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Montezuma Cruz

MORTANDADE AMEAÇA PEIXE EM CATIVEIRO NO AMAZONAS



Estresse pode ser evitado com vitamina C
e outros estimulantes, anuncia pesquisadora do Inpa.

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BRASÍLIA — Peixes criados em cativeiro no Estado do Amazonas estão ameaçados em conseqüência da qualidade da água, excesso ou falta de alimentação, escassez de espaço, temperatura e nível de oxigênio. As espécies mais castigadas por esses problemas são o matrinchã, o pirarucu e o tambaqui, muito comuns no cardápio dos moradores da região. 

O estresse na piscicultura regional preocupa os cientistas, informou hoje a coordenadora do Projeto "Efeito de Imunoestimulantes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) nas Respostas Fisiológicas e no Desempenho do Pirarucu", Elizabeth Gusmão. Ela pretende reverter a situação e anuncia a utilização de imunoestimulantes, entre os quais a vitamina C, o levamisol e os glicanos, para aumentar a capacidade de resistência dos animais aos fatores estressantes. Elizabeth é coordenadora de Pesquisas em Aqüicultura no Inpa.

Dois grupos
 
O projeto vai durar dois anos, custará R$ 27 mil e será financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), informa a Assessoria de Imprensa do Inpa. Serão analisados dois grupos de peixes: os que se alimentam somente com ração e os que serão alimentados com uma ração enriquecida por imunoestimulantes. 

Há vantagens no uso dos imunoestimulantes em relação a outros tipos de profilaxia (prevenção). Por exemplo, vacinas ou banhos terapêuticos, utilizados contra parasitas ou patógenos. Imunoestimulantes podem ser aplicados juntamente com a ração e, além disso, não causam nenhum mal à saúde humana e ao meio ambiente, o que se comprova por meio de pesquisas científicas.

"Determina-se qual a melhor concentração da substância para evitar o estresse do peixe", avalia a cientista. Ao final de dois meses, os pesquisadores verificarão o desempenho das espécies ameaçadas.


Pirarucus
O pirarucu foi escolhido porque é uma espécie importante para a pesca na região, além de ser caro para o consumidor e também devido à sobre-exploração dos estoques naturais.  

Segundo a cientista, a eficácia dos imunoestimulantes será medida por meio de desafios com bactérias. Posteriormente, será testada e avaliada em pirarucus que serão criados em tanques-rede a melhor concentração de cada imunoestimulante. Os participantes do projeto colherão amostras de sangue para avaliar a condição de saúde dos animais e verificarão se os peixes estão reagindo bem aos testes. Também será feito o acompanhamento da carga parasitária. 

Mensalmente serão também acompanhados os parâmetros zootécnicos dos pirarucus para verificar o efeito dos imunoestimulantes no seu crescimento. Em trabalhos anteriores, promovidos pelo grupo do Laboratório de Fisiologia Aplicada à Piscicultura, do Inpa — utilizando-se superdoses de vitaminas C e E na dieta de matrinchã e pirarucu — obteve-se resultados positivos no crescimento dos peixes, comparados àqueles alimentados somente com a ração comercial. "Isso ocorre porque essas vitaminas são essenciais crescimento, reprodução, resposta ao estresse e resistência às doenças", avalia a cientista.
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Saiba mais
A cientista do Inpa alinha problemas a serem superados na criação de pirarucus: a reprodução artificial; a carência de alevinos, que são caros; a dificuldade de mantê-los vivos no período inicial de criação; e o transporte.

O pirarucu é um peixe carnívoro. Muitos piscicultores ainda não têm o conhecimento e o domínio do treinamento alimentar para fazer a transição para a ração. Essa falta de informação leva à morte dos animais ocasionada principalmente por parasitas e bactérias. 

O pesquisador colaborador do Centro de Pesquisa de Aqüicultura, Eduardo Ono, diz que no Amazonas são poucos os piscicultores que dominam a técnica de condicionamento alimentar "Nosso grupo tem conseguido, por meio do manejo adequado, elevar a sobrevivência dos alevinos para 80% a 90% dos peixes que chegam ao laboratório. Os animais chegam aqui com 3 cm e, após o treinamento alimentar e o tratamento profilático contra patógenos, conseguem se desenvolver normalmente", assegura.   

Em parceria, pesquisadores do Inpa vão contornar a falta de alevinos e o seu alto valor para a pesquisa. Hoje, um exemplar chega a custar entre R$ 5 e R$ 10, no entanto, os produtores cedem os peixes que passam pelo treinamento alimentar, o qual não prejudica a saúde do animal, e depois são devolvidos para os piscicultores. Outra alternativa tem sido trazer os peixes de outros Estados. Apesar de o pirarucu ser da Amazônia é muito difícil conseguir um exemplar. 

Fonte: MONTEZUMA CRUZ -  A Agenciaamazonia  é parceira do Gentedeopinião.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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