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Matias Mendes

ANACONDA: A Cobra-Grande do Forte do Príncipe


Por MATIAS MENDES
 

Por razões que os biólogos ainda não se preocuparam de pesquisar e explicar, embora constituindo fato corriqueiro na cultura do povo ribeirinho do Guaporé, desde o mês de agosto do ano passado, segundo o testemunho de várias pessoas, uma gigantesca cobra-grande vem aparecendo com inusitada frequência no rio Guaporé, nas cercanias do porto do Forte do Príncipe da Beira, no trecho compreendido entre o Estirão de Puerto Ustárez e a boca da Baía Redonda, já havendo sido avistada também passando em frente ao quartel do Forte do Príncipe, segundo testemunho de militares não identificados. Esses animais aquáticos de grande porte são tidos como mitos pelos cientistas do ramo, que atestam que as sucuris da Amazônia não atingem mais que dez metros de comprimento e pouco mais que uma centena de quilos, tese que os numerosos casos de avistamentos de cobras de grande porte no Guaporé desmentem frontalmente.

O polêmico assunto das serpentes aquáticas de grande porte no rio Guaporé já foi objeto de uma publicação de minha autoria intitulada Lendas do Guaporé, livro editado no ano de 2007 pela Editora Scortecci. Em tal obra, procurei resgatar os mais antigos relatos de avistamentos e de contatos acidentais com tais monstros e questionei as teorias dos biólogos que atestam que as serpentes amazônicas não ultrapassam os dez metros de comprimento, registrando inclusive a história do abate de uma dessas cobras com vinte e um metros de comprimento e de uma outra que devorou um rapaz na região do rio Blanco, na Bolívia, que mediu dezessete metros de comprimento quando foi abatida com o corpo da sua vítima nas entranhas. No entanto, como tais episódios sempre acontecem em regiões ermas, a documentação fotográfica não aparece, dando margem à descrença dos cientistas.

 Mas agora os biólogos têm uma boa oportunidade de saber se existem ou não cobras de grande porte no Guaporé, basta que se disponham a cair na pesquisa de campo nas proximidades do Forte do Príncipe da Beira munidos dos modernos equipamentos atualmente disponíveis. É quase certo que poderão estabelecer contato com a gigantesca serpente que por razões desconhecidas resolveu simplesmente ficar à vista de muitas pessoas, inclusive já tendo causado o naufrágio da canoa de um ribeirinho que esbarrou inadvertidamente no seu corpo submerso, causando o emborcamento da embarcação.

Como os pesquisadores de origem urbana dificilmente têm coragem para enfrentar situações reais de grande risco, seria o caso de instalarem câmeras de vigilância com dispositivo fotográfico para capturarem as imagens da grande serpente, já que pelos relatos do seu porte é inviável uma captura do monstro, a não ser que seja permitido o seu abate pelo IBAMA. De qualquer maneira, permita ou não o IBAMA, como a aproximação da grande serpente constitui de fato um perigo real, certamente que mais dias, menos dias a grande cobra será mesmo abatida por algum bom atirador destemido que a surpreenda nas proximidades da margem do rio.  Consta até que ela já foi espingardeada por um atirador temeroso que, aparentemente, não lhe causou dano algum, o tiro saiu errado, não havendo atingido a grande serpente.

A pergunta que se impõe agora é a seguinte: Por que a grande serpente está quebrando um paradigma dos animais da sua espécie, cujo avistamento ocorre somente em ocasiões esparsas, de anos em anos, sem regularidade nenhuma? Qual teria sido o impacto ambiental que trouxe o monstro das profundezas onde costuma ocultar-se à superfície? De que ponto exato do rio teria saído a grande serpente para perambular à superfície? Pelos mapas tradicionais das crenças dos ribeirinhos, há cobras moradoras em Porto França, no Estirão de Puerto Ustárez, em Conceição e no Polo Norte, locais relativamente próximos dos pontos onde a grande serpente aquática vem sendo avistada. As razões, ou melhor, as condições que levaram a enorme serpente a abandonar seu antigo esconderijo subaquático jamais serão conhecidas, considerando-se que a região do seu aparecimento é muito bem preservada e não sofreu nenhum grande impacto ambiental que pudesse explicar a sua estranha inquietação, pois até mesmo a navegação no rio Guaporé atualmente é muito escassa depois da abertura da BR-429 e da sua pavimentação quase total. Mas é certo que a serpente está de fato aparecendo com frequência por meses consecutivos, na estação da vazante e na estação do rio cheio, e quem quiser confirmar tal relato basta fazer uma breve visita ao Forte do Príncipe da Beira e conversar com as pessoas da comunidade. Agora não se trata mais de nenhum relato muito antigo, trata-se de assunto atualíssimo, que inclusive demanda providências do próprio poder público antes que alguém seja vitimado pelo monstro.

De qualquer modo, com alguns anos de atraso, é chegada a hora de os céticos tirarem suas dúvidas a respeito do porte das serpentes aquáticas da região do Guaporé, buscando estabelecer contato com esse raro exemplar da espécie que está ao alcance dos pesquisadores que tenham a coragem bastante para procurá-lo, pois muito provavelmente em algum momento a grande serpente vai sumir novamente nas profundezas do rio e decorrerão muitos anos antes que seja vista novamente. A hora de comprovar a inexistência delas é agora ou simplesmente renderem-se a evidência incontestável a presença de serpentes descomunais nas águas do rio Guaporé, tal como eu mesmo sustentei no livro Lendas do Guaporé...

               

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