Carlos Bolsonaro parece uma pessoa desarvorada, sem senso de equilíbrio. Mas não é ele o problema. O problema é o pai. Jair Bolsonaro usa o filho como instrumento. "É assustador".“Perdi a confiança no Jair. Tenho vergonha de ter acreditado nele. É uma pessoa louca, um perigo para o Brasil”.
“Preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro. Nunca imaginei que ele seria um presidente tão fraco”.
Diversos jornalistas – Lauro Jardim e Gerson Camarotti entre eles – têm publicado essas declarações nos últimos dias, atribuindo-as a ninguém menos do que o (ainda) ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
Há mais de uma semana uma onda de fuxicos, transmitidos principalmente pelas redes sociais da internet, vem reduzindo o governo a um disse-me-disse desgastante. A pequenez dessas sucessivas declarações contrasta com os graves momentos vividos pelo país, dando uma sensação de que o Brasil está sem comando efetivo.
O que surpreende e até choca é a autoria das confidências. Bebianno foi um dos aliados de primeira hora de Bolsonaro na campanha eleitoral do ano passado. O que parecia iniciativa do filho mais novo e mais próximo do presidente, que envenenava a situação para atacar Bebiano, mostrou sua face real quando Bolsonaro criticou pela internet o ministro porque ele marcara uma reunião com o vice-presidente de relações institucionais do grupo Globo, Paulo Tonet Camargo, no Palácio do Planalto.
“Como você coloca nossos inimigos dentro de casa?”, questionou o presidente, segundo a revista Veja. Bebianno tentava abrir um canal de diálogo com a emissora, colocada no índex pelo clã Bolsonaro e atacada diretamente por ele. O presidente e os filhos enquadraram a Globo, Veja e a Folha de S. Paulo dentre seus principais inimigos, adotando como modelo de ataque os procedimentos de Donald Trump nos Estados Unidos. Bebiano estaria vazando informações para a imprensa, incluindo a revista Antagonista.
O governo Bolsonaro, quem diria, tido como beneficiado pela grande imprensa, agora se parece aos governos do PT, sempre vendo uma conspiração por trás das notícias e iniciativas da mídia. Bebiano, nesse paralelo, poderia ser candidato a Palocci do PSL?
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