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Matias Mendes

A CORRUPÇÃO SOLIDÁRIA: O Governo de Valdir Raupp


Por MATIAS MENDES

Antes de começar esta série de artigos destinada a dissecar o sistema institucionalizado da corrupção em Rondônia, eu tive o trabalho de fazer o dever de casa, comecei pela Assembleia Legislativa, meu próprio órgão de origem, onde hoje se encontra de volta o Roberto Sobrinho, ex-prefeito de Porto Velho que caiu na malha da Polícia Federal durante a Operação Vortice. No entanto, vem ao caso esclarecer aos leitores que até o momento eu só estou repassando a questão da corrupção em cada ciclo de governo, escrevendo uma parte da História que até hoje ninguém teve coragem ou documentos suficientes para escrever, todos se limitam a tocar no assunto de passagem, por alto, sans appeler un chat un chat, comme il fault. Portanto, no momento, não adianta os internautas apressadinhos pedirem detalhamentos de outros casos, como a questão do Gol branco da Assembleia Legislativa supostamente usado no apoio logístico do assassinato do senador Olavo Pires, pois ainda não estou tratando de tal assunto. A outra coisa que não adianta nada no momento é a ação de internautas a soldo de terceiros pretenderem me desclassificar, pois está mais do que claro que eu sou muito bem qualificado, tenho currículo, tenho história de vida, tenho família em Rondônia, tenho documentos em mãos, sendo que alguns eu encaminho às autoridades competentes que me pareçam confiáveis, enfim, eu não estou para brincadeiras de mau-gosto, para intervenções apederestadas de gente que se esconde em tocaias cibernéticas somente com a finalidade de azucrinar, de provocar polêmicas que não são capazes de sustentar depois...

En revenant à la vache froide, como não se diz em francês, Pianna foi sucedido no Governo de Rondônia por Valdir Raupp de Matos, que derrotou nas urnas Chiquilito Erse, eloquente recado do eleitorado aos políticos nativos do Estado. A eleição de Valdir Raupp foi muito festejada por alguns segmentos da Imprensa, houve até articulista que gastou um artigo inteiro só para dissecar o seu patronímico de origem teutônica e outras louvaminhas mais. Eram as manifestações de desforra pelos ressentimentos remanescentes do pleito eleitoral anterior e as zombarias jocosas dirigidas aos rondonienses que haviam se empenhado para conquistar para Oswaldo Pianna a vitória de Pirro quatro anos antes e a retomada do poder no Estado pelo PMDB que havia institucionalizado a corrupção na máquina da administração pública durante o Governo de Jerônimo Santana.

Ora, se Pianna não se preocupou com os vestígios do sistema corrupto implantado na administração pública do Estado pela quadrilha importada por Jerônimo Santana do Paraná, imagine-se se Valdir Raupp, de volta ao seu ninho partidário, iria se preocupar com tal assunto. Valdir Raupp montou o seu secretariado bem ao seu feitio de político habilidoso, incluindo gente do PSDB (seu vice Aparício Carvalho de Moraes era do PSDB), do PT e de outras legendas. Ao contrário de Jerônimo Santana e Oswaldo Pianna, não importou ninguém de fora para compor o primeiro escalão do seu Governo. Não demonstrou nenhuma forma de rancor em relação aos adversários políticos que o haviam batido no pleito anterior. Ao que parece, ao vencer Chiquilito Coimbra Erse, o mais reluzente ícone do cenário político de Rondônia, havia sido para ele a catarse que lhe aplacou todos os ressentimentos do passado.

Com a sua vitória em 1994, Valdir Raupp conseguiu quebrar o histórico paradigma dos políticos de Rondônia que via de regra não conseguem retornar ao poder depois que ficam algum tempo sem mandato, a exemplo do que aconteceu com Jerônimo Santana, Odacir Soares, Silvernani Santos, Galvão Modesto, Chagas Neto e tantos outros. Conduziu o seu Governo de conformidade com todos os esquemas já montados pela quadrilha que Jerônimo importou do Paraná, deixou o Beron já quase saneado pelo bom trabalho realizado por Paulo Saldanha ser desmontado de vez pela intervenção da turma do Banco Central, administrou estoicamente o escândalo dos frangos da merenda escolar e outros que pipocaram durante o seu Governo e passou ao largo do sangrento entrevero da Chacina de Corumbiara, episódio triste do confronto entre a Polícia Militar e os sem-terras que resultou em mais de uma dezena de mortos e uma negativa repercussão de caráter mundial. Mais uma vez Rondônia apareceu na mídia nacional como um Estado bandido. O coitado do Coronel-PM Menna Mendes, Capitão à época do conflito, que estava na retaguarda das tropas quando se feriu o tiroteio, terminou pagando sozinho o pato com quase vinte anos de cadeia e a perda da sua patente. No rumoroso processo nunca apareceu o nome de quem deu a ordem para o deslocamento da COE de Porto Velho para Corumbiara. O Major que comandou a desastrosa operação acabou sendo absolvido no Tribunal do Júri, pela competente atuação do criminalista Marcos Vilella.

A verdade é que Valdir Raupp revelou-se em Rondônia o político com mais predisposição para permanecer no poder. Sua política de evitar as desafeições vai aos poucos surtindo mais efeito. Ele enfrentou os processos pelos malfeitos do seu governo, conseguiu esquivar-se dos embaraços com o Judiciário e terminou por se situar fora da zona cinzenta do Baixo Clero do Congresso Nacional frequentada pela esmagadora maioria da bancada federal de Rondônia, ganhando de fato um merecido perfil de prócer político. Pode até não ser inocente das acusações contra ele formuladas, mas em meio aos nossos políticos enlameados pelas mais escabrosas acusações Valdir Raupp consegue sobressair-se como um dos poucos que não nos envergonham no cenário nacional. Et comme qui n’a pas du chien, chasse avec le chat, já que ficamos sem a senadora petista Fátima Cleide, remanescente da nesga petista que se salvou da hecatombe que soterrou o PT no Brasil, pelo menos pela parte que me toca, Valdir Raupp e sua esposa podem ficar lá pelo Congresso Nacional o tempo que desejarem que eu nunca vou mover uma palha para mudar tal quadro, mesmo ele sendo do PMDB, o partido que institucionalizou a corrupção no Estado de Rondônia.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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