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Montezuma Cruz

ATÉ BIL GATES VALORIZA A MANDIOCA



Enquanto isso, o resgate na cultura mandioqueira na Amazônia depende de vontade política. Fundação do bilionário levará tecnologia da Embrapa a países africanos.


MONTEZUMA CRUZ 
AGÊNCIA AMAZÔNIA


BRASÍLIA, 5 – De origem amazônica, a mandioca pode ser desprezada pelos brasileiros que ganham acima de oito salários mínimos, conforme pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, depois das revelações de atletas quenianos nas Olimpíadas de Pequim, atribuindo o êxito deles ao consumo dessa planta, o que mais está faltando para dar certo o seu resgate na própria Amazônia?

Vontade política, supõe-se. A Agência Amazônia recebe da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas (Recôncavo Baiano, a 146 quilômetros de Salvador ) a informação de que, nesta quinta e sexta-feira, três consultores contratados pela Fundação Bill e Melinda Gates conheceram as pesquisas e as tecnologias para o desenvolvimento da cultura da mandioca produzidas ali.

Segundo apuraram as jornalistas Lea Cunha e Soraya Pereira, da Embrapa, a fundação pretende criar um fundo na África para aumentar a produtividade e elevar o valor nutricional da mandioca, segunda maior fonte de energia na dieta dos africanos. Com isso, ajudaria a amenizar os efeitos da pobreza na África e Índia. 

Santo da casa só faz milagres assim

Moageiros do trigo, dependentes da importação de 10 a 13 milhões de toneladas por ano desse grão, para a fabricação do pãozinho nosso de cada dia, não fariam marketing melhor. Em Cruz das Almas fabrica-se na padaria do Centro de Tecnologia de Mandioca, um pãozinho saboroso com até 20% de adição de fécula de mandioca.

ATÉ BIL GATES VALORIZA A MANDIOCA  - Gente de Opinião
Pesquisadora Wânia Fukuda, da Embrapa Mandioca, em Cruz das Almas (BA)

No País que também produz suco de laranja, mas a TV, o rádio e jornal empurram a Coca-Cola, a visita dos consultores do bilionário Bil Gates tem um grande significado. A Fundação Bill e Melinda Gates apóia o projeto "Melhoramento de mandioca para biofortificação e para a indústria de farinha e fécula", que busca encontrar variedades naturalmente mais ricas em pró-vitamina A, ferro e zinco e é liderado pela pesquisadora Wânia Fukuda, da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. 

Biofortificação

A elevação do teor de betacaroteno (precursor da vitamina A) é um dos resultados mais significativos do projeto. Raízes de mandioca naturalmente mais ricas poderiam colaborar para reduzir a chamada fome oculta, ou seja, a alimentação pobre em nutrientes, nas regiões que o aipim (macaxeira) é plantado.

As primeiras variedades com betacaroteno nas raízes, 'Gema de Ovo' e 'Dourada', identificadas pelo projeto em 2006, apresentavam no máximo quatro microgramas/grama de betacaroteno. "Com os trabalhos de melhoramento, os teores do micronutrientes foram elevados para nove microgramas/grama, em variedades de mesa, com boa qualidade para o consumo fresco", explica Wânia.

Na quinta-feira, os consultores assistiram palestras sobre os avanços no melhoramento de mandioca para biofortificação, as variedades de mandioca tolerantes à seca e a utilização de espécies silvestres no melhoramento de mandioca. O grupo visitou os bancos de germoplasma da Unidade e o Centro de Tecnologia em Mandioca.

Sexta-feira, o grupo foi a Santo Amaro (BA), para acompanhar a colheita de híbridos de mandioca biofortificada em comunidades rurais. Lá, as variedades possuem até 12 microgramas/kg de betacaroteno, de polpa amarela, macias, sabor agradável, cozimento rápido e boa produtividade.

A visita foi coordenada pela pesquisadora Maria José Sampaio, que representa a Assessoria de Relações Internacionais da Embrapa (Brasília-DF). Antes da Bahia, a equipe esteve em Palmital (SP), para conhecer a empresa Halotek-Fadel, maior fabricante de amido industrial do Estado de São Paulo, que processam entre 700 e 800 toneladas de mandioca por dia. Lá os consultores foram, guiados pela pesquisadora Marília Nutti, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ), coordenadora das pesquisas para biofortificação de alimentos no Brasil.  

Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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