Porto Velho (RO) quarta-feira, 1 de maio de 2024
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Montezuma Cruz

LCP DENUNCIA MASSACRE DE CAMPONESES


Advogados suspeitam da ocultação de cadávares

Grupo armado invade acampamento e põe fogo. Polícia diz que varredura não localizou cadáveres.


AGÊNCIA AMAZÔNIA

BRASÍLIA – Um grupo de homens armados e encapuzados invadiu na manhã de quarta-feira o Acampamento Conquista da União, da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), em Campo Novo, Rondônia. Segundo relato de um camponês o bando chegou atirando e teria feito vítimas fatais, entre as quais uma mulher grávida. Outras pessoas teriam sido seqüestradas. O camponês conseguiu escapar do cerco, informa a LCP. Agentes da Polícia Federal, representantes do Incra e da Ouvidoria Agrária Nacional estão em Campo Novo e Buritis. A Secretaria de Segurança Pública informa que uma varredura feita na região "nada localizou de irregular".

O ataque ocorreu no mesmo dia em que o Governo do Estado de Rondônia negou haver guerrilha na região de Jacinópolis e Buritis, a aproximadamente 400 quilômetros da capital, conforme reportagem da revista Istoé, reproduzida pela Folha de Rondônia, de Ji-Paraná. Contraditoriamente, o próprio governador Ivo Cassol, em entrevista à Rede TV! disse que os camponeses "são treinados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e matam cidadões (sic) de bem". O governador mandou distribuir à imprensa cópias da reportagem. Em nota, o governo admitiu pedir tropas federais para atuar nas áreas ocupadeas pela LCP. Na Câmara, o deputado Moreira Mendes (PPS-RO), propôs a formação de uma comissão externa para visitar a região. Ele afirma que "a LCP matou 25 pessoas em 12 meses".
 
Segundo a LCP, o mesmo camponês que deu a notícia sobre o massacre disse que o grupo armado apreendeu 20 motos e pôs fogo em todos os pertences dos acampados. A fazenda onde ocorreu o ataque pertenceria à família Catâneo. Dois pistoleiros são conhecidos na região: Roberto e Bozó. Este último trabalharia para o fazendeiro Jaime Giacomelli, em Ariquemes – a cerca de 200 quilômetros de Porto Velho. Giacomelli estaria pressionando famílias ocupantes do Acampamento Cafezal, em Ariquemes. Anteriormente, conforme a LCP, Bozó prestara serviços ao fazendeiro de Jaru conhecido por Galo Velho, mencionado como grileiro de terras no Seringal 70, em documentos do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

No mês passado, a LCP havia denunciado que poderia ocorrer um massacre de sem-terra naquela região, suspeitando de ações organizadas por latifundiários.

Reunião em Porto Velho

Na quarta-feira, o coordenador técnico enfatizou, em nota distribuída pela Assessoria de Comunicação Social do Governo de Rondônia: "Queremos deixar claro que em nenhum momento afirmamos que existe guerrilha em Rondônia, e sim um grupo que usa táticas de guerrilha". Pizzano havia se reunido com representantes do Ministério Público do Estado e Federal, Tribunal de Justiça, Polícia Federal, Agência Nacional de Inteligência, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Exército, Marinha, Aeronáutica, Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental, OAB, Ibama e Incra.

Reiterou que a secretaria possui um acervo de fotos e imagens de pessoas que foram assassinadas por integrantes da LCP. "As vítimas são torturadas e mortas com tiro na cabeça, o que fica caracterizado como uma execução", ele afirmou. Pizzano disse que o Governo de Rondônia "não tem condições de controlar esse grupo, porque o Estado não tem efetivo para entrar sozinho nessa ação". 

PORTO VELHO – Há suspeitas de ocultação de cadáveres em Campo Novo. A Comissão Pastoral da Terra, o Núcleo dos Advogados do Povo (NAP), o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo), com sede no Rio de Janeiro, e a LCP queixaram-se esta quinta-feira de que o governo estaria impedindo o acesso das entidades à área de conflito.

O Cebraspo anuncia que seus dirigentes insistirão na visita, nas próximas horas. Eles visitarão Campo Novo região acompanhados de sindicalistas, advogados e jornalistas. "Além de não apurar o massacre, a polícia ainda dificulta o trabalho das entidades denunciantes e da própria imprensa que está no município de Buritis", acusa o Cebraspo. A entidade afirma que ouviu, por telefone, o depoimento de um dos sobreviventes que teria sido impedido de prestar declarações em Buritis". A ordem, conforme o Cebraspo, partira do delegado Iramar Gonçalves da Silva.

Fonte: Montezuma Cruz - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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