa parceria?

Chicão Santos – Acontece que a Caixa abriu Edital aceitando inscrições para as Artes Cênicas e nós inscrevemos nosso projeto e conseguimos aprovação. Basta lembrar que, de 1.500 Projetos conseguimos ficar selecionados entre os 20. A nossa proposta é inovadora. Durante a semana passada a cidade foi contaminada pelo teatro. Para você fazer idéia dessa contaminação, sexta feira passada, fomos com o "Velho Justino" (personagem do ator acreano Tancredo), nas agências da Caixa e foi um sucesso total, isso demonstra o carinho da população de Porto Velho para com nossos artistas. A gente tem sempre falado, o nosso artista é o grande patrimônio do município. Porto Velho ama seus artistas. Com essa pesquisa que estamos desenvolvendo com o teatro de rua, estamos ganhando credibilidade e afetividade desse público, isso é muito bacana.


Zk – Vamos falar sobre o grupo O Imaginário?

Chicão Santos – O Imaginário é um grupo novo, que vem com propostas inovadoras. A gente está pensando num teatro que chega onde as pessoas estão. Sempre tivemos essa preocupação, desde a vinda do Narciso em 2006. Na realidade não somos um grupo especializado em teatro de rua, mas, nossa tendência é essa, de caminhar por essa vertente, que é a vertente que a gente encontrou solução. Onde se fala, tem um trabalho do O Imaginário ta lá muita gente. Estamos com algumas propostas interessantes, estamos consultando o IPHAN e o Corpo de Bombeiros para ver a possibilidade de realizarmos um grande espetáculo, possivelmente em Setembro, estamos vendo a viabilidade técnica de segurança, para fazermos um trabalho completamente inovador, que vai ser de ocupação de um espaço público da cidade.


Zk – Como é que vocês pretendem realizar esse espetáculo?

Chicão Santos – Estamos tentando fechar intercâmbio com a Universidade de Rondônia – UNIR e a Universidade Federal de Uberlândia. Vamos trabalhar na tentativa de trazer um grupo de Uberlândia pra cá e fazer uma troca, além disso, vamos pegar pessoas comuns, que nunca fizeram teatro. Por dento, vai ser um projeto realmente de muita transformação, só, que não posso revelar muitas coisas, porque dependem do fechamento da parceria técnica com o Corpo de Bombeiros e também com IPHAN.


Zk – Qual a diferença que existe entre o teatro de rua e o teatro em ambiente fechado?

Chicão Santos – A gente tem dificuldade e acho que isso, tem que ser trabalhado ao longo do tempo. Vimos durante o Festival, que alguns atores ainda tem aquele costume do trabalho dentro do espaço fechado e quando vem pra rua, ficam um pouco inibidos, por falta daquele traquejo da rua. Isso é um processo que exige o trabalho de formação. Inclusive estamos trabalhando um projeto em cima dessa formação.


Zk – Dá pra falar a respeito desse processo de formação?

Chicão Santos – Possivelmente em março do próximo ano (2009), vamos realizar um Projeto para discutir as pedagogias do teatro de rua. Aí, vamos trazer pessoas que cuidam da pedagogia, por exemplo, do ta na rua. Vamos trazer especialistas do mamulengo nordestino. Vamos trazer especialistas do cara que trabalha o palhaço na rua. Se tudo correr como estamos pensando, esse encontro vai acontecer em março de 2009.


Zk - Em Porto Velho estamos acostumados a assistir na rua o teatro de boneco. Tem que ter o boneco no teatro de rua?

Chicão Santos – Não necessariamente! Eu por exemplo, tenho ido a alguns encontros e tenho visto trabalho de intervenção, com o aéreo, o cara descendo de prédios de 8 andares como foi nossa experiência em Cuiabá com o grupo "Roda" de Goiânia que descem de rapel de um prédio de 8 andares, acho que o cenário da cidade é o cenário teatral é um cenário que dá essa possibilidade, agora, é todo um processo que a gente vai construindo. Acho que ainda estamos muito tímidos na rua. Essas coisas têm que ser grande mesmo e o ator, quando amadurecer, quando tiver capacidade, vai ter condições de um trabalho transgressor de ocupação de todos os espaços públicos, seja ele vertical, seja ele horizontal. É um teatro que está crescendo no Brasil inteiro. Hoje a gente tem grandes grupos de teatro. Vou citar aqui um grupo do Rio Grande do Sul que tive a oportunidade de assistir dois espetáculos deles, - "Falo" e "Estercos" - que é um grupo fantástico, essas escolas, é que estão propiciando a gente fazer um trabalho de capacitação dos atores, para que cheguemos a esse nível de evolução no teatro de rua.


Zk – Em Rondônia, além do O Imaginário existe outro grupo praticante esse estilo de teatro?

Chicão Santos - Tivemos algumas experiências, por exemplo, tivemos a experiência com a peça "Branca Dias", que foi uma montagem de palco e depois eles fizeram um experimento na praça das Caixas D'água, que era todos ligados a uma estrutura de ferro, um trabalho muito bonito. No passado, tivemos um trabalho com o "Água de Chocalho" com a peça "Quem Matou Zefinha", inclusive nós recuperamos essa fita. O espetáculo tinha a Ângela Cavalcante, Ricardo, Xuluca e a Edinéia. Hoje são poucos grupos que estão trabalhando especificamente na rua. O Imaginário está desenvolvendo essa pesquisa, queremos nos aprofundar nessa área. Nós estamos preocupados em realizar um trabalho de ocupação de espaços. Um teatro que ocupe esses espaços que são cenográficos. Do ponto de vista teatral eles são belíssimos. Tem aqui a Estrada de Ferro que é um cenário teatral e pouca coisa a gente faz lá. Na proposta que falei acima, estamos tentando trazer também um espetáculo que é desenvolvido dentro de um galpão. Acho que a timidez vai embora quando começarmos a ver esses espetáculos gigantescos. Temos que ousar e ousar.


Zk – Por falar nisso! Quem é esse cara chamado de Chicão Santos?

Chicão Santos – Esse cara é um doido. Eu vivo muito de idéias, de ilusões. As pessoas falam, como é que você pensa essas coisas que acabam dando certo. É porque a gente vive num mundo que está trocando sempre com as pessoas, é pensar universal, mas, está sempre com o pé no lugar aonde a gente vive. Dentro do Amazônia Encena na Rua, associamos à culinária, o saber, o fazer das pessoas, isso é teatro pra mim. Se soubéssemos que tudo que a gente faz é teatro, com certeza estaríamos fazendo um grande teatro em Rondônia.


Zk - Para encerrar! Você veio de onde pra Rondônia?

Chicão Santos – Minha história é a seguinte, vim do Espírito Santo muito novo para Rondônia, estava com 12 anos de idade, desembarquei em Cacoal onde montei o primeiro grupo em 1978, juntamente com o Cláudio Vrena, grupo "Revelação". Participamos do grupo Azes que foi um grupo que fez um trabalho muito interessante em Cacoal. Depois, montamos o grupo "Essência das Coisas" um grupo que fez um trabalho fantástico, inclusive no tempo do Jango a gente tinha um intercâmbio muito interessante e intenso com Porto Velho e em 1995, vim para Porto Velho, até porque, sempre tive uma paixão em morar perto de rio e vim para cá porque o Rio Madeira banha a cidade. Devo dizer que é na beira do Rio que surge muita das idéias que são transformadas em projetos como foi o caso do Amazônia Encena na Rua. Outro sonho era morar no bairro Pedrinha. Então em 1995 vim pra Porto Velho e moro no bairro Pedrinhas até hoje.


Zk – Quem patrocinou o Festival?

Chicão Santos – Fomos contemplados com o Edital da Caixa e a Caixa Econômica Federal que foi a principal patrocinadora do evento, o apoio foi do governo estadual através da Secel e do Sintero. Aproveito essa oportunidade para agradecer a imprensa de um modo geral, sem a imprensa, o Festival não alcançaria o sucesso que alcançou. Muito obrigado a todos.
 
Fonte: Sílvio Santos

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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