Porto Velho (RO) quinta-feira, 28 de março de 2024
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Matias Mendes

CHEFE DE QUADRILHA: Libertação Sob Suspeita


                 Por MATIAS MENDES

                A história da rápida libertação do gângster Roberto Sobrinho, ex-prefeito de Porto Velho, começa a ganhar contornos de escândalo judiciário, segundo as informações aportadas à mídia pelo Procurador Chefe do Ministério Público. A rapidez das providências para colocar Roberto Sobrinho em liberdade, em flagrante contraste com a lentidão do Judiciário, deixou no ar mais que indícios de favorecimento, fez mesmo parecer que o chefe de quadrilha petista dispõe de poderosos aliados fora dos meios políticos, tal como aconteceu durante o julgamento do Mensalão no Supremo Tribunal Federal, quando um dos magistrados não teve nenhum pudor de comportar-se como autêntico advogado de defesa dos réus petistas. Tal quadro triste nos remete à reflexão sobre os níveis de corrupção no Estado de Rondônia, onde os figurões denunciados encontram a pronta solidariedade de seus pares informais para se safarem das encrencas. Foi assim que aconteceu no caso de Válter Tocaia Grande Araújo no Superior Tribunal de Justiça, quando lhe concederam a liberdade e ele mergulhou na clandestinidade até os dias de hoje, atitude que pode ser tomada também pelo chefe de quadrilha Roberto Sobrinho.

                Posto em liberdade, sabendo-se bem respaldado, Roberto Sobrinho nem se preocupou em manter-se discreto, saiu logo acusando o Ministério Público Estadual de perseguição, tal como Ivo Cassol faz em relação ao Ministério Público Federal. E saiu também mentindo descaradamente, afirmando que em outubro de 2012 ele tinha um alto percentual de aprovação de sua administração, fato que contraria frontalmente a realidade de Porto Velho, a cidade que ele deixou em petição de miséria, que há muito tempo clamava pelas obras inacabadas dos viadutos, os buracos nas ruas, o trânsito caótico, as inundações de bairros, enfim, um quadro geral de deterioração urbana nunca antes visto. Mas o chefe da quadrilha petista de Porto Velho mente sem nenhum escrúpulo, afirmando que ele teria condições de ser governador ou senador, esquecendo-se de que a ex-senadora petista Fátima Cleide comeu poeira na eleição municipal do ano passado em decorrência da péssima administração petista da Capital. Roberto Sobrinho é um cínico perigoso. A sua libertação a toque de caixa não se justifica à luz dos verdadeiros fatos.

                Por outro lado, se as medidas cautelares pedidas pelo Ministério Público envolvem a perspectiva de devolução de recursos públicos desviados, não se pode compreender que o chefe da quadrilha dos ladrões tenha direito a permanecer livre para manejar a fortuna surrupiada dos cofres públicos. Não parece lógico. Não parece convincente. Tem mesmo um indisfarçável odor repugnante de maracutaia, de protecionismo criminoso, de cumplicidade suspeita, de acinte à inteligência alheia. No episódio da Operação Vórtice, quando vários membros da quadrilha petista da Prefeitura Municipal foram presos por vários dias, Roberto Sobrinho, já devidamente identificado como o chefe dos meliantes, foi poupado da prisão, sendo apenas afastado da Prefeitura pelo resto do seu mandato sem que tenha conseguido argumentos para ser reintegrado ao seu cargo, fato que indica que eram justas as razões do seu afastamento, que ele estava mesmo implicado nas falcatruas. Agora, por conta das diligências da Operação Luminus liderada pelo Ministério Público do Estado, o pedido de sua prisão foi finalmente acatado pelo Judiciário apenas para ser revogado depois de trinta e seis horas por conta de um julgamento célere de um habeas corpus cujos arrazoados parece até que foram produzidos antecipadamente, pois se sabe muito bem que não é esse o tempo usual para o deslinde de tais procedimentos. Como o Ministério Público trouxe a lume alguns detalhes bem comprometedores em relação à lisura do julgamento da medida, inclusive um possível caso de suspeição de um dos desembargadores, aí o assunto cai no domínio da Corregedoria da Corte Estadual, não há como pensar de outro modo.

                Roberto Sobrinho, em liberdade, sabendo-se fora do alcance da Justiça, partiu direto para o ataque contra o Ministério Público do Estado. Pelo tom da sua dialética malandra, se os membros do Ministério Público não se acautelarem devidamente, eles é que vão ser encarcerados pelo gângster enfurecido, pelo vortice sugador de recursos públicos, pelo gatuno protegido por forças ocultas, pelo chefe de quadrilha que o Judiciário devolveu imprudentemente às ruas de Porto Velho.

Já que estamos vivendo em tempos de absoluto surrealismo, nada mais justo do que imaginar os Promotores de Justiça e Procuradores do Ministério Público sendo conduzidos ao presídio por ordem expressa do chefe de quadrilha Roberto Sobrinho. Já estou até um pouco triste pelo mestre Jackson Abílio e outros renomados membros do Ministério Público de Rondônia que jamais imaginei em situação tão delicada. No caso específico do mestre Jackson Abílio, ele já foi vítima de um ataque de marginais antes, foi feito refém de criminosos, Il a mangé de la vache enrangé em poder dos malfeitores, e agora está correndo novamente sério risco de ser outra vez preso por quadrilheiros liderados pelo voleur Roberto Sobrinho. Pelo desembaraço com que se apresentou à imprensa, parece mesmo que o voleur Roberto Sobrinho é agora o verdadeiro titular da acusação. Ele deveria também ser processado por usurpação de função pública, já que se recusa a ser ladrão, peculatário, formador de quadrilha, fraudador, corrupto, gângster e outras coisas do gênero...

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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