Porto Velho (RO) terça-feira, 16 de abril de 2024
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Matias Mendes

A CORRUPÇÃO CONVALIDADA: O Complô que Arruinou o Governo Pianna


Por MATIAS MENDES

Ao contrário do que muitos julgam até hoje, o deputado de pouco mais de dois mil votos Oswaldo Pianna não foi eleito Governador por nenhum poderoso grupo econômico e nem por conjugação de forças partidárias, foi eleito apenas por conta de um criterioso trabalho de muita inteligência, cuidadosa engenharia política e muita abnegação de alguns rondonienses idealistas que acreditavam piamente que havia chegado o momento histórico de os filhos da terra assumirem, a exemplo dos vizinhos acreanos e amazonenses, as rédeas políticas do nosso próprio Estado. Nenhum grande empresário se dispôs a financiar a campanha política de Pianna e nenhum político de prestígio acreditava no seu projeto político de tornar-se Governador. No momento em que Pianna saiu em terceiro lugar no primeiro turno das eleições de 1990, com uma desvantagem de apenas quatrocentos e poucos votos em relação ao primeiro colocado (Olavo Pires) e tornou-se o fiel da balança para a decisão doA CORRUPÇÃO CONVALIDADA: O Complô que Arruinou o Governo Pianna - Gente de Opinião segundo turno eleitoral foi que muita gente se deu conta de que o grupo de servidores da Assembleia Legislativa que havia se engajado na campanha sabia de fato o que estava fazendo.

No entanto, logo que ficou definido que Pianna estava fora do páreo, ninguém se preocupou de imediato com o certame eleitoral em curso, mas sim com o Plano B de eleger Pianna para a Prefeitura de Porto Velho na sucessão de Chiquilito Erse em 1992. Só que os dois candidatos finalistas começaram a cortejar o terceiro colocado, pois o apoio do seu grupo seria decisivo na reta final da eleição. O grupo de Pianna não tinha nenhuma simpatia por Olavo Pires, mas em compensação abominava a turma do Valdir Raupp que havia aplicado uma rasteira em Pianna na convenção do PRN e tomado a legenda quase no limite do prazo para que lhe fosse possível a filiação a uma outra legenda para disputar o pleito eleitoral. A grande atração pelo PRN vinha do fisiologismo de que era o partido do espalhafatoso presidente da República Fernando Collor, ainda recém-empossado como presidente.

Como as outras legendas partidárias estavam todas com seus candidatos já definidos, Pianna chegou a ficar por alguns dias fora do páreo das eleições por falta de legenda. Foi aí que o deputado Heitor Costa lembrou-se que dispunha da documentação para instalar um partido político em Rondônia, o desconhecido PTR (Partido Trabalhista Renovador), que precisaria de pelo menos nove Diretórios instalados no Estado para que se tornasse legalmente apto. Nós caímos em campo para implantar o PTR em Rondônia no exíguo tempo que faltava para a realização das convenções partidárias para escolher os candidatos para a disputa do pleito eleitoral. A meta de Diretórios foi alcançada e o desconhecido PTR foi registrado poucos dias antes que se esgotasse o prazo para a realização da convenção partidária. Na visão dos políticos comodamente instalados nas legendas partidárias tradicionais, a corrida contra o tempo para viabilizar uma legenda para Oswaldo Pianna disputar as eleições não passava de um desvario megalomaníaco de Pianna e de seus assessores da Assembleia Legislativa. Quando finalmente Pianna entrou no pleito eleitoral sem dinheiro, sem apoio político de relevância e sob a égide de uma legenda partidária que ninguém conhecia no Estado, todos imaginaram que nós estávamos fadados a ficar na rabicheira, atrás do PT de José Neumar, que era na época o pangaré político dos pleitos eleitorais. Todos se enganaram redondamente e Pianna terminou em terceiro lugar por conta do nosso cochilo em relação ao PRN. Preocupados na marcação dos candidatos das legendas partidárias poderosas e endinheiradas, só nos demos conta do crescimento da candidatura de Valdir Raupp uns dois dias antes da eleição, sem mais tempo para nenhuma contraofensiva. Na abertura das urnas foi confirmado o que o nosso ágil serviço de inteligência já havia detectado. Correndo solto por fora, sem ser devidamente bombardeado, Valdir Raupp teve confirmada a sua vitória por irrelevante margem de diferença.

O histórico pleito eleitoral de 1990, o primeiro disputado em dois turnos, seria marcado por sucessivas vitórias de Pirro. A primeira delas foi a do franco favorito Olavo Pires, que chegou ao final da campanha do primeiro turno tão desgastado que o nosso serviço de inteligência tinha feito uma avaliação que ele até poderia ter ficado de fora se a campanha durasse mais umas duas semanas. Olavo Pires venceu o primeiro turno, conforme estava previsto desde o início da campanha, mas com tal nível de desgaste que o tornou praticamente refém do terceiro colocado para que tivesse reais chances de vencer Valdir Raupp no segundo turno. Por seu lado, por conta de suas desafeições com o grupo de Pianna no episódio da tomada do PRN, Valdir Raupp venceu já predestinado a perder no segundo turno para Olavo Pires se este conseguisse um acordo de aliança com o grupo de Oswaldo Pianna. Olavo Pires conseguiu fechar o acordo com Pianna na tarde do dia 16 de outubro de 1990. Algumas horas mais tarde ele seria metralhado pelo misterioso mercenário, muito provavelmente do grupo criminoso de Marcelino Federal Hermida, considerando-se que o principal beneficiário do seu assassinato foi o PMDB que retomou a cadeira perdida no Senado com a deserção de Olavo Pires para o PTB, cabendo ao peemedebista Amir Lando sucedê-lo na condição de primeiro suplente. Como as suspeitas, de forma equivocada, foram logo direcionadas para o deputado Oswaldo Pianna, que na época não tinha nem dinheiro e nem coragem para arriscar-se a um lance tão ousado e sangrento, os planejadores e executores do assassinato de Olavo Pires tiveram todo o tempo do mundo para sair de Rondônia tranquilamente. No entanto, a despeito do estorvo das suspeitas, quando retomamos a campanha de Pianna no segundo turno já tínhamos absoluta certeza de que a eleição estava ganha, independentemente das alianças que Valdir Raupp pudesse angariar entre os candidatos derrotados, mas não sabíamos que estávamos protagonizando mais uma vitória de Pirro daquele atípico e dramático pleito eleitoral, o mais empolgante de todos da História de Rondônia em todos os tempos. E foi tal página tão expressiva da nossa História que o pífio e dúbio Governo Pianna malbaratou e transformou na maior vitória de Pirro de que se tem notícia por aqui até os dias de hoje. No próximo artigo será detalhado o processo que transformou a espetacular vitória eleitoral de Oswaldo Pianna em melancólica vitória de Pirro, segundo os confiáveis assentamentos do meu Centro de Informações.

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