Porto Velho (RO) domingo, 28 de abril de 2024
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

A Terceira Margem – Parte CCCXLIX - Epopeia Acreana 1ª Parte - I


CMPA - Colégio Militar de Porto Alegre - Velho Casarão da Várzea - Gente de Opinião
CMPA - Colégio Militar de Porto Alegre - Velho Casarão da Várzea

Bagé, 19.11.2021

 

 

Prefácio

 

Por Ten Cel João Batista Carneiro Borges

 

Cel HIRAM REIS E SILVA, bem mais do que um excelente historiador e escritor, pois afora as pesquisas minuciosas, durante meses, em livros, jornais e documentos diversos, ele busca a História “in loquo, dessa maneira faz o resgate de magníficos vultos nacionais praticamente esquecidos, consegue detalhar as suas qualidades pessoais, indo além do herói, radiografando a pessoa e aproximando-o de seus leitores. O autor possui mais de trinta obras escritas, em sua maioria sobre expedições amazônicas e, nesse contexto, seu primeiro livro, “Desafiando o Rio-Mar, descendo o Solimões”, foi lançado em dois mil e dez, com direito a uma concorridíssima sessão de autógrafos na Feira do Livro de Porto Alegre.

 

Para cada volume tornar-se realidade é necessário um planejamento com o mais absoluto esmero, dedicação, levantamento de detalhes e uma logística quase perfeita, pois ao longo das jornadas, o que seriam simples minúcias, por dezenas de vezes tornaram-se vitais para o cumprimento dos objetivos e até mesmo para salvaguardar a integridade física dele e dos seus companheiros de expedição. O seu preparo físico merece ser destacado e enaltecido ao lado da capacitação técnica como remador e da psicológica, fundamentais para fazer frente aos obstáculos, perigos, desconfortos e aos inevitáveis imprevistos.

 

Esse canoeiro fez ecoar o grito de Brasil de Norte a Sul do nosso país para aqueles que têm ouvidos e mentes abertas e um coração patriótico. Seu pequeno caiaque traçou novos rumos, conquistou populações esqueci­das, redesenhou novas curvas de rios e descobriu aldeias, corrigindo levantamentos cartográficos. Teve que rever e refazer muitas vezes a planificação, pois nem sempre os apoios acordados foram cumpridos, mas sempre contou com amigos fiéis em todas as suas longas e causticantes jornadas.

 

Ele, através de seus relatos de viagem, vem refazendo o percurso de heróis e vultos insignes de um passado histórico, sempre conectado às comunidades ribeirinhas, aos indígenas e aos militares. Em seu caiaque muitas pessoas navegaram, nas águas pelas quais singrou, milhares de olhos o acompanharam, nas margens que deixou para trás, em cada parada ribeira, nos povoados, nos vilarejos e nas pequenas cidades os seus leitores uniram-se às populações locais, tamanho é o realismo de seus livros.

 

Os seus apoiadores são sempre lembrados através de fotos e de agradecimentos formais no capítulo destinado a isso, ou mesmo dedicando muitas linhas no corpo do livro. Assim é o Coronel, um brasileiro que diz muito obrigado, que demonstra seus sentimentos de gratidão, apanágio de pessoas com refinada educação e nobreza de sentimentos.

 

Por mais que releia os relatos, por mais que me perca nas páginas de seus livros e artigos, escritos com requintes de detalhes e de pura emoção, nunca terei a noção exata e sequer aproximada da sua coragem e bravura.

 

Nesta nova obra vamos navegar por mais de setecentas e cinquenta páginas, apreciando as paisagens da Amazônia, indo aos bastidores da Revolução Acreana, conhecendo características de personagens que, muitas vezes, a nossa História destinou poucos parágrafos, em vez de capítulos volumosos, como fazem por merecer, passaremos os olhos pelo Velho Continente, pelos Estados Unidos da América, além das Américas Central e do Sul.

 

O autor recorre a artigos jornalísticos da época, nacionais e estrangeiros, buscando a maior veracida­de possível à narrativa, também ilustra com mapas e fotos esta obra que é um verdadeiro resgate a vultos nacionais e estrangeiros de importância fundamental para que o Acre seja um estado do Brasil, dentre esses o Dr. Luiz Galvez Arias, advogado espanhol, poliglota e diplomata; o poeta e médico baiano Francisco Mangabeira, autor de seu belíssimo hino, além de Plácido de Castro, evidentemente.

 

Apesar de ser um reconhecido herói brasileiro, eternizado no Panteão da Pátria desde o ano de 2004, o Cel Plácido de Castro, ganha nesta obra uma homenagem sem precedentes, pois além dos feitos que notabilizaram esse gaúcho de São Gabriel, como dono de uma bravura ímpar, conhecimento e experiência militar invejáveis, é revelado o seu lado pessoal, com particularidades pouco ou nada conhecidas nos livros de história, descortinando a face do homem e do cidadão.

 

Vamos nos deparar com dezenas de poesias que adornam a obra e que, ora pela leveza que trazem às páginas, ora por intensificarem a leitura, provocarão a reflexão do leitor ou instigarão ainda mais a sua curiosidade.

 

Nessa nova descida pelas águas de outro rio amazônico, o Coronel Hiram traz luzes aos cidadãos acreanos, nascidos nos mais diversos recantos do Brasil, principalmente nos estados da Região Nordeste, os patriotas que trocaram a extração do látex pelas armas, na defesa do seu solo, reivindicado pela Bolívia e desejado pela cobiça de grandes empresários norte-americanos, com o apoio e real interesse daquele país em hastear a bandeira da sua nação na América do Sul.

 

Vamos entrar nos meandros do porquê a voz dos brasileiros no Acre, clamando por socorro, demorou a ser ouvida pela Pátria, alguns gritos ecoavam, mas pareciam inaudíveis ao coração na República, até mesmo pelas dúvidas em relação aos limites da fronteira Brasil Bolívia.

 

Veremos a importância da diplomacia brasileira e o seu exitoso e profícuo trabalho, conduzido por Rio Branco e Assis Brasil, na complicadíssima e intrincada questão dos limites entre Brasil e Bolívia, culminando com o Tratado de Petrópolis, que estabeleceu relações amistosas entre os países, definiu a fronteira e ainda evitou um conflito bélico entre as partes.

 

Finalmente, o Cel HIRAM nos levará às águas do Rio Acre, desde o Peru até o estado do Amazonas, cruzando pelo estado de mesmo nome do curso fluvial, por mais de 800 quilômetros. Seremos apresentados às cidades que se debruçam sobre o rio, conheceremos dados históricos, geográficos, costumes, peculiaridades, alguns moradores ilustres, simples trabalhadores e um pouco de seus hábitos.

 

Essa navegação por mais de uma centena de páginas dentro do Argo, o caiaque remado a braço firme, será de uma beleza ímpar e poderemos sentir o pulsar do desbravador em cada parágrafo, o seu contato com os habitantes locais, suas homenagens a destacados filhos daquela terra e de outras, cuja importância para a história do estado do Acre foi fundamental.

 

A riqueza dos depoimentos colhidos nas entrevistas, durante essa travessia, além da escolha muito bem feita dos entrevistados, devido ao conhecimento específico e representatividade, é também fruto de suas qualidades de comunicador e a sua capacidade em deixar seus interlocutores à vontade, devido ao seu cavalheirismo, hospitalidade e inteligência interpessoal.

 

Ao chegarmos ao final do livro teremos um grande prazer pela certeza da aquisição de novos conhecimentos sobre a história do Acre, escritos de maneira didática e pormenorizada, com o respaldo de centenas de fontes de consulta, além do inigualável trabalho de campo do autor, porém haverá uma sensação de tristeza e vazio, pois ao longo dos capítulos fomos fazendo amigos, descobrindo heróis, torcendo pelo povo acreano e pelo sucesso do Brasil, mas a leitura foi concluída.

 

Cabe-nos a releitura desta e de outras obras do Cel Hiram e o desejo que, brevemente, ele venha a brindar o seu público com outro livro magnífico.

Aguardamos ansiosos mais um brado de “Missão Cumprida!”.

  

 

 

 

Solicito Publicação

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

·      Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

·      Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);

·      Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

·      Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

·      Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

·      Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

·      Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

·      Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

·      Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

·      Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

·      Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

·      Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

·      Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

·      E-mail: [email protected].

Galeria de Imagens

  • CMPA - Colégio Militar de Porto Alegre - Velho Casarão da Várzea
    CMPA - Colégio Militar de Porto Alegre - Velho Casarão da Várzea
  • CMPA - Colégio Militar de Porto Alegre - Velho Casarão da Várzea
    CMPA - Colégio Militar de Porto Alegre - Velho Casarão da Várzea

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 28 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Terceira Margem – Parte DCCXXXIII - Circunavegação da Lagoa Mangueira – Parte III

Terceira Margem – Parte DCCXXXIII - Circunavegação da Lagoa Mangueira – Parte III

Bagé, 26.04.2024  Bomba n° 20 – Rumo Sul (15.01.2016) Mantive minha espartana rotina, acordei cedo, comi duas bananas ofertadas pelo Gilson e parti às

Despedida do CMPA – Parte II

Despedida do CMPA – Parte II

Bagé, 26.04.2024 Elogio do Coronel Hiram Reis e Silva Os laços da família REIS E SILVA com esta inigualável Casa do saber, do respeito e da cidadan

Terceira Margem – Parte DCCXXXII - Circunavegação da Lagoa Mangueira – Parte II

Terceira Margem – Parte DCCXXXII - Circunavegação da Lagoa Mangueira – Parte II

Bagé, 24.04.2024  Bomba n° 20 – Taim – Bomba n° 20 (14.01.2016) Antes de partir, combinamos de nos encontrar para o almoço em um Pontal, próximo à

Despedida do CMPA – Parte I

Despedida do CMPA – Parte I

Bagé, 25.04.2024 Despedida Caro amigo, meu eterno Comandante e Irmão maçom General Padilha, queridos mestres e amigos. Meus ex-alunos me perguntaram

Gente de Opinião Domingo, 28 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)